Crítica
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Sinopse
Arthur Bishop é um assassino de elite que possui um código restrito e um talento especial para eliminar seus alvos. Um dia ele reencontra Steve, o filho problemático de um antigo amigo assassinado. Desejando vingança, Steve recebe a ajuda de Arthur para também se tornar um assassino.
Crítica
Jason Statham é o último representante de uma espécie de astro de cinema quase em extinção nos dias de hoje: aquele que carrega um filme nas costas apenas por conta do seu próprio carisma, geralmente envolvido em tramas de ação e aventura, realizando proezas inimagináveis no melhor estilo “exército de um homem só”. E se os anos 1980 e 1990 representaram o período áureo deste tipo de artista, que contou com nomes como Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis entre os mais populares, é preciso lembrar que esse padrão começou a ser desenhado ainda na década anterior, quando Charles Bronson e Chuck Norris abriram a frente, alegrando fãs e motivando multidões. Por isso, não causa espanto algum ver Statham como protagonista deste Assassino a Preço Fixo, refilmagem modernizada, porém bastante fiel, do homônimo Assassino a Preço Fixo (1972), um dos maiores sucessos de Bronson.
O argumento original, aliás, mantém-se praticamente o mesmo de um filme para outro. Um assassino profissional (antes Bronson, agora Statham) é contratado para eliminar justamente o seu melhor amigo, o homem que foi seu tutor e lhe ensinou tudo o que lhe foi necessário para esta atividade. Uma vez o serviço feito, ele acaba aceitando o filho do falecido como seu próprio aprendiz, até chegar ao ponto do ciclo se completar: é a vez, agora, do garoto se voltar contra aquele que lhe orientou nos primeiros passos no mundo do crime. Ou seja, estamos falando de um universo de foras da lei, de homens de moral duvidosa, códigos rígidos e índole cruel. O perdão é algo pouco praticado, e sentimentalismo e culpa são expressões quase irreconhecíveis.
Statham é perfeito para esse tipo de papel. Ao mesmo tempo em que estabeleceu parcerias com diretores como Guy Ritchie ou marcou presença em comédias como A Pantera Cor-de-Rosa (2006), ele também se estabeleceu como uma opção viável em uma série de títulos genéricos em que invariavelmente interpretava o mesmo tipo de personagem. Eram filmes baratos, de retorno garantido e na sua maioria facilmente esquecíveis. Alguns destes acabaram dando tão certo que se transformaram em franquias, como Carga Explosiva ou Adrenalina (2006) – cuja continuação, Adrenalina 2 (2009), teve um desempenho tão fraco nas bilheterias que interrompeu qualquer plano mais ambicioso. Assassino a Preço Fixo, num primeiro momento, parece ser mais um nos mesmos moldes. Mas o que percebe com o desenrolar da trama é algo mais intrincado, que não apenas exige do protagonista uma atuação mais complexa, como também explora com mais habilidade o contexto em que a história se desenvolve.
Os anos mudaram, e entre uma versão e outra se passaram quase quatro décadas. Se os silenciosos dezesseis minutos iniciais de Assassino a Preço Fixo (1972) marcaram época pela ousadia e tensão que gerava no espectador, aqui eles são substituídos pela metade do tempo: agora leva-se apenas 6 minutos para Arthur Bishop (Statham) armar seu plano e dar cabo de sua primeira vítima. O resultado é rápido, de efeito prático e sem repercussão, a ponto de ninguém chegar a cogitar a hipótese de que houve ali um assassinato – credita-se a tragédia a uma morte natural. Esse é o trabalho de um ‘mecânico’: alguém que deve resolver um problema dessa natureza da forma mais eficiente e limpa. Steve McKenna (Ben Foster, em mais uma composição competente) é jovem, impetuoso e pouco afeito à diretrizes. É essa combinação que o torna uma opção arriscada para acompanhar o trabalho de Bishop. E por isso que os contratantes de ambos farão de tudo para eliminar essa dupla.
Com participações especiais de Tony Goldwyn (em mais um vilão almofadinha no currículo) e do veterano Donald Sutherland (uma aparição fugaz, porém marcante), Assassino a Preço Fixo recai, além dos ombros de Jason Statham e Ben Foster, também sob a responsabilidade de Simon West. Diretor de sucessos como Lara Croft: Tomb Raider (2001) e Os Mercenários 2 (2012), ele tem se repetido nos últimos anos em títulos como O Resgate (2012) – com Nicolas Cage – e Carta Selvagem (2015) – com o próprio Statham. Aqui o encontramos, no entanto, em um dos seus últimos momentos antes dessa atual decadência. Realizador competente de boas cenas de ação, é hábil em alterná-las com diálogos sucintos, porém eficientes o suficiente para adentrarmos na realidade destes personagens. E assim, por eles e pelos códigos pelos quais vivem, este filme consegue ir além do óbvio, apresentando-se tanto como uma refilmagem que não faz feio frente o original como, também, à altura dos talentos envolvidos.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 6 |
Thomas Boeira | 4 |
Roberto Cunha | 6 |
MÉDIA | 5.3 |
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