
Crítica
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Sinopse
Em Novocaine: À Prova de Dor, Nathan Caine é um homem que possui uma condição rara que faz com que ele não sinta dor. Quando a garota dos seus sonhos é sequestrada, Nathan transforma sua incapacidade de sentir dor em uma vantagem inesperada na luta para resgatá-la. Ação.
Crítica
A premissa está longe de ser original. Em um cenário como a da Hollywood atual, cada vez mais dominado por super-heróis e universos de fantasia, a existência de um homem desprovido das terminações sensíveis à dor em seu próprio corpo não teria como ser visto, de fato, como a tragédia que de fato é. Pelo contrário, no filme de Dan Berk e Robert Olsen, tal realidade é encarada como positiva, conferindo ao protagonista poderes que não condizem nem mesmo com a explicação mal-ajambrada pelo roteiro. Em Novocaine: À Prova de Dor, é difícil saber o que faz menos sentido, se a ingenuidade do personagem-título, sua intolerância vista como algo benéfico ou mesmo as supostas reviravoltas da trama, possíveis de serem antevistas com quilômetros de distância, mas aqui apresentadas como revolucionárias. O resultado é um angu de digestão complicada.
Jack Quaid é mais um da leva atual de nepobabies em busca de um lugar ao sol sob os holofotes da mídia. Filho de Dennis Quaid e Meg Ryan, dupla de desfrutou de imenso prestígio e popularidade durante os anos 1980 e 1990, o rapaz não é nem atraente como os pais, e muito menos carismático o suficiente para se manter por conta própria. Talento, então, é algo que ficou pelo caminho. Em Novocaine: À Prova de Dor, ele aparece como Nate, um subgerente bancário que leva uma vida controlada até nos mínimos detalhes. Desde que foi diagnosticado com uma condição especial que o impede de sentir dor, até mesmo o simples ato de mastigar durante uma refeição é visto como um perigo em potencial – e se morder a própria língua, dilacerando-a a ponto de engoli-la, sem nem sequer se dar conta? A suposição, no entanto, é falha. Logo ele afirma sentir o sabor das coisas. Deveria, então, identificar o gosto do sangue, certo? Como se vê, não há lógica sustentável pelos argumentos utilizados pelo roteirista Lars Jacobson (Dia dos Mortos, 2017).
O jovem está apaixonado por uma das atendentes da agência onde trabalha. Sem coragem de se declarar, decide virar herói quando o local é assaltado e a moça é levada como refém pelos bandidos. Imbuído da vontade de salvá-la, passa a perseguir e enfrentar os vilões um a um. No processo, se torna alvo de facadas, golpes aparentemente mortais, tiros à queima-roupa e é pego por armadilhas. Tudo isso sem nada sentir. E segue em frente, como se fosse mais uma caminhada no parque. Ele não sente dor, ok, já está claro. Mas o seu corpo deveria sofrer frente aos efeitos dos ataques. Como consegue, portanto, seguir não apenas em pé, mas ir adiante em sua motivação? Um mistério que parece não ter ninguém disposto a esclarecer.
Mas nada é pior do que a revelação sobre as verdadeiras intenções da garota – “não é o que você está pensando”, diz ela, sem nem vergonha na cara – e o surgimento de um melhor amigo que é fruto das relações líquidas típicas de uma geração que vê o virtual como potencialmente mais concreto do que a vida real. Desfilando caras e bocas sem um mínimo de constrangimento, Jack Quaid confirma não ter aptidão para personagens que exigem desembaraço físico, ao mesmo tempo em que deixa claro ser desprovido de profundidade dramática. E entre bocejos e reviradas de olhos a cada reciclagem facilmente antecipada, Novocaine: À Prova de Dor reafirma a velha lógica shakespeareana: muito barulho por nada, e o resto era pó.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 4 |
Alysson Oliveira | 3 |
Francisco Carbone | 7 |
Lucas Salgado | 6 |
MÉDIA | 5 |
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