Missão Resgate: Vingança

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Sinopse

Em Missão Resgate: Vingança, o caminhoneiro Mike McCann viaja para o Nepal para espalhar as cinzas do irmão no Monte Everest, mas sua jornada é interrompida quando ele e sua guia encontram mercenários que sequestraram um ônibus turístico. Mike precisa lutar para proteger a si mesmo, os passageiros e o povoado local, que corre perigo de ser destruído pelos criminosos. Ação.

Crítica

Desde Busca Implacável (2008), Liam Neeson encontrou no cinema de ação uma zona de conforto que raramente abandona. Apesar de incursões pontuais em terrenos distintos, como Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola (2014) e Silêncio (2016), na última década, ou a inesperada, e recente, participação em Corra que a Polícia Vem Aí! (2025), o ator parece condenado – e ao mesmo tempo celebrado – a encarnar lobos solitários empurrados a situações extremas. É quase sempre a mesma justificativa: o protagonista não buscou a confusão, mas, uma vez dentro dela, resta-lhe apenas responder com violência. Missão Resgate: Vingança, sequência de trabalho lançado em 2021, abraça esse território já conhecido, sem intenção de subverter qualquer outra expectativa.

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Seguindo os acontecimentos da empreitada anterior, Mike McCann (Neeson) agora carrega o peso da perda do irmão Gurty (Marcus Thomas). Juntos, haviam prometido escalar o Everest, mas o destino tratou de impedir. Em busca de cumprir o pacto, Mike decide levar as cinzas do parente ao Nepal. É nesse trajeto que o motorista de cargas pesadas reencontra sua vocação para solucionar impasses pela força. Ao embarcar no “Expresso Kiwi”, ônibus com destino à base da montanha, acaba enredado numa disputa territorial: uma corporação multinacional deseja modificar o ecossistema da região, afetando famílias inteiras, e envia capangas liderados por Rudra Yash (Mahesh Jadu) para eliminar opositores. De viajante solitário, McCann passa a guardião improvisado dos passageiros que compartilham com ele essa jornada.

O desenvolvimento se estrutura em torno de perseguições, tiroteios e encostas desmoronando, em ritmo frenético. As lutas corpo a corpo, aceleradas por cortes bruscos, remetem a estilo já conhecido desde a saga Bourne. Para o público que consome Neeson como sinônimo de adrenalina, é material suficiente. Mesmo aos 73 anos, o ator preserva vigor físico e transmite credibilidade, sustentando momentos que, embora previsíveis, ainda funcionam como espetáculo.

O calcanhar de Aquiles, no entanto, surge no tratamento dos personagens periféricos. A centralidade do protagonista jamais esteve em questão, mas a ilusão de que há relevância nos demais se desfaz rapidamente. Jonathan Hensleigh, diretor e roteirista, até confere certa densidade à Dhani Yangchen, papel de Bingbing Fan. Em contraste, Grace, vivida por Starr Myers, ilustra os tropeços da narrativa: introduzida como jovem mimada, ela é abalada por perda trágica no decorrer da trama, mas logo se vê esvaziada de qualquer resquício de dor. Sua trajetória é interrompida de maneira quase descuidada, sem impacto emocional duradouro.

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A isso se soma o excesso de computação gráfica. Desmoronamentos, veículos em queda e acidentes espetaculares são construídos digitalmente, em detrimento de efeitos práticos que antes conferiam realismo ao gênero. É como se a brutalidade física, tão presente no rosto e nos gestos de Neeson, fosse diluída pelo artificialismo das imagens. Há energia no que se mostra, mas também uma sensação de esvaziamento, como se a aventura estivesse sempre à beira de se dissolver na tela. Em suma: um espetáculo que se vê, mas dificilmente se leva para depois da sessão.

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]
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