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Sinopse

Durante uma viagem para acampamento nas florestas de Milwaukee, um grupo de jovens decide se embrenhar ainda mais na mata do que havia previsto. No entanto, eles acabam descobrindo coisas que deveriam ficar adormecidas.

Crítica

Faz certo sentido que em 2016, momento de certo esgotamento do terror found footage, seja realizado um novo Bruxa de Blair, dezessete anos depois do original, que se tornou um fenômeno do gênero justamente ao promover o casamento perfeito entre uma narrativa visceral alicerçada nessa estética e uma campanha de marketing que vendeu o filme como resultado de um material de filmagem real, de fato encontrado após o desaparecimento de três jovens numa floresta de Burkittsville, Maryland. Como os três atores de A Bruxa de Blair (1999), de Daniel Myrick e Eduardo Sánchez, eram absolutamente desconhecidos e ainda emprestavam seus nomes aos personagens, a campanha funcionou e o efeito perturbador do filme foi ainda mais potencializado. Desde então, foram realizados inúmeros outros filmes de horror com estética e estrutura narrativa semelhantes, mas quase nunca com o mesmo frescor.

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O retorno da franquia agora, pelas mãos de Adam Wingard, se dá com uma mistura de remake e continuação, que dialoga diretamente com o original sem perder de vista tudo que foi feito nessas quase duas décadas. O filme tem então, de cara, esse mérito de tratar com respeito e carinho A Bruxa de Blair, que perturbou uma geração de espectadores e construiu sua legião de fãs, mantendo-se próximo também do público de hoje, que talvez não se assustaria tanto com uma mera repetição do que foi feito por Myrick e Sánchez.

O protagonista desse remake/continuação é James (James Allen McCune), irmão mais novo da Heather (Heather Donahue) do filme original. O rapaz cresceu obcecado com o desaparecimento da irmã e resolve, mais de 20 anos depois do ocorrido, se embrenhar pela floresta de Burkittsville com outros três amigos e um bocado de tecnologia à procura da garota. Esse incremento tecnológico, aliás, permite ao diretor Adam Wingard ampliar o repertório de linguagem de seu Bruxa de Blair: como os personagens usam diversas câmeras, algumas instaladas em seus próprios corpos, Wingard pode trabalhar à vontade com campo/contracampo; como há também um drone equipado com uma câmera, surgem aqui e ali alguns planos aéreos, que dão a dimensão do todo da floresta. Por outro lado, perde-se a crueza de uma filmagem exibida como teria sido encontrada, já que o exercício da montagem é explicitado quando vemos a junção de imagens de fontes diversas (daí ser uma bobagem a opção por abrir o filme com um letreiro semelhante ao de 1999).

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Mas se o novo Bruxa de Blair não consegue reproduzir o efeito aterrador do primeiro, ao menos Wingard trabalha bem a mitologia criada no final do século passado, fazendo um filme de clima pesadíssimo e com algumas cenas verdadeiramente assustadoras. Há ao menos um momento na floresta, envolvendo os bonequinhos de madeira que se tornaram símbolo da franquia, que é bem impactante e o clímax, novamente na casa da bruxa, beira o insuportável. Num ano em que tema semelhante foi tratado com força brutal em A Bruxa (2015), de Robert Eggers, Wingard consegue fazer um filme de terror digno, eficaz e que ressuscita uma franquia que parecia enterrada após o desastroso, ainda que conceitualmente interessante, A Bruxa de Blair 2: O Livro das Sombras (2000).

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é um historiador que fez do cinema seu maior prazer, estudando temas ligados à Sétima Arte na graduação, no mestrado e no doutorado. Brinca de escrever sobre filmes na internet desde 2003, mantendo seu atual blog, o Crônicas Cinéfilas, desde 2008. Reza, todos os dias, para seus dois deuses: Billy Wilder e Alfred Hitchcock.
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