Crítica
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Sinopse
Fiona, bibliotecária de uma pequena cidade canadense, recebe uma aflita e angustiada carta de sua tia Marta, uma senhora de 93 anos, que vive sozinha em Paris. Sem pestanejar, Fiona embarca no primeiro avião rumo à capital francesa apenas para descobrir que Martha desapareceu. Em uma verdadeira avalanche de desastres inexplicáveis, Fiona conhece Dom, um sem-teto egoísta e sedutor, que não vai deixá-la seguir sozinha em sua busca.
Crítica
Perdidos em Paris é o último filme de Emmanuelle Riva, grande atriz, notabilizada na cinematografia francesa e, por conseguinte, na mundial, desde antes da nouvelle vague. E que bonita homenagem derradeira é o papel lhe conferido pela dupla de diretores Dominique Abel e Fiona Gordon, também intérpretes nesta comédia cartunesca sobre desencontros em Paris. Martha é uma senhora em vias de ser levada forçosamente a viver num asilo. Para evitar a privação de sua liberdade, escreve a Fiona (Gordon), sobrinha canadense que ela não vê há praticamente 50 anos. A forasteira logo desembarca na Cidade Luz comportando-se tipicamente como um peixe fora d´água, a começar pelo uso da chamativa mochila vermelha com a bandeirinha de seu país tremulando. Estamos num terreno que flerta integralmente com a fábula, sem espaços para sutilezas ou pormenores, tampouco a qualquer densidade.
Em meio a cenários multicoloridos, a indefectível Fiona, portando óculos de aros grossos e penteado praticamente infantil, em contraste com sua idade, perambula pela cidade à procura da tia. Deslumbrada com a Torre Eiffel, ela pede para um passante registrar fotograficamente o momento, mas acaba no rio Sena. Perdidos em Paris aposta desde o princípio nas gags físicas como matriz da comédia, nem sempre conseguindo alcançar um resultado além do puramente pitoresco. No entanto, cria-se facilmente apreço pelos personagens destrambelhados, inclusive Dom (Abel), sem-teto que localiza os pertences de Fiona, abraçando a extravagância de usar o suéter amarelo dela a fim de jantar num local chique, onde, aliás, termina encontrando-a. O acaso é uma constante neste longa-metragem simpático, porém inconsistente. Na medida em que a trama avança, cresce a sensação de ausência de novidades.
A realização de Abel e Gordon, não obstante a simpatia imediata pelas figuras deliberadamente rasas, então peças de um esquema narrativo bem simples, é ora eficiente, ora fatigante ao espectador, a despeito de sua brevidade, da curta duração. O deslocamento das pessoas muitas vezes soa descabido, embora sejam verbalizados os destinos e os porquês. Perdidos em Paris perde seu encanto depois da primeira metade exótica, pois não desenvolve a excentricidade vigente para além do já apresentado. Dentro das intenções escancaradas, os atores apresentam desempenhos ótimos, especialmente o casal principal, que possui uma dinâmica tão insólita quanto cativante. Mas, evidentemente, é Emmanuelle Riva quem sobressai, com sua composição solar de uma mulher de espírito independente, cujos cabelos desgrenhados e a conduta, especialmente, denotam a jovialidade deslocada da idade real.
Infelizmente, Perdidos em Paris subaproveita o potencial estabelecido no início. Todavia, o maior desperdício advém da acomodação e do não oferecimento de algo de novo quando todas as cartas estão devidamente postas à mesa. É como se a narrativa transcorresse em ponto morto, saindo da inércia por estar ladeira abaixo, sem o empuxo de algo relevante. Mesmo assim, é difícil ficar alheio aos personagens e às maluquices por eles protagonizadas sem qualquer propósito definido. Algumas soam mal enjambradas, como a piada do homem preso pela gravata no caixão da desconhecida, outras se encaixam curiosamente nesse itinerário de absurdos possíveis, como a sequência da reação física às batidas de um som. Contando, ainda, com toques espertos do roteiro, sobretudo a revisita a eventos por outros e reveladores ângulos, o filme de Abel e Gordon é bastante frágil, mas não chega a aborrecer.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Marcelo Müller | 5 |
Leonardo Ribeiro | 6 |
MÉDIA | 5.5 |
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