Garota Sombria Caminha Pela Noite

Crítica

Depois da saga Crepúsculo, que só desmereceu e frustrou muito os fãs de histórias de vampiros, ficou difícil imaginar quem ousasse inovar no gênero, apesar da facilidade que é superar a dupla Bella e Edward. Recentemente, no entanto, surgiram títulos que parecem ter abstraído esse capítulo deprimente ligado ao tema e eliminado qualquer vestígio da trama romântica escrita por Stephenie Meyer. Dirigido por Jim Jarmusch, o belo Amantes Eternos (2013) certamente elevou a um novo patamar as produções do tipo e, efeito que se completa com a chegada do excelente Garota Sombria Caminha pela Noite.

O título, que é um tanto autoexplicativo, trata da personagem interpretada por Sheila Vand, uma garota que vaga pela noite de uma fictícia cidade iraniana chamada Bad City. Vestindo uma capa preta à procura pela próxima vítima (ou alimento), ela acaba cruzando com o também jovem Arash, que vive em dificuldades financeiras e familiares. Em um lugar de atmosfera depressiva e mórbida, o casal inicia uma amizade peculiar que caminha para um envolvimento amoroso inesperado.

Falado em farsi e rodado na Califórnia, Garota Sombria Caminha pela Noite é uma coprodução entre Estados Unidos e Irã com direção da britânica Ana Lily Amirpour. O ar multicultural surpreendeu a crítica e público na sua exibição no Festival de Sundance de 2014, adquirindo como retorno o já imediato status de cult. E não é por menos, afinal, com uma belíssima fotografia preta e branca, uma trilha sonora empolgante e uma estética digna de um trabalho do já citado Jim Jarmusch.

Amirpour constrói um enredo de profundidade e silêncios constantes que dão espaço ao espectador. Existe tensão e também romance de forma muito bem elaborada, acompanhados pelo olhar impressionante de Vand como a Garota. Assim fica até fácil abstrair que, ainda há poucos anos, existiam vampiros que brilhavam como cristais frente à luz do sol.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.

• Bio
• Últimos Posts

Renato Cabral

é graduado em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e mestrando em Estudos de Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.

Últimos artigos deRenato Cabral (Ver Tudo)

• Porto: Uma História de Amor - 20 de janeiro de 2019
• Antes o Tempo Não Acabava - 25 de novembro de 2017
• Docinho da América - 3 de janeiro de 2017

Grade crítica