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Sinopse
Em A Última Loucura de Mel Brooks, um diretor decadente precisa salvar sua carreira e um estúdio falido com a mesma ideia: realizar um grande filme mudo. Para isso, junto com outros dois companheiros, tenta contratar o maior número possível de atores famosos para produzir um sucesso. Enquanto isso, um grupo de credores do estúdio tenta frustrar seus planos. Comédia.
Crítica
O ano de 1974 foi um dos melhores para Mel Brooks. Ao lançar dois de seus maiores êxitos de crítica e público, Banzé no Oeste e O Jovem Frankenstein, o cineasta atingia o ápice de uma cinematografia repleta de acertos. Seu projeto seguinte já antecipava a responsabilidade de fazer com que um raio caísse no mesmo lugar pela terceira vez, porém não foi exatamente o que aconteceu com A Última Loucura de Mel Brooks. Ainda que funcione como uma divertida homenagem aos clássicos mudos norte-americanos, o filme carece da verve ousada e incorreta do realizador, mas suas piadas em série são divertidas o suficiente para fazer valer os quase 90 minutos de duração do filme.
Pela primeira vez Brooks é protagonista em um de seus próprios filmes. Aqui ele interpreta o cineasta Mel Funn, que, desesperado por um sucesso comercial, convence seu produtor a realizar um filme inteiramente mudo para salvar da falência o fictício estúdio Big Picture. Ele consegue o sinal verde, mas com a condição de conquistar as maiores estrelas de Hollywood para protagonizar seu filme – missão que ele divide com seus sócios Marty Feldman (Marty Eggs) e Dom DeLuise (Dom Bell).
Uma vez apresentada a premissa, a comédia se desenrola com uma série de gags e esquetes em que o trio tenta convencer várias celebridades a embarcar na proposta – Burt Reynolds, James Caan, Paul Newman, Liza Minnelli e a então esposa de Brooks, Anne Bancroft, são algumas delas. E como o título original da produção antecipa, trata-se de um filme mudo sobre um filme mudo, sendo que a única palavra proferida ao longo de A Última Loucura de Mel Brooks é advinda da fonte mais improvável: do mímico francês Marcel Marceau.
O conceito, é claro, segue as regras dos clássicos filmes mudos com os diálogos apresentados por letreiros que interrompem a narrativa. No entanto, Brooks se vale desse artifício como gag em diversos momentos, como quando em sua articulação percebemos a ofensa “Seu filho da p***” e o letreiro traduz “Seu garoto levado!”. Com uma trilha sonora condutora e envolvente aliada a uma série de efeitos sonoros toscamente oportunos, Brooks constrói uma divertida aventura que, quando começa a cansar o espectador, logo atinge seu clímax e garante novas gargalhadas.
A Última Loucura de Mel Brooks segue mais o ritmo e atmosfera de O Irmão Mais Esperto de Sherlock Holmes (1975), lançado pouco tempo antes e com uma participação não creditada de Brooks, do que as características marcantes dos filmes anteriores do diretor. O flerte com o cinema mudo também não se desenvolve suficientemente para garantir inventividade ao artifício do qual o cineasta se vale, e apenas emula aqui e ali algumas sequências já consagradas de clássicos como Em Busca do Ouro (1925) de Charles Chaplin. Apesar destes e outros pesares, a comédia cumpre o que parece prometer e ainda carrega alguma nostalgia da fisicalidade de Os Três Patetas e do humor cativante dos Irmãos Marx.


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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Conrado Heoli | 7 |
Chico Fireman | 8 |
MÉDIA | 4 |
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