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Sinopse

Peter é apenas um menino travesso que, aos 12 anos, vive em um sombrio orfanato. Durante uma noite, ele é levado para a fantástica Terra do Nunca, um mundo cheio de piratas, guerreiros e fadas.

Crítica

Os contos de fadas tomaram conta dos cinemas há alguns anos. Com o sucesso das versões live action de histórias como Alice no País das Maravilhas (2010), Branca de Neve e o Caçador (2012), Malévola (2014) e Cinderela (2015), além da grande audiência da série televisiva Once Upon a Time, parece ter se descoberto um novo filão em Hollywood. Porém, ao contrário das animações da Disney que encantaram gerações desde o lançamento do primeiro longa-metragem do estúdio, Branca de Neve e os Sete Anões (1937), estes últimos longas, na maioria das vezes, são bem produzidos, tem uma história correta, etc., mas parecem sofrer de um mesmo mal: a falta de alma que nunca foi percebida em suas animações. E este é o grande ponto negativo de Peter Pan, que chega agora aos cinemas.

Assim como Oz: Mágico e Poderoso (2013), o que vemos aqui não é a história original de um clássico, mas sim um prequel, a origem de seus personagens. Peter (o novato Levi Miller) é uma criança que foi abandonada pela mãe (Amanda Seyfried) ainda bebê na porta de um lar para orfãos. Aos 12 anos, ele descobre que a mãe pretende voltar para buscá-lo, mas antes disso ele é sequestrado por piratas em um navio voador e vai parar na Terra do Nunca, comandada a mão-de-ferro por Barba Negra (Hugh Jackman). Lá ele descobre que pode ser o garoto de uma profecia que, segundo dizem, ajudará uma tribo indígena a derrubar o vilão. Assim ele se alia a Hook (Garrett Hedlund) e à princesa Lily (Rooney Mara).

Chega a ser estranho saber que o diretor do longa é Joe Wright, cineasta acostumado a dirigir bons filmes de época como Desejo e Reparação (2007) e Anna Karenina (2012). Apesar de percebermos sua mão num arrojado e belo design de produção e também na fotografia, percebe-se a grande influência do estúdio, que parece ter tirado muito da sensibilidade da obra original, ainda que o grande desejo de Peter seja reencontrar a mãe e isto seja pontuado diversas vezes na narrativa. Porém, entre a chegada de Peter à Terra do Nunca até o descobrimento de sua verdadeira missão, a produção passa por momentos até tediosos, ainda que algumas cenas de ação (como o divertido sequestro e consequente fuga do navio pelos ares) e musicais (os piratas do Barba Negra adoram entoar como hinos do rock "Smells Like Teen Spirit", do Nirvana, e "Hey Ho Let's Go", dos Ramones) tentem dar mais agilidade ao roteiro.

No quesito atuações, o elenco parece apagado. O Barba Negra de Jackman é o legítimo vilão de desenhos animados que faz tudo errado e nunca mete medo. Hedlund não sabe que tom dar ao seu Hook (que, aliás, torna-se um personagem difícil de acreditar, ainda mais sabendo o que o "futuro" reserva a ele). Mara clica no automático e não oferece uma grande performance, algo que já estávamos acostumados nos mais variados papeis da atriz. Com isso, quem se destaca é o estreante Levi Miller, que já em seu debut nos cinemas segura o longa na maior parte do tempo. Antes o garoto já havia interpretado Peter Pan em uma peça de teatro.

No entanto, há de se aplaudir a sequência de ação final que, da chegada dos piratas à terra das fadas até o seu clímax, com mais de meia hora, produz cenas grandiosas e enérgicas. Ainda há belíssimos efeitos visuais que contam a origem da mãe através de uma animação feita com "rochas" até o momento mais tocante que se aproveita dá agua do mar para dar mais sentimentalismo ao conteúdo da cena. Ainda assim, a sensação é de que falta algo no fim das contas, tornando a produção apenas mais uma nesse emaranhado de contos infantis recriados para uma grande audiência. Longe de ser ruim, mas esquecível assim que as luzes da sala se acendem.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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