Cauby: Começaria Tudo Outra Vez
Crítica
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Sinopse
Cauby – Começaria tudo outra vez é um documentário que discorre sobre a trajetória do grande intérprete brasileiro, Cauby Peixoto. O filme se estrutura sobre três grandes pilares: a ideia do eterno recomeço, expressa na maior parte do repertório do cantor; o seu modelo de interpretação, cuja atemporalidade é singular na música popular brasileira; e a sinergia entre artista-plateia-personagem que transcende gerações, fazendo de Cauby, em vida, uma personalidade legendária.
Crítica
O Frank Sinatra brasileiro. O Liberace tupiniquim. O Elvis verde-amarelo. Ou, apenas, o Professor. Dono de diversos apelidos, Cauby Peixoto é um dos cantores mais icônicos do país. Com sua voz forte, seu visual extravagante e seu repertório romântico, o artista teve uma das trajetórias de sucesso mais curiosas e marcantes do Brasil. E é isso que o diretor Nelson Hoineff tenta resgatar em Cauby: Começaria Tudo Outra Vez, documentário que faz um passado a limpo da carreira do eterno intérprete de “Conceição”.
Ainda ativo aos 82 anos, Cauby se apresenta para plateias de ávidas senhoras, que ainda relembram seus tempos de partidor de corações, e para jovens entusiastas de música romântica. O exemplo mais curioso é um jovem de 15 anos que aparece no documentário, fanático por Peixoto, colecionando discos, fotos e, inclusive, utilizando um anel robusto no dedo mínimo. O encontro promovido entre fã e ídolo é um dos momentos emocionantes do longa-metragem.
Cauby aparece aqui dando relatos sobre seu passado, contando suas aventuras nos Estados Unidos, quando tentou uma carreira internacional, seu sucesso na rádio Nacional – quando moças (contratadas) rasgavam seus ternos, iniciando uma mania que ficaria incontrolável por um tempo, suas incursões no cinema, no rock e, finalmente, o motivo do seu visual tão chamativo. Hoineff não se ocupa em falar da vida privada de Cauby, pincelando rapidamente a respeito da sexualidade do cantor, mas deixando isso logo de lado para concentrar-se na carreira. Até por que isso, afinal de contas, é o que importa para neófitos e fãs da carreira de Cauby Peixoto.
A pesquisa por imagens de arquivo é realizada com esmero, com incríveis aparições de Cauby em programas de rádio, filmes e shows de televisão. A qualidade dos vídeos varia, mas sua importância histórica justifica a presença de cada uma daquelas cenas. A edição consegue, inclusive, colocar o Cauby do passado cantando junto ao Cauby do presente, em uma interessante viagem no tempo. Desta forma também o espectador pode notar as diversas mudanças de visual pelas quais o cantor passou com o decorrer do tempo. Do cabelo impecavelmente penteado para trás no começo de carreira até suas madeixas encaracoladas que utiliza até hoje.
Cantores como Agnaldo Rayol, Emilio Santiago, Maria Bethânia e Agnaldo Timóteo dão seu depoimento sobre a importância de Cauby para a música brasileira e como ele serviu de influência para diversos artistas nacionais. Infelizmente, estes são pouco utilizados, aparecendo de forma bastante pontual dentro do doc. Outro problema é a falta de linearidade da história. Hoineff preferiu montar seu filme através de tópicos, de forma não cronológica, o que pode confundir quem não conhece muito sobre a trajetória de Cauby Peixoto.
O Brasil tem um ótimo retrospecto em documentários musicais – Raul – O Início, o Fim e o Meio (2012), Tropicália (2012), Uma Noite em 67 (2010), Rock Brasília (2011) – e Cauby: Começaria Tudo Outra Vez engrossa esta lista de bons filmes que colocam luz em figuras importantes da nossa cultura. Uma bela homenagem ao Professor.
Caro Rodrigo, A íntegra dos depoimentos estará entre os extras na época do lançamento do DVD. Forte abraço, Nelson
Nelson, fico feliz que tenhas encontrado esta crítica. Certamente, Cauby não cai no lugar comum dos documentários por diversos motivos - não só pela quase ausência das "cabeças falantes" didáticas. Ainda assim, com o acesso privilegiado àqueles grandes nomes da música, a vontade de querer vê-los falando mais sobre Cauby é grande. Normal para quem gosta de música e para quem gosta de conhecer histórias de vida interessantes - o que podemos acompanhar no seu doc. Agradeço o comentário e a visita ao nosso site. Grande abraço!
Rodrigo, Obrigado pelo texto gentil. Os depoimentos aparecem pontualmente justamente para não cair no lugar-comum da maioria dos documentários. "Cauby" procura não se apoiar nos depoimentos gravados para evitar o didatismo - eles entram, portanto, só quando estritamente necessários ao desenvolvimento de uma sequência que está por vir (a ida para Hollywood, etc). Quanto à cronologia, se você observar bem verá que o filme é montado de trás para diante, deixando apenas que flashes recorrentes interfiram nessa lógica. Forte abraço,