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Sinopse

Louis Drax é um menino considerado estranho. Vários acontecimentos sombrios acontecem quando está presente. Depois de cair de um penhasco e ser dado como morto prestes a completar nove anos, ele volta milagrosamente à vida, mas acaba em coma, estado do qual poderá ser tirado por um médico que investiga os limites entre a fantasia e a realidade.

Crítica

Há um quê hitchcockiano em A Nona Vida de Louis Drax. O diretor francês Alexandre Aja, especialista em cinema de horror, flerta com o maior cineasta de todos ao fazer um thriller psicológico, quase psicanalítico, na melhor tradição de Quando Fala o Coração (1946) e mesmo Um Corpo Que Cai (1958), e na construção dúbia da personagem da mãe do protagonista, interpretada com bastante competência por Sarah Gadon. Ao mesmo tempo, o filme por vezes mergulha nas fantasias e na linguagem infantil do personagem título (Aiden Longworth), lembrando um pouco o cinema do também francês Jean-Pierre Jeunet, ainda que sem tanta estilização visual.

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No primeiro aspecto, A Nona Vida de Louis Drax se sai um pouco melhor. Sobretudo pela presença em cena de Gadon, magnética, encantadora em sua fragilidade e ao mesmo tempo sedutora, atributos necessários ao desenvolvimento da personagem. Ela ofusca completamente seus dois pares masculinos ao longo da narrativa, Aaron Paul e Jamie Dornan. O primeiro, ao menos, consegue se recuperar em outros momentos do filme, quando contracena com Longworth em algumas cenas mais emocionais, que até funcionam bem. Dornan, o “eterno” Christian Grey de Cinquenta Tons de Cinza (2015), é simplesmente ruim o tempo inteiro – mas talvez sua inexpressividade e cara de bobo sirvam aos propósitos do personagem, totalmente manipulado por Natalie Drax (Gadon).

Quando aposta no fantástico, o filme derrapa. Sobretudo no início, em que o tom ainda é mais leve e o ritmo ágil. Ao introduzirem uma determinada criatura na história, Aja e o roteirista Max Minghella (mais conhecido como ator de filmes como A Rede Social, 2010, e por ser filho do falecido e oscarizado diretor Anthony Minghella), ao adaptarem o livro de Liz Jensen criam um estranhamento inicialmente prejudicial ao filme, ainda que esse momento seja o único em que o realizador pode retornar mais claramente ao gênero horror, tão presente em sua carreira. Dali em diante, é verdade, nos acostumamos com a presença da tal criatura. Aos poucos ela vai se tornando mais aceitável e acaba sendo importante por protagonizar uma bonita cena que se passa numa caverna.

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Mas A Nona Vida de Louis Drax perde a linha de vez em seu epílogo. A solução encontrada pelo roteiro para que os personagens consigam resolver o mistério envolvendo Louis Drax e seus pais é absolutamente inverossímil, por não dialogar com nada do que havia sido construído até ali, dando um “poder” ao médico Allan Pascal (Dornan) que faz o filme flertar com o ridículo. Trata-se de um típico deus ex machina jogado numa narrativa que não encontrou uma forma orgânica de se concluir. O sabor deixado por A Nona Vida de Louis Drax ao final é, portanto, ruim, ainda que o todo que vem antes revele um filme com alguns acertos e que não deixa de ser interessante.

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é um historiador que fez do cinema seu maior prazer, estudando temas ligados à Sétima Arte na graduação, no mestrado e no doutorado. Brinca de escrever sobre filmes na internet desde 2003, mantendo seu atual blog, o Crônicas Cinéfilas, desde 2008. Reza, todos os dias, para seus dois deuses: Billy Wilder e Alfred Hitchcock.
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