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Sinopse
Presságios de um Crime: Quando o agente especial do FBI Joe Merriwether encontra-se de mãos atadas frente a uma série de homicídios ainda sem pistas concretas, ele decide recorrer à ajuda de seu ex-colega, o médico aposentado e analista civil Dr. John Clancy. Mas o recluso Clancy não quer se envolver no caso nem usar suas habilidades especiais. Crime/Mistério.
Crítica
Às vezes, esperar para tirar um projeto do papel é essencial para que ele encontre a melhor forma de ser executado. Quer um exemplo? Presságios de um Crime foi escrito originalmente como uma continuação de Seven: Os Sete Crimes Capitais (1995), no qual o detetive Somerset, personagem de Morgan Freeman, ganhava poderes psíquicos e, desta forma, desvendava os crimes de um serial killer. Qualquer pessoa que tenha assistido ao já clássico longa-metragem dirigido por David Fincher e estrelado por Brad Pitt consideraria esta ideia estapafúrdia demais, nada condizente com o longa-metragem original. Felizmente, os executivos foram sábios o suficiente para não botar para frente este conceito em uma sequência. Mas, também, não jogariam o trabalho do roteirista Ted Griffin fora. Peter Morgan chegou para reescrevê-lo. Depois Sean Bailey. E o resultado vemos na tela: um thriller com toques de fantasia, que diz muito nas entrelinhas sobre vida, morte e a responsabilidade de deixar alguém partir.
Na trama, o agente do FBI Joe Merriweather (Jeffrey Dean Morgan) e sua parceira, a agente Katherine Cowles (Abbie Cornish), estão à caça de um perigoso serial killer, com um método muito preciso de dar cabo de suas vítimas. Nunca deixa uma impressão digital ou qualquer traço de DNA para que possa ser encontrado. Joe resolve apelar para seu velho amigo John Clancy (Anthony Hopkins), doutor que tem fantásticos poderes de premonição. Cowles não acredita nestas habilidades, mas é convencida a deixar aquele homem ajudá-los. John é quem não sente muita vontade de voltar a este mundo. Há dois anos, ele perdeu sua filha para a leucemia e, desde então, tem vivido um pesado luto. Contrariado, o doutor resolve participar da investigação e, a cada nova pista, percebe que o seu antagonista tem muito mais segredos escondidos.
Presságios de um Crime representa a estreia do diretor brasileiro Afonso Poyart no cinema de Hollywood. O cineasta chamou a atenção com o aventuresco 2 Coelhos (2012) e logo carimbou seu passaporte para trabalhar no exterior. Poyart teve competência em aceitar um projeto dentro de sua embocadura. Em um thriller policial com tons paranormais é possível ter lastro para mostrar um pouco do seu estilo advindo da publicidade. Embora o diretor exagere algumas vezes, principalmente com a câmera sacudida, em outros ele acha o equilíbrio certo entre a beleza plástica de uma cena e seu impacto para a história. O uso de efeitos visuais caprichados – principalmente quando os personagens se dividiam em vários, mostrando as muitas possibilidades do futuro de uma ação – são usados com sabedoria e Poyart imprime um bom ritmo à narrativa. Uma pena que ele pesa a mão em estilismos que deixam óbvia a intenção do cineasta de deixar uma impressão forte neste trabalho.
Quanto ao elenco, Anthony Hopkins não precisa se esforçar muito para conquistar a empatia do espectador, ainda que seu cabelo não ajude em nada nesta tarefa. Se o penteado o trai, ao menos sua áurea de mentor continua intacta e seu personagem tem um arco interessante, mostrando a dor de um pai pela perda da filha. Colin Farrell convence em seu papel, mas aparece muito pouco. Embora seja o vilão da trama (algo que nos é revelado nos primeiros cinco minutos), tem uma curiosa lógica para os crimes que comete, podendo deixar muita gente confusa a respeito de sua “maldade”. Jeffrey Dean Morgan e Abby Cornish estão igualmente corretos.
Não fosse os nomes graúdos do elenco, talvez Presságios de um Crime fosse lançado direto em home vídeo. Ainda que toque temáticas importantes, como a eutanásia, por exemplo, o feeling é sempre o de um muito bem realizado filme feito para TV – uma espécie de Supercine de luxo. Entretém e cumpre o que promete, o que é mais do que muitas produções por aí acabam fazendo. Talvez aos fãs do gênero, faltem novidades, mas o público em geral tem tudo para ser levado pela história de suspense comandada por Afonso Poyart. Só pelo fato de não ser uma continuação de Seven já saímos no lucro. E é sempre bom ver um brasileiro tentando a sorte lá fora.


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No fim pela cicatriz semelhante, supostamente resultado de uma cirurgia, prova que os dois são na verdade a mesma pessoa.