Crítica
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Sinopse
Um criminoso cria cenários terríficos com o intuito de levar suas vítimas a compreenderem o valor da vida. Ele obriga suas presas a cometeres atos hediondos para chegar à salvação. Enquanto isso, um policial fica obcecado pelo caso que prontamente ganha notoriedade.
Crítica
Estreia na direção de James Wan, o suspense aterrorizante Jogos Mortais é a prova de que, às vezes, uma boa ideia na cabeça é tudo o que importa para que um filme dê certo. Projeto de graduação dele e do colega Leigh Whannell (co-autor do roteiro e um dos protagonistas da história, além de ter se firmado como parceiro constante do diretor em todos os seus projetos seguintes), este longa foi idealizado para ser lançado diretamente em vídeo e dvd, devido a sua produção modesta. Mas, após a excelente recepção que obteve no Festival de Sundance, foi adquirido por uma grande distribuidora, o que garantiu sua exibição nos cinemas. Uma aposta que se confirmou muito acertada: com um orçamento limitadíssimo de apenas US$ 1,2 milhão, arrecadou nas bilheterias norte-americanas mais de US$ 55 milhões, ou seja, cerca de 46 vezes o valor do seu custo, fazendo deste um dos projetos mais lucrativos de todos os tempos! Completando, no mundo inteiro seu faturamento foi superior aos US$ 103 milhões, o que justifica as seis continuações que já recebeu (até o momento, é claro).
O argumento de Jogos Mortais é, de fato, interessante, e merece a atenção recebida. Logo de início somos expostos a duas pessoas, aparentemente desconhecidas uma da outra, que estão amarradas pelos pés em canos em lados opostos de um banheiro abandonado. Entre eles, no chão, está um homem morto, com a cabeça ensanguentada. O dois, logo descobrem,são vítimas de um jogo doente de um serial killer que deseja ver até que ponto estão dispostos a lutar por suas vidas. Ao alcance deles está uma serra manual, que a princípio serviria para que se auto-mutilassem (!), a fim de se livrarem das correntes. Paralelamente, duas outras ações vão interferir em seus destinos: a esposa e a filha de um deles é sequestrada, enquanto que um policial veterano está cada vez mais perto de descobrir a verdadeira identidade do assassino.
Filmado em apenas 18 dias e com a maioria de suas cenas realizadas em estúdio, em um único cenário, Jogos Mortais é uma experiência claustrofóbica e angustiante, que comprova como um cinema barato pode, também, ser eficiente. Não houve ensaios, a produção foi filmada e editada praticamente ao mesmo tempo, e tinha como único e exclusivo propósito confirmar o talento de seus realizadores. O bom resultado que veio depois foi somente uma bem-vinda conseqüência. Contribui como chamariz a presença de atores que já tiveram seus cinco minutos de fama, como Cary Elwes (o inimigo de Tom Cruise em Dias de Trovão, 1990), Dina Meyer (a mocinha de Tropas Estelares, 1997) e o astro Danny Glover (parceiro de Mel Gibson na franquia Máquina Mortífera, 1987), e que aqui se aventuram numa investida arriscada, porém surpreendente.
Exibido no encerramento do Festival de Toronto (Canadá) e premiado como Melhor Filme segundo o Júri Popular no Festival de Cinema de Fantasia e Horror de San Sebástian (Espanha), Jogos Mortais teve um efeito no universo pop muito além do esperado. O protagonista de verdade, o vilão Jigsaw, é atualmente uma figura tão icônica quanto Ghost Face (da saga Pânico) ou Chucky, o boneco assassino. Não chega a ponto de ser referencial, nem irá mudar a vida de ninguém, mas ainda assim é entretenimento competente, que satisfaz o espectador com boas sacadas e muita perspicácia. Uma lufada de renovação e vitalidade a um gênero tão combalido e mal-tratado quanto este.
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