
Sinopse
Em Como Treinar o Seu Dragão, na ilha de Berk, onde vikings e dragões foram inimigos amargos por gerações, Soluço se destaca. O filho inventivo, mas negligenciado, do Chefe Stoico, o Imenso, desafia séculos de tradição quando faz amizade com Banguela, um temido dragão Fúria da Noite. Fantasia/Aventura.
Crítica
Não existe manual para converter animações em projetos com atores reais. Algumas iniciativas, como O Rei Leão (2019), reproduzem quadro a quadro sem comover, enquanto outras se afastam tanto do original que provocam rejeição, tal qual Dumbo (2019). Ainda assim, a diretriz insistente sugere conquistar novas plateias sem trair quem já conhece o enredo – o tal “equilíbrio” parece ser fundamental. É esse ponto que a adaptação Como Treinar o Seu Dragão busca desde o instante em que surgem os créditos iniciais.
Até pouco tempo, era difícil imaginar Soluço e Banguela fora do universo animado. A saga lançada nos anos 2010, que acompanhava o jovem viking e seu dragão na Ilha de Berk, conquistou a geração Alfa, nascida após 2010, estabelecendo vínculo profundo. Embora apostas como Branca de Neve e os Sete Anões (1937) e Lilo & Stitch (2002) demonstrem que o tempo não é determinante para adaptações live-action, esta produção permanecia mais fresca do que nunca. Dean DeBlois, diretor das duas primeiras animações originais, está ciente disso – talvez seu maior trunfo.
DeBlois retorna para alargar a narrativa original em cerca de 20 minutos. O incremento não se limita à duração, pois trechos, antes um tanto mais rasos, recebem aprofundamento. As cenas de humor mais infantil cedem lugar a sequências épicas, personagens secundários adquirem contornos mais densos e a relação de Soluço com Estoico (Gerard Butler), permanece fiel ao espírito inicial. Para coroar o conjunto, Nick Frost confere a Bocão carisma capaz de roubar a cena. Ainda assim, nada supera o que move tudo isso: o vínculo entre o jovem guerreiro e seu dragão.
Mason Thames, escolhido para encarnar Soluço, demonstra a moderação necessária para manter o foco do espectador, revelando maturidade surpreendente aos 17 anos ao incorporar o herói. A ligação com Banguela ultrapassa a simples encenação, tornando reais os voos que desafiam a gravidade, enquanto a trilha sonora acompanha cada momento com sutileza, sem se sobrepor à emoção. O impacto visual funciona porque, em cada olhar desse jovem talento, reside o afeto que conquistou corações há mais de uma década, ainda mais significativo ao lembrar que Thames pertence à geração Alfa, que acompanhou encantada o nascimento dessa magia.
Como reavivar emoções diante de algo tão conhecido? Talvez não exista receita pronta, mas a força de Como Treinar o Seu Dragão está em expandir as sensações, não apenas revisitá-las. Essa adaptação honra quem acompanhou os personagens desde o início e, ao mesmo tempo, estabelece novo patamar de envolvimento – fechando, em certo grau, o circuito de equilíbrio que evocamos logo no começo, provando que respeitar o passado (ainda que ele seja recente) é a chave para ressoar no presente.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Victor Hugo Furtado | 8 |
Robledo Milani | 7 |
Ticiano Osorio | 7 |
Chico Fireman | 6 |
MÉDIA | 7 |
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