Crítica


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Sinopse

Divine, seu louco filho hippie Crackers e sua obesa mãe ostentam honrosa e orgulhosamente o título de "pessoas mais imundas do mundo". Quando o reinado é ameaçado pelo casal Connie e Raymond Marble, eles tentam de todas as formas provar serem os legítimos merecedores da classificação, iniciando uma bizarra competição sem limites.

Crítica

O que vem à sua cabeça quando você pensa em "cinema trash"? A gama é ampla: pode-se pensar no cinema marginal brasileiro da década de 1960, na torrente de longas europeus travestidos de gêneros hollywoodianos ou até mesmo nos enlatados norte-americanos, tão odiados quando assistidos. Mas é provável que nenhum desses exemplos reúna em si mesmo a quantidade de elementos trash que possui Pink Flamingos. Escatologia, pornografia, incesto, falhas técnicas, humor negro, auto-depreciação e sarcasmo são apenas alguns dos elementos presentes no que deve ser o filme mais famoso de John Waters.

Rodado em 1972, em vídeo (imagem bastante semelhante à do VHS), o filme é mais uma das grandes performances que Waters e sua patota organizava (Problemas Femininos, 1974, lançado em seguida, por exemplo, traz quase o mesmo elenco em situações bastante semelhantes). No entanto, a sintonia entre elenco, diretor e roteiro é máxima aqui, além da falta de pudor de cada piada, o que provavelmente eleva Pink Flamingos a um patamar ligeiramente mais alto do que seus "longas irmãos".

A trama gira em torno de Divine, que usa o próprio nome no filme. Figura underground, artista e criminosa, a drag queen é conhecida em Baltimore como "the filthiest person alive" (algo como "a pessoa mais hedionda da face da Terra"). Tudo vai bem: Divine vive com seu filho e sua mãe num trailer até que surge um casal, querendo roubar dela o título de gosto duvidoso. Vivido pelos inacreditáveis David Lochary e Mary Vivian Pearce (também parceiros de longa data de Waters), os dois começam com Divine uma insana e hilária competição, que traz ao longa as mais absurdas situações.

Há, por exemplo, um momento em que um policial é esquartejado e servido de churrasco durante uma festa no jardim do trailer de Divine (decorado com flamingos rosas, o que explica o título do filme). Numa outra, esta célebre, a protagonista come cocô de cachorro. De verdade. Se parece demais, espere até ver uma cena de sexo que envolve uma galinha viva...

Nessa atmosfera, onde o bom gosto não parece ser prioridade, acaba emergindo um filme amplamente cultuado e que tem seu lugar cativo na cultura pop global. A imagem de Divine vestida de vermelho e apontando um revólver para a câmera, por exemplo, já rendeu inclusive memes internet afora. Expressões e frases usadas no filme também são comuns entre alguns grupos e referenciados aqui e acolá em séries e livros.

Desde que ciente do que vai ver pela frente, todo cinéfilo deveria dar uma espiada em Pink Flamingos. Além de ser diversão garantida – não há como não rir de tamanho absurdo – o filme também serve como fonte de inspiração para infinitas gags e brincadeiras. Ou, em último caso, como exemplo do que não fazer.

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é jornalista, mestre em Estética, Redes e Tecnocultura e otaku de cinema. Deu um jeito de levar o audiovisual para a Comunicação Interna, sua ocupação principal, e se diverte enquanto apresenta a linguagem das telonas para o mundo corporativo. Adora tudo quanto é tipo de filme, mas nem todo tipo de diretor.
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CríticoNota
Dimas Tadeu
7
Chico Fireman
7
MÉDIA
7

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