Crítica


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Sinopse

Em 24 horas, um colapso amoroso. Mas essas horas contêm infinitas dimensões de tempo, como em um jogo de boxe chinês, que pode ser olhado para frente ou para trás, postulando a ideia do tempo como uma espiral.

Crítica

Antes da exibição oficial de La Forma de Las Horas no Festival de Gramado, Jean Pierre Noher fez questão de deixar claro o momento pelo qual passa o cinema argentino: pouco incentivo fiscal e nenhum apoio financeiro. Nesse contexto de recursos precários, o longa se apresenta como uma homenagem à nouvelle vague e também uma aventura ambiciosa da diretora Paula de Luque – acostumada com dramas políticos, como Juan e Evita, Uma História de Amor (2011) e Néstor Kirchner, la película (2012). De tom íntimo, a proposta da cineasta contempla o minimalismo e usufrui do grande talento de Julieta Diaz e Noher, mas se perde no massivo vai e vem de flashbacks.

A trama apresenta um casal numa casa de campo e os elementos que culminaram no término desse romance. Ancorada pela ideia da personagem feminina ser uma escritora com dúvidas sobre seu próximo trabalho, a narrativa propõe idas e vindas de ideias que se personificam na tela como diversas linhas de tempo e como o futuro teria sido diferente se os detalhes tivessem tido mais atenção. Entretanto, são justamente essas metáforas dos ciclos que confundem o espectador.

A premiada dupla de atores, como já mostrou as extensas filmografias de ambos, é capaz de sustentar qualquer linha de diálogo pouco desenvolvida. Também seduz com o ar de mistério de seus olhares e agrada em sua humildade artística – que mostra uma cristalina naturalidade ao tratar de temas banais. Entretanto, mais uma vez se vê refém das complicadas movimentações temporais.

Assim como a desconhecida bailarina que surge a cada três ideias distintas de dimensão, transcendendo-se numa representação livre do tempo e como ele é onipotente, o filme de Paula de Luque sucumbe a esse mesmo fator – já que nem todo movimento, como a já citada nouvelle vague francesa, pode ser reproduzido com o mesmo charme e fator curativo aos problemas do quais não temos controle.

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]

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