Crítica
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Sinopse
As distintas trajetórias de três irmãos de quarenta e poucos anos se chocam quando a mãe deles morre repentinamente. Os filhos são levados ao confronto de suas diferenças. Adrienne, uma bem-sucedida designer em Nova York; Frédéric, economista e professor universitário em Paris; e Jérémie, um dinâmico empresário que vive na China.
Crítica
Horas de Verão é um típico representante da cinematografia francesa no que ela tem de melhor: trata-se de uma história absolutamente simples, porém repleta de camadas de leitura e, acima de tudo, bastante humana. É praticamente impossível não se identificar com a situação retratada na trama, quando três irmãos adultos e bem sucedidos precisam enfrentar as memórias de suas infâncias após a morte da matriarca. A casa onde nasceram e viveram deve ser vendida, e junto com ela vão lembranças, saudades e uma nostalgia contagiosa que assume significativa importância em ambos os lados da tela. E chega a ser curioso como algo tão singelo pode adquirir tamanha força.
Escrito e dirigido por Olivier Assayas, Horas de Verão não tem pressa em ir a algum lugar. De fato, não há um enredo constituído, e sim mais uma série de ações e episódios que, vistos em conjunto, demonstram a desintegração de uma família. Mas não estamos falando de tragédias americanas ou dramas traumáticos há muito escondidos. O que se tem aqui é apenas a vida, tal qual ela é. A ordem natural das coisas, que deixa cada vez mais claro que tudo o que temos e possuímos são raros encontros, horas de verão que se desfrutam juntas e que permanecem conosco.
Edith Scob, que interpreta a matriarca, é uma amante das artes. Sua grande casa, nos arredores de Paris, é cobiçada por museus e colecionadores, com peças raras e obras de valor incalculável. Seu marido, morto há muitos anos, nunca reconheceu esta importância. Mas houve outro homem na vida dela, um verdadeiro artista que, muito provavelmente, foi sua alma gêmea. Mesmo tendo lutado ao máximo para preservar os feitos dele, um dia ela também se vai. E cabe, agora, aos três filhos seguirem – ou não – esse caminho, essa luta. Mas o mundo em que se encontram é outro, e por mais que queiram, pouco tempo há para batalhas assim. Charles Berling, no papel do filho mais velho, é o único que ainda mora na França, mas mesmo assim, entre esposa, filhos e trabalho, lhe resta quase nada para se dedicar às preocupações maternas. Juliette Binoche é a que mora nos Estados Unidos, tem uma carreira auspiciosa e, entre um namorado e outro, demonstra ter outro foco. Assim como Jérémie Renier, confortável como o filho mais jovem, que está diante da grande oportunidade no trabalho, e por isso irá se mudar para a China, junto com a família, se distanciando ainda mais dos irmãos.
Cada um em seu caminho, em sua jornada, criando novas missões e valores. Mas e o que acontece com tudo que viveram juntos? A certeza destes momentos estão nas fotos, nas relíquias, no que foi guardado em salas e inventários ou no que ficou em cada um, nos significados que estes encontros tiveram e nas lembranças que ainda hoje provocam? É mais ou menos por essa linha que segue a narrativa de Horas de Verão, sem nunca se impor através de um discurso cansativo ou irônico, mas muito pelo contrário, sem medo de ser sensível, cruel ou verdadeiro. É uma obra delicada e honesta em sentimentos e emoções, que não aponta vilões nem santos, apenas mostrando como o homem está se transformando dentro de uma sociedade cada vez mais globalizada e universal. Os valores mudam, as importâncias são transferidas. E o que acontece com o que sentimos? Talvez esse seja, no fundo, o maior tesouro que cada um pode acumular.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 8 |
Edu Fernandes | 4 |
Chico Fireman | 7 |
Wallace Andrioli | 7 |
Francisco Carbone | 9 |
Alysson Oliveira | 10 |
Francisco Russo | 6 |
MÉDIA | 7.3 |
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