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Sinopse

O jovem Pipe é convidado por seu pai, um eremita, a participar de uma busca pelo tesouro perdido do inca Atahualpa. Enquanto se aventuram na selva, entende que não podem escapar dos demônios que viajam com eles.

Crítica

Logo de início, o diretor e protagonista Jamaicanoproblem chama atenção ao homenagear em A Son of Man o movimento Cinema Novo com uma pequena apresentação circense do que está por vir: uma expedição folclórica em busca de relíquias escondidas pela civilização Inca no Equador. Em seguida, parece mergulhar num forte clichê ao convidar (por correspondência mágica, aos moldes de Harry Potter) um rapaz latino, radicado nos EUA, para enfrentar perigos pelo lendário tesouro de Atahualpa. Entretanto, é ao quebrar a Jornada do Herói na primeira metade do filme que a obra equatoriana se mostra ambiciosa e original – mesmo intervalada por momentos massivos e que em nada acrescentam a história.

Com uma direção sincera, pois não esconde suas predileções, esse drama abusa de voos de drones, closes em elementos típicos do Equador e manifestações artísticas excêntricas do protagonista Luis Felipe Fernandez-Salvador y Campodonico (nome real de Jamaicanoproblem). Na história, Luis herda a fortuna e a obsessão do pai que morreu ao tentar descobrir onde estava escondido o tesouro indígena. Sua missão é também treinar o filho, Pipe, para viver essa emoção rumo ao desconhecido.

A trilha sonora que mistura Heavy Metal com danças típicas latinas, as correlações do grupo expedicionário do personagem principal com a guerrilha de Fidel/Che e as incessantes metáforas jogadas ao expectador confundem, mas também instigam a não desviar os olhos da trama. São nesses momentos, quando misturam realismo e surrealismo, que a obra de Jamaicanoproblem se afasta dos pilares estabelecidos por Joseph Campbell – que o próprio diretor “brincou” de utilizar no começo da obra, evidenciando que belas rotas do destino traçadas por um britânico se tornam rapidamente trágicas comédias, ao passo que encontram o inconstante e mágico continente latino americano.

Também alicerçado na análise social, o roteiro pincela diversas críticas – ainda que indiretas – aos colonizadores, pois estes cometeram diversos erros de rota, foram desenganados por sua ganância e fracassaram em seus objetivos por desvalorizar a cultura indígena/latina. A Son of Man perde força dramática pela inexpressividade de seus atores – que não são suficientes em seus esforços, frente ao trabalho do protagonista – mas ganha pontos por sua coragem e caráter experimental.

Segundo o realizador e ator, a produção foi inteiramente filmada sem roteiro e baseada numa história real. Surpreendentemente, mesmo que de forma cínica por prometer ou subverter obviedades, o longa se revela uma grata surpresa por sua capacidade de mutação e revisão de importâncias da cultura andina com forte influência de manifestações do pop contemporâneo.

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios e revistas como colunista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]

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