Crítica
Ter personalidade própria é uma qualidade desejável em qualquer manifestação cultural. O longa argentino A Parte Ausente pode ser acusado de muitas coisas, mas certamente o filme transborda em personalidade.
Essa característica se faz presente desde o começo, quando somos informados que se trata de uma história futurista, quando manifestações genéticas trazem sérias consequências aos seres humanos. Depois dessa contextualização que não é comum no cinema latino o filme passa a testar elementos de alguns gêneros cinematográficos.
A trama começa como um clássico noir. O protagonista (Alberto Ajaka, de 8 Tiros, 2013) é um mercenário que recebe uma cliente femme fatale (Celeste Cid, de Alguns Motivos para não se Apaixonar, 2008) que lhe encomenda a morte de um homem perigoso (Guillermo Pfening, de O Médico Alemão, 2013). Chockler começa então o trabalho de investigação para descobrir o paradeiro de seu alvo e, no processo, desvendar quem é sua contratante. A mistura do elemento futurista com uma premissa noir traz à memória Blade Runner: O Caçador de Androides (1982).
Conforme o herói se embrenha no submundo genético, o roteiro ganha complexidade demais. Ao final, é difícil ter a compreensão total dos acontecimentos, uma vez que o filme se empolga em manter sua personalidade dramática e imagética. Clichês cinematográficos desfilam pela tela – o que não é de todo mal, se tivessem um pouco mais de relevância no conjunto.
Além do visual criativo e obscuro, outro ponto positivo em A Parte Ausente é a trilha musical, apesar de ser mal inserida em algumas cenas. Os temas estão em contato com a música eletrônica, o que aproxima a produção de Drive (2011). Infelizmente boas referências não são suficientes para garantir um bom filme.
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