Paris
Crítica
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Sinopse
Pierre, um dançarino profissional, descobre estar sofrendo de uma grave doença no coração. Enquanto espera por um transplante que poderá ou não salvar sua vida, ele não tem nada melhor a fazer do que ficar observando as pessoas do alto da varanda de seu apartamento em Paris. Quando sua irmã Elise e os três filhos vão morar com ele para cuidar de sua saúde, Pierre decide não mudar seus hábitos. Em vez de dançar, ele prefere agora ver a cidade e os parisienses dançando ante seus olhos.
Crítica
Uma carta de amor cinematográfica à capital francesa. Assim pode ser definido Paris, o mais novo, belo e emocionante trabalho do diretor e roteirista Cédric Klapisch. O responsável pelos empolgantes Albergue Espanhol e Bonecas Russas conta mais uma vez com dois ótimos atores à frente de um elenco bastante variado, todos a serviço de tramas cotidianas que possuem um único propósito: mostrar que, de perto, todos somos iguais, em nossos sentimentos, medos, felicidades e prazeres. Não importa onde você estiver. Mas com certeza na cidade-luz há um charme diferente e especial.
Romain Duris (ator assinatura do realizador, visto também nos ótimos Em Paris e As Aventuras de Mollière) é um dançarino que descobre ter um sério problema no coração. Enquanto espera por um transplante que pode ou não lhe salvar, passa seus dias no alto da sacada, em seu apartamento, observando outros parisienses que, ignorantes da condição daquele que lhes assiste, continuam sofrendo, se apaixonando, correndo, beijando, discutindo, trabalhando... ou seja, vivendo. Tudo o que ele não pode fazer neste estado apático. Uma de suas únicas companhias é a irmã (a sempre excelente Juliette Binoche, de Horas de Verão e Invasão de Domicílio, entre tantos outros), que também tem suas preocupações, como cuidar dos três filhos pequenos (sem a ajuda de qualquer tipo de pai) e resolver os problemas na escola em que atua como conselheira pedagógica. Outros personagens interessantes são o feirante galanteador, a linda vizinha do prédio da frente, o professor de história apaixonado, o irmão arquiteto que nem percebe o quanto é feliz no casamento, a dona da padaria e a imigrante que tenta fugir do estereótipo. Tipos diversos que compõem um cenário múltiplo.
Como se pode perceber por sua sinopse, Paris tem uma estrutura fragmentada, muito próxima do cinema exercido pelo mestre Robert Altman ou visto em outros filmes igualmente emblemáticos, como o oscarizado “Crash – No Limite. Na verdade todas as histórias que se propõe contar são tão importantes quanto a soma do conjunto, uma vez que são peças de um quadro muito maior. E o que se declara aqui é a devoção por uma cidade tão única quanto plural, disposta a abraçar todos os tipos, dos mais inseguros aos mais abertos, dos acomodados aos ativos, dos apaixonados aos que sofrem do coração. Literalmente ou não.
Klapisch é um homem de cinema, e qualquer olhar mais aprofundado sobre sua cinematografia revela que essa proximidade que ele possui com o texto e a imagem não lhe é casual. Ele sabe o que quer contar e tem domínio das ferramentas que usa para atingir o fim pretendido. Paris talvez seja seu trabalho mais ambicioso, e não sem razão. É um grande painel, colorido e com altos e baixos, mas acima de tudo entregue com carinho e paixão. Afinal, qualquer um que conheça a verdadeira Paris sabe que ela é muito mais do que o que está aqui exposto. Mas que através deste olhar já se é possível ter uma bela ideia, isso é inegável.
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