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Sinopse
Em Ladrões, o ex-jogador de beisebol Hank Thompson inesperadamente se vê envolvido em uma luta pela sobrevivência no submundo criminoso da cidade de Nova York, EUA, dos anos 1990. Ele é forçado a navegar por um mundo que nunca imaginou. Crime.
Crítica
Darren Aronofsky é aquele tipo de cineasta que anda meio que em extinção em Hollywood. É um cara autoral, que tenta deixar uma marca pessoal em cada um dos seus trabalhos e que a cada nova obra tende a gerar expectativas. Ou, ao menos, assim costumava ser. Afinal, é um realizador cujos trabalhos não costumam passar desapercebidos, como se fossem apenas mais um em uma fila quase interminável de títulos genéricos e feitos em sistema de produção industrial, um atrás do outro, mais para aplacar uma demanda dos vendedores de pipoca e refrigerante e dos donos dos grandes multiplexes e menos para atender a um ímpeto criativo daquele no comando da função. Dito isso, impossível que aquele acostumado a acompanhá-lo não fique minimamente espantado diante desse Ladrões. Não por se tratar de um filme ruim – até porque Aronofsky teve sua cota de equívocos no passado. Mas por ser quase irrelevante. É uma brincadeira, um passatempo que entretém enquanto dura, mas se confirma irreversivelmente descartável tão logo termina. Bobo e divertido, na melhor das hipóteses.
E esses são adjetivos que até então nunca haviam sido usados ao se referir a sua filmografia pregressa. Indicado ao Oscar por Cisne Negro (2010) e responsável por petardos como Réquiem para um Sonho (2000) e O Lutador (2008), entre outros, o nova-iorquino deu seus tropeços com o pretensioso Fonte da Vida (2006) e com o ambicioso Noé (2014), assim como dividiu opiniões com os controversos Mãe! (2017) ou A Baleia (2022). Ladrões, por sua vez, não é uma coisa, nem outra. Está longe de merecer qualquer atenção mais demorada por parte da Academia, não se mostra corajoso e arriscado, desperdiça oportunidades que poderiam resultar em provocações – algumas sólidas, outras meramente gratuitas – mas também não desliza em misturas que vão além da conta. É, portanto, praticamente inofensivo. Por mais que suas raízes sejam de respeito, compartilhe motivações já percebidas em trabalhos de diretores consagrados e não evite transitar por temas tabus, como violência e religião.
Hank (Austin Butler, num dos tipos mais comuns de sua carreira, o que não deixa de ser uma bem-vinda novidade) é um cara como tantos outros. Um acidente de trânsito ainda na adolescência o impediu de seguir uma promissora carreira no baseball, e hoje ocupa seus dias entre a namorada enfermeira (Zoë Kravitz, com menos tempo em cena do que merecia) e o pub onde trabalha atendendo bêbados e frequentadores ocasionais. Um dia, ao chegarem no pequeno apartamento onde ele se esconde, se deparam com o vizinho punk (Matt Smith, esforçando-se demais para impor uma suposta versatilidade artística) prestes a partir em viagem. Antes, no entanto, ele tem um pedido: que cuidem do gato, pois não poderá levá-lo durante o voo de avião. E é aí que os problemas começam. Bandidos ucranianos aparecem no dia seguinte atrás de algo que somente aquele que não mais está ali possuiria, e não hesitam em dar uma surra no cara da porta ao lado quando em busca de qualquer informação sobre o paradeiro do desaparecido. Uma policial que faz mais ameaças do que dá conselhos e um dupla de rabinos ortodoxos severamente armados complicam ainda mais o cenário.
Como se percebe por essa rápida sinopse, Hank é o típico cara “na hora errada e no lugar errado”. No decorrer dos próximos dias e horas, tudo vai ficando cada vez pior, e se mostrará ainda mais difícil decidir o que fazer e em quem confiar. A inspiração para o roteiro de Charlie Huston (também autor do livro no qual o filme é uma adaptação), obviamente, é o hoje referencial Depois de Horas (1985). Porém, aquilo que Martin Scorsese falava com propriedade sobre uma cidade corrompida, exótica e que existia por meio de vias tortas, Darren Aronofsky se aproxima por meio do estereótipo, do clichê publicitário e fazendo uso de um verniz que aposta mais na pose do que nas motivações. Dessa forma, é fácil acompanhar os desdobramentos pelos quais os personagens se ocupam durante as quase duas horas de Ladrões. Mas é mais um quebra-cabeças esforçando-se para fazer sentido e menos uma história de desencontros e falsas coincidências que urgia em ser narrada. Por outro lado, também não chega a ser mero veículo para o estrelato de um ou outro astro envelhecido (como o recente Lobos, 2025). Enfim, entrega o que promete. E nem um passo além disso.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 5 |
Ailton Monteiro | 7 |
Alysson Oliveira | 7 |
Francisco Carbone | 8 |
Ticiano Osorio | 7 |
MÉDIA | 6.8 |
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