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Sinopse

Foram turbulentos os primeiros anos de reinado de Vitória. Coroada em meio a um clima hostil decorrente da disputa pelo trono, ela se aproxima cada vez mais de Albert, príncipe da Bélgica, e é cortejada pelo primeiro-ministro inglês, Lorde Melbourne.

Crítica

Houve um entrave preocupante àqueles que estiveram envolvidos com a monarquia britânica no início do século XIX, e ele dá título ao filme que recorta um período da vida da moça que ficou conhecida como A Jovem Rainha Vitória (2009). Próxima daquela que é considerada a maioridade em nosso país, Vitória estava prestes a tomar o trono da Inglaterra, mas não com a benção daqueles que a cercavam. Enquanto muitos insistiam para que ela cedesse ao governo em favor de algum regente, ela persistiu e, contra todos, aguardou o título e a posição que lhes eram de direito – independentemente de sua idade ou inexperiência.

Assim se inicia o drama histórico A Jovem Rainha Vitória, filme co-produzido entre Estados Unidos e Reino Unido que remonta os primeiros anos da era vitoriana – esta que viria a definir um longo período britânico reconhecido pela prosperidade e crescimento de sua população, assim como de grande valor para a ascensão das artes. Curiosamente, o filme foi lançado no Brasil dois dias antes do aniversário de 173 anos da cerimônia que coroou a Rainha Vitória e fez com que tal era tivesse início. Talvez pecando pelo excesso de narrações, principalmente quando estas são feitas por meio da leitura de cartas, o filme enfatiza as relações de Vitória a partir do momento que soube de seu futuro posto na monarquia britânica. Sua história é rapidamente apresentada e então a produção desenvolve de forma bastante romanceada o envolvimento de Vitória com o Príncipe Albert e com Lorde Melbourne, que passam a servir a nova rainha como conselheiros e a serem os principais candidatos a esposo da mesma.

Fica evidente que certas liberdades são tomadas no filme e que o mesmo passa a ganhar um tom desnecessariamente melodramático, porém a intenção de se utilizar o romance para conduzir a narrativa fica explícita desde o início da projeção – o que torna tais liberdades compreensíveis. Embora o foco central do filme esteja no relacionamento amoroso de Vitória, o roteiro de Julian Fellowes, de Assassinato em Gosford Park (2001), ainda dá espaço para uma satisfatória apresentação do período histórico na Inglaterra e das condições políticas e sociais na época em que esta rainha assumiu o trono britânico. A Jovem Rainha Vitória acumula vários outros acertos, começando pela direção competente de Jean-Marc Vallée, que havia apresentado sua capacidade no canadense C.R.A.Z.Y. – Loucos de Amor (2005). Vallée possui uma direção ágil e mostra versatilidade num gênero reconhecido pela monotonia, empregando ritmo em sequências que, em tantos outros filmes, servem meramente como espaços de transição – como na preparação do castelo para um grande jantar. Sua condução é nitidamente beneficiada pela grande equipe que o cerca, que apresenta belos exemplos de direção de fotografia e arte, sem esquecer do incrível figurino.

Ainda sobre o figurino, o trabalho de pesquisa histórica de Sandy Powell, que foi merecidamente laureada (mais uma vez) com o Oscar e com o prêmio de seu sindicato, salta aos olhos pela fidedignidade com as imagens que se encontra da jovem monarca e de seus contemporâneos na aristocracia inglesa. Se a deslumbrante Emily Blunt, mesmo excepcional no papel, não se pareça fisicamente com a robusta rainha, os figurinos de Powell se encarregam da tarefa de torná-la mais próxima à imagem da mesma. Mesmo sem os traços e muitas curvas da rainha, Blunt desenvolve uma personagem vulnerável e invariavelmente empática, apoiada na imagem de uma jovem confusa por aqueles ao seu redor e suas difíceis escolhas – que resultariam em mudanças definitivas não apenas para si, mas para todo seu reinado.

Ainda no elenco, de várias e significantes presenças, destacam-se Miranda Richardson, como a mãe manipulada e manipuladora, Jim Broadbent, como o excêntrico tio de Vitória, e Mark Strong, que, mesmo coadjuvando, toma para si a maioria das cenas em que figura. No entanto, Rupert Friend e Paul Bettany, que são as presenças masculinas principais, apenas preenchem o elenco de faces conhecidas, mantendo desempenhos pouco notáveis. Por fim, A Jovem Rainha Vitória é um filme que merece ser visto e que facilmente agrada. Com uma trama interessante que serve bem o gênero do drama de época, funciona por apresentar no contexto histórico uma história de amor atemporal, além de possuir passagens memoráveis - adjetivo que cabe ainda e principalmente à sua irretocável produção artística.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.
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