Operação Vingança

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Sinopse

Em Operação Vingança, um brilhante especialista em criptografia da CIA perde a esposa em um ataque terrorista e decide agir por conta própria para conseguir sua vingança. Ele chantageia a agência para receber um treinamento especial e inicia uma jornada arriscada atrás dos responsáveis pela tragédia. Espionagem.

Crítica

James Hawes é um cara legal. Antes de Operação Vingança, ele dirigiu a cinebiografia Uma Vida: A História de Nicholas Winton (2023), estrelada por Anthony Hopkins. Na ocasião do lançamento desse projeto no Brasil, o cineasta conversou com o Papo de Cinema, em um bate-papo leve e descontraído. Além disso, comandou os celebrados episódios Hated in the Nation (2016) – T03 E06 – e Smithereens (2019) – T05 E02 – de Black Mirror. Ou seja, trata-se de um profissional versátil e preocupado tanto com a emoção, como com a racionalidade por trás das motivações dos personagens que guiam suas histórias e dos eventos por quais estas figuras passam. Nada disso, no entanto, parece ter sobrevivido aos interesses por trás desse projeto mais recente. Um longa genérico até no título – O Amador, batismo original em inglês, não ajuda muito também – e cuja existência deve-se a apenas um fato: Rami Malek ter sido, equivocadamente, alçado à condição de astro após sua vitória no Oscar como protagonista de Bohemian Rhapsody (2018).

Sua composição como Freddie Mercury é, talvez, a atuação pelo qual será para sempre lembrado. Mas Rami Malek já possuía, no currículo, um personagem emblemático. Como Elliot Alderson, da série Mr. Robot (2015-2019), ganhou o Emmy e o Critics Choice. Era a oportunidade ideal para mostrar o que tinha de melhor enquanto intérprete: visual nerd, olhar obstinado, concentração exemplar, desajuste social. Exatamente os artifícios que novamente emula como Heller, um agente operacional da CIA que, após perder a esposa em um ataque terrorista, decide ir a campo na caça dos homens que acredita serem os responsáveis por essa tragédia. Ao comunicar suas intenções, é recebido com galhofa por seus superiores. “Deixe que a gente resolve, você não sobreviveria nem meio segundo em um conflito à mão armada”. Bem, as coisas não são tão simples assim.

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Após atingir o ápice do estrelato hollywoodiano, Malek tem tentado de tudo para se manter nessa posição. Foi vilão do James Bond, trabalhou com cineastas consagrados, como David O. Russell e Christopher Nolan, e até em thriller policial ao lado de Denzel Washington ele apareceu. Nada parece ter dado muito certo – ou, ao menos, não a seu favor. O próximo passo, portanto, é assumir as responsabilidades dessas escolhas. E, na meca do cinema mundial, isso acontece quando você investe também na produção destes trabalhos. E sua estreia nessa nova área se deu justamente com Operação Vingança, seu primeiro projeto como protagonista desde os citados – e mais lembrados – Bohemiam Rhapsody e o final de Mr. Robot. Está tudo nas suas costas. E para não correr o risco de dar tudo errado, manteve-se em uma zona de extrema segurança, entregando não mais do que lhe é esperado. Os fãs mais radicais (existem?) não deverão se desapontar. Qualquer um que espere algo minimamente original, no entanto, é melhor baixar o nível de expectativa.

Operação Vingança só não é pior porque Heller parte para enfrentar seus inimigos usando suas próprias armas, e não em meio ao jogo deles, um exercício que o personagem obviamente não domina. Assim, ao invés de tiroteios, perseguições e lutas físicas (que até existem em cena, mas em espaços limitados), o que se vê é o uso do raciocínio, o emprego da tecnologia e surpresas muito bem calculadas para virem à tona apenas no último minuto. Enquanto thriller, portanto, funciona até a página dois. Ter ao seu lado o consagrado Laurence Fishburne é mais um ponto a favor, assim como as presenças de Rachel Brosnahan (a esposa falecida) e Caitríona Balfe (o amparo que chega na hora certa) também não desapontam. Por outro lado, tanto Jon Bernthal, quanto Julianne Nicholson, estão subaproveitados. Assim como o próprio conjunto, que possuía a sua disposição elementos para ir além do comum, mas parece resignado a não assumir nenhum risco.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Robledo Milani
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Lucas Salgado
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MÉDIA
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