Espada da Vingança: Até a Última Linha
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Michael Babbitt
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Broken Swords: The Last in Line
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2018
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EUA
Crítica
Leitores
Sinopse
As frias terras do norte testemunham uma guerra sangrenta. Mercenários e gigantes de gelo travam batalhas colossais na tentativa de garantir a supremacia do território.
Crítica
Uma tropa heterogênea fica encurralada pela ameaça de inimigos com altíssima capacidade bélica. A tragédia iminente, o tempo contando a desfavor, a tensão da enervante espera alimentando rixas e senões antigos, todo esse conjunto já nos deu obras-primas como Onde Começa o Inferno (1959) e tem potenciais enormes. Uma pena que o filme de Howard Hawks habite a anos-luz (mesmo) deste Espada da Vingança: Até a Última Linha, tentativa malfadada de concentrar num ambiente exíguo quase todo um universo ao qual somos convidados a cair inadvertidamente de paraquedas. A tropa confinada num casebre de dois andares está situada em alguma cronologia de um medievalismo fantástico. Arqueiros, guerreiros portando espadas e colegas combatentes adeptos do corpo-a-corpo são companheiros de curandeiras e bruxas, espreitados por gigantes e demais criaturas para além da nossa imaginação. A dimensão externa é apenas mencionada numa verborragia descontrolada e sem uma articulação que favoreça o entendimento. Quando muito, um vislumbre ao longe de uma dessas abominações construídas a toque de caixa por efeitos visuais de gosto bem duvidoso.
É fácil perder-se em Espada da Vingança: Até a Última Linha. Os personagens conversam como se o espectador estivesse confortável nesse mundo em que as questões são resolvidas por meio da força. A morte recente do Capitão, rusgas entre os retidos nas paredes carcomidas que ainda oferecem certa segurança acabam sendo arrastadas/minimizadas por uma enxurrada de nomenclaturas dispostas a esmo, animosidades entre povos parcamente contextualizadas e grandes jornadas mal formuladas narrativamente. Responsável por uma frágil estrutura meramente expositiva, o diretor Michael Babbit não consegue efetivar o suposto peso dramático do conteúdo. Top (Dante Walker) fala com pompa e circunstância sobre códigos de honra, heranças e tradições, mas não há delineação visual nem dramatúrgica que sustente a carga de tais palavras. Em vários momentos a debilidade da encenação deixa espaços à sensação de que estamos diante de uma peça feita por fãs, dada a inconsistência existente em várias esferas. Acredita-se que uma maquiagem convincente basta.
Michael Babbit recorre em instantes-chave à demonstração de magia por parte da bruxa e da curandeira, não conseguindo, no entanto, com a tática da pontualidade camuflar a precariedade da técnica. Com o passar do tempo é possível reter dos diálogos algumas informações importantes para que entendamos um par de coisas, como a dinâmica de honradez que faz comportamentos controversos colocarem pressão sobre o grupo que precisa de coesão se quiser sobreviver aos exércitos selvagens em seu encalço. Mas, de modo impressionante, o realizador boicota essas possibilidades ao enxertar cada vez mais componentes vazios nesse universo já excessivamente confuso e saturado. As pessoas se referem rapidamente a episódios do passado, como se o espectador tivesse previamente ciente ou testemunhado eles. Ninguém esclarece a conjuntura. Portanto, existe uma coexistência um tanto paradoxal entre falar demais e explicar de menos. De um lado, uma verborragia cansativa, principalmente por estar ancorada numa lenga-lenga que parece fazer sentido apenas aos criadores. Do outro, a ineficiência para lidar com as lacunas. No meio, a gente, mais perdido do que cego em tiroteio.
Espada da Vingança: Até a Última Linha aparenta ser feito sob medida por/para aficionados por Dungeons & Dragons e a saga O Senhor dos Anéis. Aliás, ele mais soa como realizado por cosplayers desses universos ficcionais realmente fascinantes habitados por trolls, gigantes, dragões e inumados. O problema não está no acabamento beirando o amador – em que pese a crescente qualidade de produtos feitos de maneira caseira –, mas na concepção. É absolutamente cabível (e, se bem articulado, inteligente) criar certo distanciamento entre a ameaça e os protagonistas, especialmente quando não há recursos suficientes para gerar batalhas épicas e sequências visualmente exuberantes. Uma vez que não há meios de apresentar criaturas críveis, coloca-las à distância como um perigo prestes a abater-se é igualmente esperto. Mas, Michael Babbit se esquece de que essa estratégia somente funciona diante de uma construção potente e astuta do âmbito centralizado e restrito. Não adianta caprichar na sujeira, no sangue seco e utilizar diálogos pífios na boca de atores bastante apagados.
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Uma pergunta: vc conhece os livros de Glen Cook da série sobre a Companhia Negra? Caso se interesse, dê uma olhada.
Fui assistir esperando encontrar algo semelhante a uma aventura de RPG. Foi o que encontrei, mas não de maneira positiva. Como o crítico disse, caí de paraquedas num mundo que não conheço, em meio a personagens que não conheço, com histórias que não conheço e no meio de uma guerra que não conheço. Até aí td bem. O problema é que até o final do filme eu continuei não conhecendo nada disso! Roteiristas pegaram uma parte de alguma aventura de rpg e fizeram um filme pra eles mesmos.