Cantoras do Rádio
Crítica
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Sinopse
O documentário resgata passagens da Era de Ouro do rádio, entre 1930 e 1950, período no qual o mesmo se consolidou como o veículo de massas no Brasil. O fio condutor do filme é o show "Estão Voltando as Flores", com direção e roteiro do pesquisador Ricardo Cravo Albin, no qual se apresentaram quatro expoentes da época: Carmélia Alves, Carminha Mascarenhas, Violeta Cavalcanti e Ellen de Lima.
Crítica
Gosto de ‘quero mais’ deve ser o sentimento que Cantoras do Rádio, documentário que resgata passagens da Era de Ouro do Rádio no Brasil, durante as décadas de 30 a 50, deixará, ao final da sessão, a quem aprecia a rica e bela música brasileira. O filme começa bem, numa abertura com visual colorido e um ritmo envolvente. Em seguida somos apresentados para as quatro cantoras (Carmélia Alves, Carminha Mascarenhas, Violeta Cavalcanti e Ellen de Lima, que nos anos áureos levavam multidões ao delírio). Elas, como boas personagens e, especialmente, cantoras, vão contando suas lembranças, experiências e, claro, cantam.
Elas cantam e cantam sem parar. Clássicos que nós ouvimos a vida toda. “Nós somos as cantoras do rádio...”, “Cidade Maravilhosa, cheia de encantos mil...” e muitas outras que foram interpretadas por Carmen Miranda, Aurora Miranda, Dalva de Oliveira, Aracy de Almeida, Linda e Dircinha Batista, Dolores Duran, Elizeth Cardoso, Isaura Garcia e Nora Ney. Todas homenageadas no show “Estão Voltando as Flores”, de Ricardo Cravo Albin. Este espetáculo foi o fio condutor para a realização do documentário. Uma intensa sucessão de melodias que alegraram gerações, representando um período marcante tanto para a história da música popular brasileira, quanto para a cultura nacional, já que a criatividade e a inovação imperavam em programas como o de César Alencar e Paulo Gracindo.
Depois elas falam da Rádio Nacional, curiosidades e bastidores sobre a vida cultural e musical do Rio de Janeiro daquela época enfocando, especialmente, o amor delas pela música, pelos palcos, pela Rádio, pela cidade maravilhosa e seus encantos do passado. Entretanto, vale considerar que Cantoras do Rádio permanece “fixo” numa fórmula repetitiva - depoimento, show, vinheta. Além disso, cansa ouvir tantas vezes as reclamações da falta de memória do país, da falta de reconhecimento aos ídolos do passado e das dificuldades para sobreviver no meio musical. Eu não discordo disso. Apenas me parece que essa temática possa ter virado a bandeira do filme. E, no mínimo, isso é um assunto velho. Estamos vendo, ano após ano, uma sequência de documentários, filmes, seriados, livros, artigos e outras obras que resgatam nossa cultura e ídolos do passado.
Senti ainda falta de imagens de arquivo como, por exemplo, num dado momento, quando aparece um dueto entre umas das cantoras e Luiz Gonzaga, em uma apresentação na década de 70. Apesar de curtinha, a sequência funciona muito bem. Poderia haver outras, com as próprias cantoras nos seus grandes momentos. As apresentações, o domínio de palco, o entusiasmo e a alegria das quatro, formam a essência de Cantoras do Rádio. Elas esbanjam graça, simpatia, charme e possuem belas vozes. Estão cheias de vida e nos faz um bem danado ver senhoras que estão há tanto tempo nos palcos da vida.
Exibido pela primeira vez no Festival Internacional do Rio de Janeiro, onde foi recebido de maneira calorosa pelo público carioca, que lotou a sala do Cine Odeon, o DVD do filme já está sendo preparado (provavelmente o lançamento se dará no final do segundo semestre), cheio de informações extras, músicas do show na íntegra, além de outras várias surpresas, avisa o diretor Gil Baroni. O que poderá fazer com que o tal gosto de ‘quero mais’ seja saciado – ao menos para os apreciadores das belas canções deste período.
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