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Sinopse

Selene, uma sedutora vampira, e o renegado lobisomem Michael se amam, mas são incompreendidos por suas próprias raças. Buscando pistas para encontrar uma saída, eles são perseguidos por Marcus, uma criatura antiga e obcecada com a perpetuação da guerra entre eles. Continuamente perseguidos por inimigos de ambos os lados, os amantes exploram seu passado enquanto procuram o seu destino.

Crítica

Segundo capítulo da saga da vampira Selene, Anjos da Noite: A Evolução é uma moeda de dois lados. Da mesma forma como serviu para agradar aos fãs do filme anterior, Anjos da Noite (2003), também não apresenta nada de novo que sirva para conquistar novos adeptos a esta pouco inventiva mitologia. Sinal de que o diretor Len Wiseman, criador da trama, não teve medo de radicalizar, investindo num universo garantido, sem facilitar o acesso de estranhos. Se antes queria fazer algo direcionado para o maior público possível, comprovando que suas ideias eram viáveis, desta vez foi mais fiel aos seus instintos, levando às telas apenas o que lhe apreciava. Deste modo, a trama realmente “evoluiu”, mas não serão todos os que apreciarão esta mudança.

Ao compor a protagonista, Kate Beckinsale assumiu como referência personagens femininas fortes como Ellen Ripley e Sarah Connor, as protagonistas, respectivamente, das séries Alien e O Exterminador do Futuro. Wiseman, porém, lhe aconselhou que baseasse a interpretação nos moldes de Russell Crowe em Los Angeles: Cidade Proibida (1997), como uma fera prestes a entrar em ebulição. Pena, infelizmente, que nenhum dos dois tenha sido bem-sucedido em seus propósitos. Beckinsale é uma atriz de recursos limitados, e o máximo que consegue é correr de um lado para outro com cara de fúria. Ainda mais problemática é a participação do belo, porém inexpressivo, Scott Speedman, que apenas reage, sem saber exatamente o que está fazendo. Sem orientação, os dois não funcionam, a química entre eles inexiste, e o que resta ao espectador é se irritar com tantos exageros.

Excessos, aliás, que não são poucos. O que se vê em Anjos da Noite 2 é muita escuridão, violência estilizada e sangue em profusão para todos os lados. Os eventos se desenvolvem de modo atropelado, tornando-se uma tarefa hercúlea encontrar alguma lógica nos mesmos. O que se sabe é que os vampiros e os lobisomens, que tanto lutaram entre si no longa anterior, agora evoluíram para uma raça híbrida, que combina ambos e pretende eliminar friamente os antecessores. Caberá à vampira Selene e ao lobisomem Michael (Speedman) a missão de impedir o mais poderoso líder dos vampiros a reanimar o irmão-gêmeo lobisomem, que somente assim poderá ter sucesso em seus planos. Neste processo, no entanto, o futuro de ambas as raças pode estar em jogo, assim como o da própria humanidade.

Pretensioso, ambicioso e desajeitado, Anjos da Noite: A Evolução não desenvolve a mesma premissa do primeiro filme (a batalha entre dois monstros mitológicos), descambando mais para uma briga irracional e hightech. A despeito disso, o impacto positivo que obteve nas bilheterias (mais de US$ 100 milhões, para um orçamento que foi de aproximadamente a metade deste valor) garantiu a produção de um terceiro episódio, ainda mais equivocado que quase deu fim à série. Monstros no cinema são uma fórmula que tem dado certo há gerações, mas àqueles que os tratarem de forma descuidada os resultados poderão ser tão perigosos quanto as ameaças exibidas na tela grande. E aqui temos uma bela prova disso.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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