Crítica


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Sinopse

Um médico estuda as propriedades da massagem pélvica para abrandar os efeitos da histeria nas mulheres da Inglaterra no século 19. Ele não sabia que estava inventando algo conhecido anos depois como vibrador.

Crítica

Em um primeiro momento, Histeria pode parecer uma produção diferenciada devido ao seu mote peculiar: a história da criação do vibrador, na Inglaterra do século 19. Quando a trama se desenrola, no entanto, percebe-se logo que o filme dirigido por Tanya Wexler (do inédito no Brasil Ball in the House, 2001) é apenas uma comédia romântica bastante convencional disfarçada, dona de apenas alguns elementos inventivos. O que a segura é a simpatia do elenco e algumas boas tiradas. E nada mais.

Com roteiro do casal estreante Stephen Dyer e Jonah Lisa Dyer, baseado na história de Howard Gensler, Histeria nos apresenta ao homem responsável pela invenção do vibrador – ainda que ele nunca imaginasse para que o aparelhinho serviria no futuro. O doutor Mortimer Granville (Hugh Dancy) sempre sonhou em praticar a medicina para o bem dos cidadãos, mas tem sido barrado pela visão mercantilista e obtusa de seus patrões. Tudo parece mudar quando conhece o colega de profissão Robert Dalrymple (Jonathan Pryce), que lhe oferece um trabalho diferente, mas não pouco desafiador: tratar de mulheres que sofrem de histeria. E aqui vale um adendo: mas o que seria a histeria? Sabe quando você vai ao médico, ele não tem certeza do que você tem e diz que se trata de uma virose? Pois era basicamente assim que as mulheres eram diagnosticadas quando os doutores não faziam ideia do que lhes afligia: histéricas. O tratamento para isso? Masturbação profissional. Obviamente, o nome não era esse, mas em linhas gerais, o doutor em questão levava as mulheres ao clímax em seu consultório, utilizando os dedos. O filme, é bem verdade, se concentra menos nesse ponto e mais no encontro entre Granville e a filha independente de Dalrymple, a engajada Charlotte (Maggie Gyllenhaal). Como já dito anteriormente, a invenção do vibrador é simplesmente uma mera desculpa para que este casal – que se odeia de início e que se descobre interessado um no outro depois – se encontre.

Tudo é muito previsível em Histeria. Desde os personagens que surgem na tela (a irmã refinada, a moça espevitada, o amigo gay), passando pelas situações em que os protagonistas se encontram e, finalmente, no modo em que o casal principal se descobre apaixonado. O longa-metragem de Tanya Wexler segue a cartilha da comédia romântica e só ganha alguns pontos pelo humor britânico que dá as caras em alguns momentos mais inspirados e pela simpatia do casal principal. Maggie Gyllenhaal é uma atriz interessante e dá à sua Charlotte uma vivacidade e uma impetuosidade admiráveis, conseguindo convencer com um sotaque inglês nada carregado. É a legítima mocinha do século XXI, pós-girl power, transportada para uma história ambientada há duzentos anos. Não chega a soar inverossímil, tampouco anacrônica. O próprio roteiro brinca um pouco com passado e futuro, com os personagens imaginando o que seria do mundo quando todos tivessem telefones à mão. Assim como Gyllenhaal, Hugh Dancy é simpático o suficiente para ser o mocinho da história e consegue carregar bem a parte que lhe cabe do romance.

Não fosse tão previsível, e se não usasse tão mal uma história curiosa como a invenção do vibrador, Histeria poderia se sobressair no mar de comédias românticas convencionais que vemos todos os dias em cartaz nos cinemas. Deve funcionar apenas com os fãs hardcore do gênero.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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Grade crítica

CríticoNota
Rodrigo de Oliveira
5
Chico Fireman
2
MÉDIA
3.5

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