Missão: Impossível – O Acerto Final

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Em Missão: Impossível - O Acerto Final, Ethan Hunt e sua equipe enfrentam a missão mais desafiadora de suas carreiras, com perigos iminentes e traições no caminho. Enquanto tentam evitar uma catástrofe global, Hunt se vê forçado a lidar com as consequências de suas escolhas passadas. Thriller.

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Talvez o mais inusitado aqui seja o título. Não apenas por ignorar que o anterior foi batizado como Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte Um (ou seja, onde foi parar a Parte Dois?), mas pelo uso desse incisivo “final” no nome. Estaria, de fato, Tom Cruise pronto para abandonar o seu personagem de maior sucesso? O agente secreto Ethan Hunt já passou por poucas e boas, e se nos primeiros destes oito longas que compõem a cinessérie a estrutura era mais ou menos similar à do seriado de televisão – ou seja, cada episódio tendo um problema isolado a ser resolvido, sem maiores conexões entre eles – a partir do quinto filme (Nação Secreta, 2015), quando Christopher McQuarrie assume a direção (cargo que manteve nos quatro últimos capítulos) uma noção de continuidade se mostrou preponderante. Missão: Impossível – O Acerto Final é, portanto, o desfecho dessa saga. Mas nada indica que seja o fim absoluto. Afinal, se as bilheterias seguirem correspondendo ao investimento do astro – que além de protagonista é também produtor – pode apostar que novas aventuras com o personagem não tardarão a surgir no horizonte.

A conclusão não deixa de ser um tanto morna, pois esse O Acerto Final, por mais que se esforce em propor um tom épico em cada um dos seus desdobramentos, trilha na maior parte do tempo por um terreno seguro, sem assumir maiores comprometimentos. Ok, por um lado um dos membros mais importantes da equipe de apoio de Hunt acaba morto, mas esse tipo de “adeus” não é quase esperado quando a aposta é por demais alta? E também não chega a ser um risco inédito: outros já saíram de cena antes, tendo sido substituídos sem grandes prejuízos nos projetos posteriores. A maior diferença, ao menos dessa vez, é não surgir com uma nova ameaça, mas, sim, em dar sequência ao perigo visto em Acerto de Contas Parte Um: a Entidade, uma inteligência artificial que tem se espalhado como vírus cibernético por todas as principais nações com armamento atônico ao redor do planeta, está determinada a dar início à Terceira Guerra Mundial – e, com isso, colocar a própria existência do planeta em risco.

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Conseguirá Hunt impedir esse desfecho? Ninguém duvida que sim. Em casos como esse, o mais importante não é o destino, mas a jornada. E os níveis de ação seguem o modelo estabelecido nas investidas anteriores. O mais curioso é que, ainda que de forma bastante calculada, tanto Cruise, quando McQuarrie, assumem riscos pontuais que provocam uma satisfatória renovação de interesse. Do fundo do mar ao clímax em um pequeno avião bimotor, tais sequências se passam quase sem diálogos, apostando tanto na fisicalidade do protagonista – algo que não se exime em explorar visualmente em mais de uma ocasião da trama – quanto em cortes precisos e numa trilha sonora que não dá folga, aumentando gradualmente a tensão entre a audiência. A proposta é deixar o espectador tão sem fôlego quanto Cruise após mais uma das suas inevitáveis corridas, algo que é alcançado com êxito.

Mas passado a turbulência do momento, o que sobra como reflexo deste Missão: Impossível – O Acerto Final? Pouca coisa. Pois tanto já foi explorado antes, que seguir elevando cada vez mais a barra de exigência é exaustivo, e por vezes frustrante. Difícil imaginar Ethan Hunt tendo que enfrentar algo de maior proporção do que isso que é proposto dessa vez. Terá chegado o momento de passar o bastão? É provável. Mas não por isso se deve esquecer o significado de Missão: Impossível, tanto para o cinema, como para Tom Cruise, que alcança aqui o seu maior legado. Eis, enfim, uma despedida digna. Mas, ainda assim, inevitavelmente agridoce. E se de fato definitiva, bom, isso só o amanhã poderá confirmar.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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