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Sinopse

Às vésperas de vender sua empresa milionária, Robert Miller, um magnata da bolsa de valores, envolve-se em um acidente de trânsito, causando a morte de uma pessoa. Para preservar sua imagem, ele esconde sua responsabilidade no caso. Mas um investigador está disposto a descobrir o verdadeiro culpado.

Crítica

A crise financeira norte-americana que nasceu em 2008 mal foi superada, mas já serviu como temática a um número considerável de produções cinematográficas. De filmes inteligentes e relevantes, como Margin Call: O Dia Antes do Fim (2011) às obras menos interessantes, onde se destaca a oportunista A Grande Virada (2010), a delicada fase econômica dos Estados Unidos segue rendendo intrigantes roteiros. Com considerável sucesso, o primeiro longa-metragem ficcional de Nicholas Jarecki, A Negociação, merece figurar entre os principais títulos sobre o assunto.

No período de uma semana, a vida do empresário Robert Miller vai da calmaria ao desespero. Após manipular livros contábeis e apostar em negociações arriscadas, ele decide vender sua empresa para um banco antes que suas fraudes sejam descobertas. Tentando manter as aparências, Robert se vê ainda mais encurralado pela pressão exercida por sua esposa, pela filha contadora e também por sua amante – esta que, após um acidente, o coloca numa situação ainda mais complicada.

Richard Gere é a personificação da ambiguidade moral na pele de Miller, personagem que mantêm ocultas suas imprudências fiscais a fim de preservar o alto estilo da vida que leva. Numa de suas mais impressionantes performances, quiçá a melhor de todas elas, Gere evidencia as lacunas éticas no caráter de Robert Miller sem se tornar excessivo ou pouco crível, aproveitando sua maturidade para se esquivar de possíveis maneirismos. Até mesmo Susan Sarandon e Tim Roth, que obviamente possuem menos tempo de tela, são eclipsados pelo trabalho de Gere. Não fosse um bom filme, A Negociação poderia ser salvo pelo seu protagonista – o que felizmente não é o caso.

Num misto entre thriller e estudo de personagem, Nicholas Jarecki constrói um suspense adulto permeado por mistérios que se revelam precisamente no desenrolar de sua narrativa. Com apenas 25 anos, o cineasta se deparou com os desafios de levar às telas seu intricado roteiro e dirigir atores como Gere, Sarandon e Roth. Autor do livro Breaking In: How 20 Film Directors Got Their Start, publicado quando tinha 19 anos, o nova-iorquino já estudava maneiras de se lançar como cineasta, o que não poderia fazer de maneira mais acertada.

Em tempo: vale prestar atenção na bela Brit Marling, atriz que figura em A Negociação como a filha de Robert Miller. Após roteirizar e protagonizar os bons dramas independentes A Outra Terra (2011) e A Seita Misteriosa (2011), ela se destacou no suspense O Sistema (2013), o qual também roteiriza e estrela ao lado de Ellen Page, e no filme dirigido e estrelado por Robert Redford, Sem Proteção (2012).

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.
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