Juntos

Crítica


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Sinopse

Em Juntos, Tim e Millie vivem uma crise conjugal. Buscando uma chance de recomeçar, se mudam para uma cidade isolada no interior dos Estados Unidos. Contudo, ao deixar tudo o que lhes era familiar para trás, eles dão espaço para um verdadeiro pesadelo: uma força sobrenatural, capaz de corromper sua conexão, suas mentes e seus corpos. Comédia/Romance/Horror.

Crítica

Não se sabe ao certo se foi a ousadia de Michael Shanks no comando de seu primeiro longa ou a força criativa do casal Alison Brie e Dave Franco que ergueu as bases de Juntos. O título se apresenta como exercício narrativo que mira um ponto sensível da vida a dois: a chegada da primeira década. Será que almas gêmeas realmente existem? O amor, em sua essência, sobrevive ao tempo? Permanecemos ao lado de alguém porque não conseguiríamos imaginar outra pessoa? Ou apenas porque a rotina nos molda em acomodação? As respostas não chegam prontas, tampouco embaladas em certezas. O que paira é a sensação de que tudo se move sob atmosfera inquietante, marcada pelo horror.

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Na trama, Franco é Tim e Alison encarna Millie, parceiros na casa dos trinta que já não desfrutam da intensidade dos primeiros anos. Ela, professora dedicada; ele, músico sem oportunidades consistentes. Rapidamente, delineia-se uma figura de “culpa” pela estagnação do relacionamento, mas Shanks evita aprofundar a questão. A mudança para uma casa no interior conduz a dupla a uma experiência na floresta que os conecta de forma visceral, tornando seus corpos sedentos pelo indissociável. O que se segue são capítulos de situações grotescas, em que a proximidade deixa de ser metáfora romântica para se transformar em condenação física e psicológica.

É nesse terreno de repulsa que se arma a verdadeira engrenagem da obra, já que o espectador é levado a indagar não apenas sobre o vínculo entre Tim e Millie, mas também sobre as forças que alimentam tamanha união. Trata-se de paixão inevitável ou imposição maligna? A dubiedade persiste e não encontra resolução plena, provocando mais incômodo do que esclarecimento. Personagens que poderiam carregar maior densidade acabam não correspondendo, e o resultado é menos vibrante do que poderia ser. Ainda assim, as imagens perturbadoras permanecem gravadas na memória.

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Refletir sobre o relacionamento contemporâneo é sempre pertinente, independentemente do gênero cinematográfico escolhido para tal. Hoje, laços afetivos são questionados e remodelados de forma constante, visíveis nas manchetes diárias que inundam nossos feeds. No entanto, aqui, a tentativa de encerrar a narrativa de forma mais palatável parece sufocar as perguntas mais potentes. O caminho construído desperta interesse pelo impacto visual, mas deixa escapar a chance de sustentar discussões de maior alcance. No fim, as inquietações que surgem no início acabam diluídas, como se aquilo que deveria permanecer aberto tivesse sido fechado às pressas.

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]
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