Crítica


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Sinopse

Amigos de longa data, Zack Brown e Miriam Linky moram juntos e acumulam dívidas. Depois que a residência tem a luz e a água cortadas, Zack e Miriam resolvem começar a produzir um filme pornográfico para pagar as contas.

Crítica

Brasileiro adora adaptar títulos de longas estrangeiros com ditos populares. E depois dos péssimos Antes só do que mal acompanhado (1987) e O Tiro que não saiu pela Culatra (1999), mais um chega para se juntar a esta infame lista: Pagando Bem, Que Mal Tem?, nome péssimo para um filme bastante divertido. Só que também não adiante ir com muita fé na denominação original: Zack and Miri Make a Porno. Sim, os dois protagonistas decidem realizar uma produção de sexo explícito para saldar suas dívidas. Mas toda a sacanagem está mais – aliás, quase que exclusivamente – nas palavras do que nas ações. Fala-se muito, mas vê-se pouco.

Afinal, a questão toda está na definição do gênero: Pagando Bem, Que Mal Tem? não é pornô, ou mesmo sexy, e sim mais uma simples e comum comédia romântica – talvez um pouco mais apimentada do que a média, mas não muito além dos preceitos que tão bem conhecemos. Zack (Seth Rogen) e Miri (Elizabeth Banks) são amigos desde a faculdade. Mais de uma década depois, continuam dividindo o mesmo apartamento e em empregos sem futuro. Tudo o que conseguem acumular são as contas vencidas. Após reencontrem um antigo colega (Brandon Routh) que está fazendo muito sucesso como ator pornô na indústria gay, os dois decidem apostar na mesma ideia para se livrarem dos problemas financeiros. O problema é que quando as filmagens têm início, o ciúme aparece. E logo percebem o que mais de dez anos de convivência não foi capaz de apagar: um está perdidamente apaixonado pelo outro.

Pagando Bem, Que Mal Tem? gerou muito mais discussão por elementos fora da tela do que pelo que apresenta em si. O primeiro cartaz produzido – que, aliás, é o mesmo exibido no Brasil – foi banido nos Estados Unidos, considerado muito ousado e impróprio – só porque dava a entender que um ator estava fazendo sexo oral no outro. A polêmica continuou em relação ao título, tanto que em muitos lugares ele foi chamado apenas de Zack and Miri, deixando o complemento Make a Porno de lado. Por fim, muitos cinemas se recusaram a exibir o filme, apontando que se tratava de uma produção muito sexual. Bom, só quem não o viu pode pensar assim. Há, sim, cenas de nudez frontal – feminina e masculina – mas são rápidas e completamente fora do contexto “pornô”! Após o término dos créditos – uma dica, não saia da sala antes das luzes se acenderem! – o que fica é uma comédia espirituosa, engraçadinha e assumidamente romântica. Acreditem se quiserem!

Os fãs do diretor Kevin Smith ficaram com sentimentos dúbios quanto ao novo filme do cineasta. Enquanto alguns estão felizes por acreditar que esta significa uma volta às origens, pelo tema ousado e os diálogos mais escatológicos e recheados de influências pop, por outro lado muitos afirmam que Smith está de coração mole, e que sua veia rebelde foi domada pelo esquemão hollywoodiano. Bom, nem tanto aos céus, nem aos infernos. Pagando Bem, Que Mal Tem? é engraçado, surpreendente e convencional, tudo na medida certa. Só assusta os desatentos ou os ignorantes. Os mais esclarecidos não verão nada de mais, apenas piadas inofensivas dentro de um contexto por vezes até ingênuo. A fera foi, sim, domada. Mas pelo jeito continua sabendo muito bem o que fazer.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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CríticoNota
Robledo Milani
7
Chico Fireman
5
MÉDIA
6

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