Crítica


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Sinopse

Cientista em vias de perder a razão, Henry Frankenstein vagueia pelos cemitérios em busca de cadáveres que possam lhe fornecer membros a uma experiência. Ele pretende criar uma abominação e fazê-la ganhar vida.

Crítica

Escrito por Mary Shelley em um verão atípico de 1816 em Genebra, Frankenstein: ou o Moderno Prometheus é um conto de horror que gerou um fascínio que perdura até a os dias de hoje. As ideias modernas da ciência na época, e sua iminente colisão com os populares conceitos religiosos, pareciam encontrar eco nas páginas agourentas sobre o médico que, juntando pedaços de homens mortos, constrói um totalmente novo e o traz à vida.

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Muito mais calcado no visual expressionista do que o seu irmão de estúdio Drácula (1931), Frankenstein já inicia em um cemitério que traz crucifixos encurvados em direções diversas, e então nos leva para o castelo Frankenstein, cujas formas distorcidas e angulosas projetam sombras alongadas e dramáticas nas paredes – mais precisamente, a inspiração em O Gabinete do Dr. Caligari (1920) é notória. O que é também o seu diferencial em relação ao clássico sobre o vampiro de Bela Lugosi. Através dessa cenografia, o filme do monstro consegue de maneira muito mais eficiente evocar o terror ainda hoje.

O clima de pesadelo é constante, e ajuda nisso a ausência de espaços abertos ou uma visão clara do céu – quando o vemos, é uma pintura teatral, que sufoca ainda mais a narrativa. Além disso, o diretor James Whale consegue criar tensão sempre que quer inserir o monstro em cena, e escolhe planos que o coloca no fundo dos quadros, sempre surgindo como uma ameaça aos protagonistas. Vivido por Boris Karloff, a criatura de visual marcante soa realmente perigosa depois que é definida a sua força e inadequação social. E a cena em que encontra uma menininha à beira de um rio, que começa de forma delicada e até tocante, termina de forma tenebrosa justamente ao contrastar com esse início.

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Repleto de cenários construídos com a maestria que Hollywood podia pagar, Frankenstein tem um clímax bem estruturado em torno da perseguição final ao monstro (que culmina de forma icônica em um moinho de vento). Embalado por ritmo e tensão, é um clássico que se mantém atual em suas discussões mais profundas, e continua sendo dono de um tom eficiente, mesmo mais de 80 anos depois de seu lançamento.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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Grade crítica

CríticoNota
Yuri Correa
9
Bianca Zasso
10
Chico Fireman
9
MÉDIA
9.3

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