Amor Eterno
Crítica
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Sinopse
Em uma de suas incursões à procura de sexo pela floresta, Carlos fica chocado ao ver um de seus alunos da escola de idiomas. Toni, seu pupilo mais introvertido, não se encaixa no tipo de pessoa que costuma visitar o local; nem o estranho grupo de amigos que está com ele. Depois de um encontro furtivo entre os dois, Carlos tentará ficar longe de Toni. Mas será difícil apagar o vestígio do jovem, ainda mais quando o mistério em torno do garoto e seus amigos acaba sendo o aspecto mais atraente da floresta excruciante.
Crítica
Juventude, sexo e morte são temas que costumam andar abraçadinhos, principalmente depois que os slashers estabeleceram a dinâmica metafórica que pune a luxúria juvenil com assassinatos sangrentos. É na tenra idade, aliás, que nos deparamos com o conceito de finitude (seja para aceitá-lo ou rejeitá-lo), e nada mais natural do que ceder aos impulsos de um corpo em ebulição como forma de compensar isso. Porém, a temática já foi e ainda é vista na linguagem audiovisual recorrentemente, exaurindo grandes possibilidades de inovação. Amor Eterno, entretanto, tenta criar uma atmosfera própria, uma identidade toda sua, e, nesse percurso, esquece de debater seus temas.
Debruçando-se sobre Carlos (Joan Bentallé), professor de chinês em um escola de ensino médio e frequentador de um bosque usado como ponto de encontro, sexo e orgias, o filme logo introduz também Toni (Aimar Vega), seu aluno e, posteriormente, amante. Além da conturbada relação entre adulto e adolescente, a trama também é pontuada por um assassinato que ocorre nesse mesmo bosque, que, apesar de violento, não impede as pessoas de continuarem indo até lá.
Com planos longos que descortinam atos sexuais intercalando outros momentos mais contemplativos e visualmente interessantes, como a panorâmica de 360o que acompanha Toni em uma festa, além de uma trilha dissonante e que oprime o espectador com seus acordes altos e enfáticos, Amor Eterno surge quase como um ensaio do que seria o ótimo (e brasileiro) Mate-Me Por Favor (2016), unindo essa abordagem a uma temática que também compartilha com aquele filme. Porém, diferentemente do projeto de Anita Rocha da Silveira, o longa de Marçal Forés se perde no estilo, esvaziando-se de seu conteúdo, tornando-o raso, de pouco impacto e nada instigante para reflexões.
Parece mais que Forés pensou o roteiro de um curta, e ao invés de desenvolvê-lo para um longa, simplesmente o inchou na montagem, se recusando a abandonar planos de que gostou muito. Mas esqueceu que essa linguagem precisa significar algo, transmitir alguma coisa que não apenas um estilo – e mesmo que a própria forma fosse a atração do projeto, lhe falta magnetismo. Algumas coisas são bonitas de se ver, mas na maior parte do tempo, é tudo apenas estranho. E o pior de tudo, sem que isso pareça ser o seu objetivo – e causar desconforto e gerar estranheza são coisas bem diferentes.
O protagonista, vivido por Bentallé, coitado, até tenta conceber Carlos como uma figura interessante, que não perde a postura mesmo frente à situações que poderiam ser constrangedoras – intuindo um homem que dedicou a vida toda à carreira de professor. Mas o filme não o aproveita, e menos ainda o jovem Aimar Vega, que tem chance de fazer menos ainda, construindo Toni como o personagem unidimensional que é. No final fica uma mensagem que tenta sem muito esforço contrapor a visão juvenil e a adulta do amor, “ilustrando” (é?) como um se entrega a ele de forma incondicional, enquanto a outra é cética e ponderada. A coisa é que não funciona, não impacta, não reflete, não perturba, não nada.
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