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Sinopse

Uma companhia que reúne os maiores matemáticos da atualidade viaja pelos quatro cantos do mundo. Entre eles está Cédric Villan, cuja experiência vai representar que a disciplina tem seus lados bons e ruins.

Crítica

Quero morrer”. “É podre”. “Me enche de raiva”. Esses são alguns dos comentários que se ouve com relação à Matemática logo no início deste Como Eu Odiava Matemática, documentário dirigido por Olivier Peyon. São frases com as quais qualquer pessoa que não se dê bem com a matéria pode se identificar, e pensamentos do tipo “por que devo estudar isso se não usarei no futuro?” são uma consequência até inevitável disso, ainda que, convenhamos, seja algo egoísta de se dizer considerando que não são só os detratores dos números quem precisam lidar com eles. No entanto, por mais detestada que seja por boa parte das pessoas (para não dizer a maioria delas), a Matemática tem uma importância inegável, e Peyon mostra isso com propriedade em seu filme, explorando no processo os motivos para ela ser vista como chata e complicada, além de deixar claro o amor que matemáticos nutrem por ela.

Como Eu Odiava Matemática começa com uma leveza curiosa, o que não deixa de ser bem-vindo considerando as complexidades do assunto que irá tratar ao longo da narrativa. Sendo assim, é notável que Olivier Peyon comece o filme focando a parte escolar e universitária, apresentando as visões que professores e alunos têm da matemática para, a partir disso, poder focar o porquê dessa disciplina parecer tão difícil para muitas pessoas. É então que o diretor traz fatos curiosos, desde livros que preferem usar explicações complicadas demais para coisas que poderiam ser mais simples até casos em que há vários métodos para ensinar a matéria, e nem todos são muito fáceis ou cativantes. Além disso, também deve ser considerado que a matemática obriga todos a pensarem, o que é um problema quando a maioria não aprende a desenvolver um raciocínio lógico, decorando apenas o suficiente para poder passar em provas, como ocorre em praticamente todas as disciplinas.

Por outro lado, é notável a admiração que matemáticos têm por seu objeto de estudo, e vale dizer que eles veem nisso coisas que passam despercebidas pelos leigos. Nesse sentido, é bacana que o documentário retrate a matemática quase como uma forma de arte, sendo tocante a fascinação que um deles mostra ao descrever pontos de uma escultura. Assim, é compreensível que Cédric Villani, um dos principais nomes no ramo e ganhador da Medalha Fields, honraria da União Internacional de Matemática, se refira a disciplina como algo sexy em determinado momento. E se o filme começa leve, mais tarde ele ganha um tom sério ao tratar o papel que a matemática exerceu em eventos importantes, chegando a mencionar o desafio de Alan Turing em decifrar a máquina Enigma na Segunda Guerra Mundial, episódio que foi retratado no recente O Jogo da Imitação (2014).

Como Eu Odiava Matemática não faz as pessoas que não gostam da matéria criarem algum gosto por aquilo que a envolve, e esse nem é um de seus objetivos. Se isso por acaso acontecer, é provável que elas voltem atrás logo no primeiro logaritmo que surgir em sua frente. Mas é um documentário que ressalta detalhes importantes, e por isso mesmo acaba sendo interessante.

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é crítico de cinema, formado em Produção Audiovisual na ULBRA, membro da SBBC (Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos) e editor do blog Brazilian Movie Guy (www.brazilianmovieguy.blogspot.com.br). Cinema, livros, quadrinhos e séries tomam boa parte da sua rotina.
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