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Sinopse

Um amigo de Rambo é sequestrado por soviéticos no Afeganistão, forçando o soldado a perseguir o tirano líder do exército que o mantém refém. Mas descobre que a região sofre com o medo imposto pelo grupo, e decide que, além de salvar o seu parceiro, vai também tentar aniquilar aquele mal.

Crítica

Rocky Balboa e John Rambo são os principais personagens da carreira de Sylvester Stallone, contudo suas trajetórias não poderiam ser mais diferentes. O primeiro se estabeleceu como uma figura inspiradora, numa série bem consistente que chegou a render indicações ao Oscar para seu astro (por sinal, a recente derrota dele na premiação, por Creed, 2015, ainda dói). Já o segundo, ao longo de quatro filmes, passou de traumatizado veterano de guerra, que aponta o descaso dos Estados Unidos com os soldados regressos dos conflitos, a herói caricatural de ação. E se Rambo II: A Missão (1985) já havia representado uma queda drástica em relação ao ótimo primeiro exemplar, Rambo III não melhorou em nada as coisas.

Escrito por Stallone e Sheldon Lettich, Rambo III traz o protagonista vivendo tranquilamente na Tailândia, entrando em ação apenas para ganhar dinheiro em pequenas lutas locais, ajudando os monges que o acolheram. Isso até o momento em que seu velho amigo Coronel Sam Trautman (Richard Crenna) o visita, pedindo ajuda numa missão de suporte aos rebeldes afegãos em sua luta contra a invasão soviética, algo que Rambo recusa para continuar vivendo a paz conquistada. Mas, quando a missão não ocorre como o planejado, com Trautman feito prisioneiro pelos soviéticos, Rambo imediatamente muda de ideia e parte para outra guerra.

Quando Sylvester Stallone coloca seu dedo em um filme que lida de alguma forma com política internacional, podemos ter certeza que não resultará em coisa boa. Rambo II e Rocky IV (1985) já eram exemplos disso, e em Rambo III não é diferente, em virtude da visão maniqueísta. John Rambo quase deixa de ser um personagem para virar uma espécie de propaganda política, representando toda a integridade americana (que o filme enaltece sempre que pode) enquanto os soviéticos são figuras absolutamente sádicas. Além disso, assim como no segundo filme, Rambo acaba personificando a fantasia do soldado que poderia terminar sozinho uma guerra. O roteiro parece não medir esforços para mostrar isso, fazendo o personagem matar centenas de soviéticos e explodir helicópteros e tanques sem precisar de ajuda afegã.

Assim, apostando no conceito de “exército de um homem só”, que o protagonista carrega em seus atos, o filme apresenta cenas de ação comandadas de maneira caótica e sem imaginação por Peter MacDonald (diretor de segunda unidade do longa anterior, aqui substituto de Russell Mulcahy, pouco depois de iniciadas as filmagens), que impossibilitam qualquer envolvimento mais profundo por parte do espectador, até porque as habilidades de Rambo fazem com que ele pareça invencível. Em momento nenhum o sentimos realmente em risco, mesmo na cena absurda envolvendo a cauterização de um ferimento. É algo que, inclusive, sabota quaisquer esforços por parte de Sylvester Stallone de trazer um mínimo de humanidade ao personagem. Nem a relação dele com o pequeno rebelde Hamid (Doudi Shoua) ajuda.

Trazendo frases de efeito capazes de causar risos, sobretudo involuntários (“Deus teria piedade. Ele [Rambo] não”), Rambo III infelizmente é semelhante a todas as continuações envolvendo seu herói: um produto esquecível de uma franquia que não deveria acontecer. A solitária existência do primeiro filme certamente faria John Rambo ser lembrado de um jeito um pouco melhor.

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é crítico de cinema, formado em Produção Audiovisual na ULBRA, membro da SBBC (Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos) e editor do blog Brazilian Movie Guy (www.brazilianmovieguy.blogspot.com.br). Cinema, livros, quadrinhos e séries tomam boa parte da sua rotina.
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