Crítica

Eu tento seguir sempre o mesmo ritual. Um filme está sendo adaptado, eu corro pra ler o livro antes. Choke não foi exceção, até por Chuck Palahniuk ser um dos meus escritores favoritos. Se em Clube da Luta (1999) ele nos deu Tyler Durden, desta vez nos apresenta a Victor Mancini, um dos personagens mais ousados escritos até hoje. Podem me chamar de geeky, mas amo os filmes do Harry Potter. Por quê? Porque são extremamente leais aos livros, e conseguem de uma maneira absurda capturar coisas que eu achava possível apenas na minha imaginação. Pelo mesmo motivo odiei O Código Da Vinci (2006), pois tiveram a ousadia de mudar fatos que eram, na minha opinião, essenciais para o sentido da história.

Diferente de Clube da Luta, que teve uma super produção com um elenco de estrelas, Choke segue outra linha. Até porque, um filme tratando de um cara viciado em sexo e possível sucessor de Jesus Cristo só poderia ser independente. Choke gastou 3,5 milhões de dólares e foi filmado em menos de um mês, em New Jersey.

Clark Gregg (mais conhecido por seus papéis na TV) se aventura no filme como escritor, ator e diretor. Confesso que às vezes imagino o que teria sido deste projeto se, ao invés de um diretor de primeira viagem, alguém mais experiente tivesse assumido a idéia. Inclusive David Fincher (que foi genial na adaptação do já citado Clube da Luta, meu filme favorito, como dá pra notar pela quantidade de vezes que já o mencionei). Mas, dentro das limitações de orçamento, e experiência, o filme consegue honrar a mente insana do escritor do livro.

Sam Rockwell é perfeito como o personagem principal. Não existe ator melhor para o papel. Ele consegue, em cada cena, incorporar tudo que a gente espera de um homem escroto, irresponsável e absurdamente fascinante. O olhar dele traduz tudo o que se lê nas páginas.

Muitas partes foram cortadas, mas o principal foi bem adaptado. São muitos flashbacks e, infelizmente, o protagonista enquanto narrador, tão aproveitado no livro, no filme acaba aparecendo só nos primeiros minutos.

Pra quem não leu o livro, a história é simples. Victor Mancini é um cara viciado em sexo que trabalha num antigo parque temático, bem característico dos Estados Unidos. Nas horas vagas ele finge se engasgar em restaurantes pra conseguir dinheiro suficiente pra manter sua mãe louca numa casa de idosos. De simples não tem nada. E por isso mesmo é sensacional.

Choke choca, nos faz rir e nos ofende. As cenas de sexo são extremamente visuais. Os diálogos, às vezes, forrados de palavrões. Mas isso é o mundo de Palahniuk. E não é à toa que ele é o escritor cult da nossa geração.

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se alimenta nao só de chocolate, mas de filmes, livros, amigos e televisão. Prefere não mencionar música, já que tem a certeza absoluta de que vai ser presa pela quantidade de downloads feitos diariamente. Gosta de coisas toscas, mas também inteligentes. Tosquice é um estado de espírito, já dizia um sábio. Tosco, claro.
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