
Sinopse
Em Elio, extraterrestres retornam o constante chamado dos terráqueos. O receptor é um garotinho com uma imaginação fértil que, de repente, se vê transportado para o Comuniverso, uma organização interplanetária com representantes de galáxias distantes. Ele é erroneamente identificado como o embaixador da Terra. Animação.
Crítica
A Pixar, que já foi apontada como a “salvação do cinema de animação em Hollywood”, tem passado nos últimos anos por uma crise sem precedentes. O último Oscar conquistado pelo estúdio foi Soul (2020), e os cinco filmes de maior bilheteria com sua assinatura são todos – sem exceção – sequências (com Divertida Mente 2, 2024, liderando o grupo). Seu último projeto a combinar público e crítica foi, justamente, Divertida Mente (2015) – há uma década! Com Elio eles voltam a se aventurar por relações familiares – mais ou menos como fizeram em algumas de suas últimas produções originais, como Luca (2021) ou Dois Irmãos (2020), por exemplo. E o resultado é também similar: nem perto do desastre anunciado, mas ainda assim longe de ser memorável. Mais do mesmo, portanto.
Para antecipar o que o espectador irá encontrar por aqui, basta uma breve pesquisa sobre as realizadoras. Para começar, temos a novata Madeline Sharafian – indicada ao Oscar pelo curta Toca (2020) e que fazia parte da equipe de Viva: A Vida é uma Festa (2017) – ao lado da não muito mais experiente Domee Shi – vencedora do prêmio da Academia pelo curta Bao (2018) e que estreou no formato mais longo com Red: Crescer é uma Fera (2022). Em Elio, as duas combinam temas já vistos nestes trabalhos anteriores: uma criança que não consegue se encaixar entre seus familiares, a orfandade, a falta de amigos, a ameaça de bullying colegial, o amadurecimento por meio do reconhecimento das diferenças, uma jornada individual que termina por ressaltar o valor da coletividade. O personagem-título é um menino que acabou de perder os pais e que acredita que a tia que ficou com a sua guarda não o deseja – um sentimento equivocado, algo que só irá perceber muito tempo depois.
A questão, no entanto, está não no fundo do mar, em tradições geracionais, entre emoções à flor da pele ou mesmo na vida pós-morte: o cenário escolhido dessa vez é o espaço. A tia Olga é uma militar que abandonou o sonho de ser astronauta para cuidar do sobrinho, mas segue trabalhando em uma espécie de monitoramento espacial. A proximidade com o assunto gerou no garoto a esperança de, na falta de encontrar um lugar para si na Terra, que talvez a existência de vida extraterrestre possa lhe significar a oportunidade de se ver em uma outra realidade na qual possa se encaixar. Para tanto, passa a reunir todos os seus esforços em ser abduzido por uma nave intergaláctica qualquer – o que, de fato, acaba acontecendo. Será nesse outro planeta onde acabará encontrando Glordon, um menino de outra raça que está enfrentando problemas similares: seu pai, um audacioso guerreiro, deseja que ele siga seus passos, algo que o pequeno pretende evitar a todo custo. Os paralelos entre os dois não são tão calcados como a divulgação deu a entender: soam mais circunstanciais, portanto.
Elio é bonito e envolvente. É fácil ficar atento ao que se passa em cena durante os seus quase 100 minutos de duração. Porém, assim que termina, o esquecimento é quase imediato. Falta profundidade e ineditismo no desenvolvimento dos personagens e de suas interações. Quando o menino se afasta de sua única parente viva, ninguém parece se preocupar. No momento em que ele é aceito por uma comunidade intergaláctica por meio de uma mentira, todos estão cientes de que esse é um problema que logo será solucionado. Se há alguma tensão, essa está mais no destino do pequeno Glordon – o frio que ele sente ao se ver longe de casa provoca uma incerteza quanto a sua sobrevivência – do que quanto ao que irá acontecer com Elio, alguém que precisa apenas mudar de perspectiva para enxergar o contexto no qual está inserido de outra forma. Perda de familiares, mudanças geográficas e valorizar o que cada um tem de particular são temas recorrentes, que foram explorados inúmeras vezes antes e que dessa vez aparecem como elementos de fácil reconhecimento, mas sem um toque especial, enfim, que justifique essa nova visita.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 5 |
Ticiano Osorio | 5 |
Chico Fireman | 5 |
Alysson Oliveira | 6 |
MÉDIA | 5.3 |
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