O Duelo
Crítica
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Sinopse
A pacata vila de Periperi é agitada pela chegada de um forasteiro, o comandante Vasco Moscoso de Aragão. O viajante encontra na cidadezinha a oportunidade de repousar após sessenta anos, ditos por ele, cheios de aventuras. Ainda que encante quase todos os moradores, ele não convence Cesar Pacheco, que empreende uma investigação para mostrar que o recém-chegado é, na verdade, um comerciante arruinado, boêmio inveterado, que conseguiu de modo fraudulento o titulo de capitão.
Crítica
O mote principal do romance Os Velhos Marinheiros (1961), de Jorge Amado, é a sedução provocada pelo ato de contar histórias. No momento de transformar as páginas do escritor baiano nas cenas do longa O Duelo, o excesso de narrativa é um dos obstáculos.
A pacata Periperi recebe um novo morador: o Comandante Vasco Aragão (Joaquim de Almeida, de A Gaiola Dourada, 2013), capitão de longo curso. Junto com seus pertences, o homem do mar traz uma infinidade de causos que viveu ao redor do planeta. A novidade cativa quase todos os moradores do povoado, exceto Chico Pacheco (José Wilker), destronado do posto de contador de histórias.
Desgostoso com a situação, o homem vai até a capital para investigar o passado de Aragão, em cujas credenciais não acredita. Ele volta triunfante e conta uma nova versão dos fatos, bem menos glamorosa do que a narrada pelo protagonista. A falta de provas concretas divide Periperi.
A disputa será decidida mais adiante, quando Aragão conhece a solteirona Clotilde (Patricia Pillar) e por ela se apaixona. Cria-se aí um espaço para que a vida do Comandante seja narrada por uma terceira vez. Entretanto, nesse ponto boa parte do público já está sem paciência para uma nova versão da jornada.
Isso acontece pelos exageros que o filme comete até então, a começar pela trilha musical. Na recepção de Aragão em Periperi, ouvem-se acalorados solos de guitarra, uma música que destoa do tom esperado para O Duelo. Se logo na primeira cena há um descompasso, não é no decorrer do filme que a coerência é encontrada.
Outro elemento que mina a boa vontade do espectador é a duração do filme. Quando o roteiro resolve presentear o público com duas versões para o passado de Clotilde, uma personagem secundária, temos uma bela barrigada narrativa. Para terminar com uma metáfora náutica, pode se dizer que O Duelo peca ao tentar navegar por mares revoltosos. Se seguisse o caminho seguro da calmaria, chegaria a seu objetivo final sem tantos solavancos.
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