Crítica


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Sinopse

Dois jovens jogadores indianos de críquete são descobertos pelo agente esportivo J.B. Bernstein. Através de técnicas de recrutamento pouco convencionais, ele leva os rapazes para os Estados Unidos com o objetivo de torná-los grandes jogadores de beisebol.

Crítica

Baseado em uma história real”. Há filmes que colocam essa frase em sua narrativa antes de qualquer outra coisa. Mas muitas vezes eles seguem tantas convenções que chega a ser uma surpresa perceber que seus materiais de origem tenham realmente existido. Arremesso de Ouro, produção dos Estúdios Disney, é um desses casos. Temos aqui uma história que até poderia render uma produção interessante, mas que resulta em um drama do tipo que já vimos diversas vezes em obras melhores.

Escrito por Tom McCarthy (responsável pelo interessante O Visitante, 2008), Arremesso de Ouro se concentra em J.B. Bernstein (Jon Hamm), agente esportivo que, ao lado de seu sócio Aash (Aasif Mandvi), está quase falido, perdendo clientes para outras agências. É quando ele tem a ideia de ir até a Índia com o objetivo de encontrar talentosos jogadores de críquete e transformá-los em grandes jogadores de baseball, selecionando-os a partir de um reality show, o “Million Dollar Arm” (Braço de Um Milhão de Dólares, em tradução literal). Com a ajuda do olheiro Ray Poitevint (Alan Arkin), J.B. chega aos jovens Rinku Singh (Suraj Sharma) e Dinesh Patel (Madhur Mittal), levando-os para serem treinados nos Estados Unidos. E se inicialmente o olheiro só pensa em negócios, aos poucos acaba se aproximando e formando laços afetivos com a dupla, que tenta se adaptar ao novo lar longe de suas famílias.

Assim tem início a velha história do homem solitário e egoísta que encontra uma família onde menos espera. No caso de J.B., entretanto, ela não irá se restringir apenas a Rinku e Dinesh, mas incluirá também sua inquilina, Brenda (Lake Bell). Isso é tratado pelo roteiro de um jeito muito clichê, sendo possível prever não só o arco dramático do protagonista (que fica bem claro quando afirma “não tenho família”), mas também nos conflitos ao longo do filme. Aliás, alguns acontecimentos, como a subtrama envolvendo um jogador de futebol americano ou um pequeno machucado que um personagem sofre, são inseridos apenas para causar distúrbios artificiais, pois no geral não apresentam impacto nenhum na história.

Isso é conduzido pelo diretor Craig Gillespie (o mesmo do excelente A Garota Ideal, 2007, e do divertido remake de A Hora do Espanto, 2011) como um melodrama barato. Há momentos, por exemplo, em que o realizador claramente tenta forçar o choro do espectador, usando até uma trilha melosa para alcançar seu objetivo. Além disso, Gillespie não consegue impedir que o filme se torne chato em determinadas partes, como na sequência envolvendo o reality show, que toma muito tempo de tela, principalmente se considerarmos que é estabelecido logo no início quem serão os escolhidos.

Mas Arremesso de Ouro ao menos tem um bom elenco, detalhe que o deixa mais suportável, a despeito de seus problemas. Se não criamos antipatia por J.B. e seus modos egoístas, isso se deve porque o talentoso Jon Hamm o interpreta com carisma, sendo eficiente em toda a transição pela qual o protagonista passa. Já Suraj Sharma e Madhur Mittal desenvolvem uma bela camaradagem entre Rinku e Dinesh, ao passo que Lake Bell faz de Brenda uma figura adorável, compensando o fato de a personagem ser apenas o interesse amoroso do protagonista. Finalmente, Alan Arkin rouba algumas cenas como o rabugento Ray, que vem a ser usado como um deus ex-machina pelo roteiro. O filme até busca ser uma produção que faz o espectador sair da sala de cinema de bom humor (“feel good movie”, como costumam chamar). Mas, infelizmente, se estabelece como um água com açúcar esquecível, que desperdiça seu potencial dramático ao optar por seguir caminhos mais fáceis e batidos.

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é crítico de cinema, formado em Produção Audiovisual na ULBRA, membro da SBBC (Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos) e editor do blog Brazilian Movie Guy (www.brazilianmovieguy.blogspot.com.br). Cinema, livros, quadrinhos e séries tomam boa parte da sua rotina.
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