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Sinopse

Catherine Tramell é autora de livros de suspense. Ela se mudou há pouco de São Francisco para Londres. A misteriosa morte de um astro do esporte, com quem esteve envolvida, faz com que o psicanalista Michael Glass seja designado pela Scotland Yard para fazer uma avaliação psiquiátrica da escritora. Ele logo se sente atraído e, ao mesmo tempo, intrigado com ela.

Crítica

Sharon Stone surgiu no céu de estrelas hollywoodianas no início dos anos 1990, quando apareceu no fulgurante Instinto Selvagem (1992), aceitando um papel que havia sido ofertado para quase todas as atrizes da época. Pois ela foi lá, pegou o que ninguém queria e construiu seu nome a partir desse ato, mostrando o que era, de fato, capaz. Da sua fase anterior, o único destaque foi O Vingador do Futuro (1990), em que enfrentava de igual para igual o exterminador Arnold Schwarzenegger. E foi pelas mãos deste mesmo diretor, Paul Verhoeven, que consegui o famoso papel da cruzada das pernas. Desde então, teve – alguns – altos (como a indicação ao Oscar por Cassino (1995), de Martin Scorsese, e – muitos, muitos – baixos. Para levantar novamente a carreira, mantinha uma ideia fixa: realizar, a continuação do seu maior sucesso. O que, mais de uma década depois, finalmente conseguiu. Mas o tiro saiu, literalmente, pela culatra.

Tudo que era intrigante, charmoso, arriscado, ousado e irônico no filme anterior, nesta seqüência se torna debochado, barato, vulgar, caricato, vergonhoso. A escritora Catherine Tramell (Stone) se mudou de São Francisco para Londres, mas as polêmicas ao redor do seu nome continuam as mesmas: é acusada de assassinar seus amantes seguindo as técnicas por ela mesma descritas em seus romances. A vítima desta vez é uma estrela esportiva, o que logicamente vai despertar a atenção da mídia e da força policial. Um psicólogo é designado para entrevistá-la (o limitado David Morrissey, ator vindo da televisão inglesa que não havia feito nada de relevante antes – e muito menos depois – desse projeto), com o objetivo de elaborar um perfil dela. Mas o que se estabelece é um jogo de sedução entre os dois, levando-o aos limites da razão e do desejo. Ciúmes, lesbianismo, traições, mentiras e tentações diversas permearão a trama do início até sua sofrível conclusão, que mais lembra um alívio do que um clímax.

Instinto Selvagem 2 está mais para uma transa rápida movida à bebida barata do que para um orgasmo inesquecível. O enredo não possui ritmo, cada suposta revelação parece mais uma artimanha do roteirista para ludibriar o público e qualquer “ousadia” é tão falsa quanto patética. Stone, linda como poucas vezes antes, comete o pior dos pecados: ela não é o personagem, e sim a própria atriz que parece querer lembrar ao espectador a cada aparição de onde ela veio e o que, um dia, já foi capaz. O problema é que tal memória se esvaiu com o tempo, e o que resta agora é um pastiche patético e desencorajador.

Grande campeão das Framboesas de Ouro, vencedor como Pior Filme, Pior Atriz (Sharon Stone), Pior Roteiro e Pior Sequência, Instinto Selvagem 2 é não só uma experiência constrangedoras, como também uma mancha que praticamente enterrou de vez a carreira da protagonista. Tanto que, desde então, tudo que ela tem feito são participações em seriados, telefilmes, produções no exterior, produtos lançados diretamente em vídeo e até comerciais no Brasil! Uma pena, pois nas mãos de um realizador experiente poderia render muito mais – como visto em diversas ocasiões anteriores.

O péssimo desempenho crítico e o fiasco nas bilheterias norte-americanas (arrecadou um décimo do seu orçamento, que foi de US$ 70 milhões) só contribuem para o fraco resultado. Culpa da atriz, que insistiu no projeto, dos produtores, que conseguiram juntar profissionais de talentos muito duvidosos, e do diretor Michael Caton-Jones, que naufraga vergonhosamente pela inabilidade de extrair algo de bom desta escassez de possibilidades. Instinto Selvagem 2 merece o fundo do poço. O problema, dependendo do ponto de vista, é que com ele estão alguns dos envolvidos.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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