Crítica


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Sinopse

Um ex-policial viaja pela Austrália, agora devastada. Em seu caminho, encontra uma comunidade que possui uma grande reserva de gasolina, e concorda em protegê-los de um grupo de bandidos.

Crítica

Em 1979, Mad Max foi aquele típico filme modesto que surpreendeu com sua qualidade e faz um sucesso estrondoso, ajudando o protagonista Mel Gibson e o diretor George Miller a darem seus primeiros passos rumo ao reconhecimento internacional. Na época, esse tipo de recepção era suficiente para que uma continuação pudesse ser planejada. Mas diferente de muitas sequências desnecessárias, Mad Max 2: A Caçada Continua mostra que o realizador realmente tinha outra história para contar naquele universo, aproveitando a chance (e o orçamento maior) para abordar essa ambientação de um jeito diferente. E o que se vê na tela é um segundo espisódio que consegue a façanha de ser ainda melhor que o original.

Escrito pelo próprio Miller em parceria com Terry Hayes e Bryan Hannant, Mad Max 2 traz o protagonista Max Rockatansky (Gibson) vivendo como um andarilho na Austrália distópica e desértica, onde a gasolina virou o bem mais valioso. Ao entrar em contato com Capitão Gyro (Bruce Spence), ele fica sabendo da existência de uma pequena refinaria, onde uma comunidade se estabeleceu. Com a ameaçadora gangue de motoqueiros liderada por Humungus (Kjell Nilsson) querendo tomar o lugar nem que seja a força, um relutante Max se torna a única esperança para ajudar estas pessoas a protegerem seus suprimentos de combustível.

Se essa realidade violenta e arrasadora já havia sido apresentada no primeiro filme, George Miller consegue expandi-la neste segundo capítulo de forma muito mais acabada. Antes ainda era possível ver estabelecimentos e casas em meio ao deserto que rodeava as rodovias australianas, mas agora nem isso aparece em cena, com o excepcional design de produção montando um universo caótico em sua precariedade, o que contribui para dar um tom de urgência à narrativa. Além disso, enquanto no filme anterior víamos como aquele mundo poderia desumanizar um homem incorruptível, inserindo-o em uma verdadeira história de vingança a partir de determinado momento, em Mad Max 2 o foco fica no que é preciso ser feito para sobreviver ali, agora que todos estão em um ambiente realmente sem regras, no qual quem sai vencedor geralmente é aquele que se revelar mais impiedoso.

Com isso ganhando atenção, abre-se espaço para que a humanidade do próprio Max Rockatansky possa continuar sendo desenvolvida, até porque o estado no qual o personagem ficou ao final do primeiro filme, inicialmente, seria o ideal para o cenário que encontramos aqui. Depois de perder a esposa, o filho e o melhor amigo nas mãos das gangues, Max parece ter aprendido que cuidar apenas de seus próprios interesses é a melhor forma de sobreviver, mostrando-se frio ao ver, por exemplo, um homem preso nos escombros de um veículo capotado, não fazendo nada para ajudá-lo. E se ele abre uma exceção ao auxiliar as pessoas na refinaria, isso ocorre porque ele pode ganhar algo em troca. Afinal, por mais que aquele grupo acabe resgatando o que ainda há de bom nele, a ideia de criar laços afetivos não passa por sua cabeça, pois pode resultar na tristeza da qual ele quer passar longe. Assim, Max vira uma figura mais complexa do que aquela que conhecemos no longa anterior, e Mel Gibson merece aplausos por encarnar o personagem e todas suas nuances com segurança absoluta.

Enquanto isso, George Miller constrói com calma a atmosfera do filme, além de impor um ritmo cativante que envolve o espectador do início ao fim, partindo para algo mais agitado apenas nas cenas de ação. Nesse aspecto, aliás, Miller impressiona com as acrobacias e colisões envolvendo os carros nas rodovias australianas, criando uma tensão que deixa o público na ponta da cadeira. No entanto, ainda que todas as cenas desse tipo mereçam destaque no filme, é impossível ignorar que a sequência final se sobressai. Durando cerca de quinze minutos na tela e trazendo Max no comando de um caminhão cheio de gasolina enquanto as gangues o perseguem, esta cena é o ápice do filme e um dos melhores momentos de toda a saga Mad Max.

Mad Max 2 não se atém a repetir tudo o que seu original fez de certo. Muito pelo contrário. É uma obra que se aprofunda um pouco mais no que havíamos visto, resultando no processo em uma experiência eletrizante e inesquecível. Perto disso, o fato de ter se estabelecido como um filme de ação seminal dentro do gênero é quase um ponto extra.

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é crítico de cinema, formado em Produção Audiovisual na ULBRA, membro da SBBC (Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos) e editor do blog Brazilian Movie Guy (www.brazilianmovieguy.blogspot.com.br). Cinema, livros, quadrinhos e séries tomam boa parte da sua rotina.
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Grade crítica

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Thomas Boeira
10
Chico Fireman
8
MÉDIA
9

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