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Sinopse

Os pinguins Capitão, Kowalski, Rico e Recruta, são sequestrados pelo polvo Dave, que sempre os invejou por sua extrema 'fofura'. O plano dele é transformar todos os pinguins do mundo em monstros, mas a equipe Vento do Norte, formada pela raposa Segredo, o urso Cabo, a raposa Eva e pela foca Fuzível Curto, surge para ajudar estes heróis em uma aventura que vai da China ao Rio de Janeiro, passando por Veneza e terminando em Nova York!

Crítica

Surgidos pela primeira vez na animação Madagascar (2005), os quatro pinguins alucinados cheio de planos secretos e soluções de última hora chegavam a roubar as atenções dos protagonistas Alex (o leão), Melman (a girafa), Marty (a zebra) e Gloria (a hipopótama) por breves instantes, como um alívio cômico mais do que necessário para a melhor fluência da jornada destes animais do zoológico de Nova York que acabam fugindo e indo parar na ilha africana. Era de se perguntar, com o aumento da popularidade dos personagens – que além de terem maior destaque em Madagascar 2: A Grande Escapada (2008) e Madagascar 3: Os Procurados (2012), desde 2008 estrelam também uma série própria de televisão – se eles não seriam merecedores de um longa próprio. Pois é o que acontece em Os Pinguins de Madagascar, filme que deixa claro que os personagens seguem ótimos – pena os realizadores não confiarem o suficiente neles.

Dirigido por Eric Darnell (responsável por toda a saga Madagascar) e por Simon J. Smith (Bee Movie: A História de uma Abelha, 2007), Os Pinguins de Madagascar revela, desde o princípio, um problema fundamental: Capitão, Rico, Kovalski e Recruta são ótimos em tiradas rápidas, mas sem fôlego para tramas mais desenvolvidas. Isso fica ainda mais evidente graças à estrutura do roteiro, composto por uma série de esquetes com os pinguins, interligadas por intervenções extras. Essa preocupação se confirma quando os realizadores adicionam o maior número possível de coadjuvantes igualmente carismáticos, como que numa competição para se descobrir “quem seriam os pinguins de Os Pinguins?” E entre tipos fortes como o polvo Dave (ou Dennis? Ou Debbie?) e a coruja Eva ou o urso Cabo, além de um verdadeiro turbilhão de pinguins de todas as nacionalidades (da China ao Rio de Janeiro) e das versões infantis dos próprios protagonistas, as atrações são tantas é chega a ser difícil estabelecer um foco. Afinal, sobre o que é o filme, mesmo?

Em resumo: cientista maluco quer conquistar o mundo e, para isso, precisa eliminar os nossos heróis. O argumento, mais velho do que andar pra frente, é recauchutado à exaustão em Os Pinguins de Madagascar – esse título chega a ser engraçado, pois como descobrimos no início desta aventura, eles são da Antártida, e depois foram para Nova York, tendo apenas passado rapidamente por Madagascar – mas enfim, o que importa é o merchandising. Ainda pequenos, o grupo se forma e parte em busca de emoções pelo mundo. O que eles nunca haviam percebido é que sua extrema fofura era motivo de inveja de outros animais, como o octópode que invariavelmente acabava rebaixado, despertando pouca curiosidade pelos zôos por onde era enviado. Assim nasceu sua sede de vingança, que só terminará quando transformar todos os pinguins do mundo em bestas terríveis e assustadoras.

Pelo que já foi visto nos longas anteriores, o autoritário Capitão e seus ajudantes Kowalski (o cérebro) e Rico (a força bruta), além do novato Recruta, teriam condições mais do que suficientes para dar cabo ao vilão. Adiciona-se, no entanto, uma outra equipe de elite, a Vento do Norte, composta por uma raposa das neves, um urso polar, uma coruja branca e uma foca peluda. E entre momentos de cooperação mútua e competição extrema, os dois times terão que decidir como vencer a ameaça, ao mesmo tempo em que cada um dos integrantes encontrará seu verdadeiro lugar e o valor de suas ações. Uma mensagem bonita, ainda que longe de ser inédita.

De qualquer forma, Os Pinguins de Madagascar é um filme dinâmico e movimentado – a perseguição pelas ruas de Veneza é incrível – mas sem essa turma do Vento do Norte – que mais atrapalha do que contribui – e com um oponente melhor elaborado (é homem ou polvo? Por que ser de um jeito ou de outro?), talvez a comicidade se acentuasse e a diversão fosse ainda maior. Mas como mesmo sem tanto alarde a produção já arrecadou em todo o mundo mais do que o dobro do seu orçamento de US$ 132 milhões, é bem provável que tenhamos mais obras do mesmo estilo no futuro. E como essa parece ser a tendência – Minions (2015), outro spin-off, agora de Meu Malvado Favorito (2010), estreou logo em seguida – parece ser questão de tempo até outros coadjuvantes ganharem o estrelato. Alguém aí pensou no esquilo pré-histórico Scrat?

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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