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Sinopse

Moradora de uma pequena aldeia francesa, Bela tem o pai capturado pela Fera e decide entregar sua vida ao estranho ser em troca da liberdade do progenitor. No castelo ela conhece objetos mágicos e descobre que a Fera é na verdade um príncipe que precisa de amor para voltar à forma humana.

Crítica

Escrever sobre A Bela e a Fera é, ao mesmo tempo, uma das tarefas mais agradáveis, mas também das mais difíceis de se fazer. Isto porque o filme é, com certeza, um dos meus cinco preferidos de todos os tempos. Talvez o elo seja mais sentimental do que qualquer outra coisa. Afinal, foi a primeira animação que vi nos cinemas, quando ainda tinha seis anos de idade, e também meu primeiro VHS (alguém lembra quando isso existia?). Ainda assim, vinte e um anos depois – e após ter assistido trocentas vezes – é difícil ressaltar algum defeito neste que foi o primeiro desenho animado a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme. Isto numa época em que nem havia a categoria de Melhor Animação.

A trama é aquele velho e clássico conto de fadas que todos conhecem: a intelectual Bela vive com seu pai, Maurice, um inventor meio doido, em um vilarejo francês. Cortejada pelo troglodita e aventureiro Gaston, a protagonista não quer saber de um fanfarrão, mas sim apaixonar-se por um homem de verdade que a respeite e admire seus gostos (especialmente pela literatura). Pois quando seu pai se perde no caminho de um concurso de invenções e vai parar num castelo mal assombrado, ela parte em busca dele e conhece a Fera. Na verdade, um príncipe egoísta que, após recusar ajuda a uma pobre bruxa, acabou sendo amaldiçoado, assim como todos ao seu redor. E os que habitam este castelo só se tornariam humanos de novo quando a Fera aprendesse a amar e fosse amada de verdade por alguém. Obviamente não é preciso adivinhar o fim da história.

Este clássico dos estúdios Disney apresenta elementos universais que se adequam a todo o tipo de público, especialmente pelos seus personagens. Temos uma (com o perdão da redundância) bela protagonista, cheia de valores, esperta, inteligente e que não leva desaforo pra casa. Seu amor, uma fera insegura, egoísta, grosseira, que só começa a perceber a simplicidade e as virtudes da vida adulta quando se apaixona de verdade. Um antagonista (Gaston) que só quer saber de manter sua fama de machão, mesmo que para isso tenha que acabar com todos em seu caminho. Sem contar nos coadjuvantes, hilários e inesquecíveis, especialmente a dupla formada pelo candelabro Lumiere e o relógio Horloge, além da ainda a xícara-mirim Zip e de todos os móveis e utensílios da casa. A cena de dança no jantar em que praticamente todos aparecem é uma das mais espetaculares da história da animação.

Porém, talvez o que mais impressiona seja que, numa obra aparentemente infantil, a história de amor seja tão bem contada, de forma lenta, sem atropelos. Desde a implicância inicial entre os dois protagonistas até o surgimento da paixão, músicas e verdadeiras sequências de arte são apresentadas ao espectador. Não tem como ficar imune à cena em que ambos brincam de jogar bolas de neve um no outro quando estão, aos poucos, cedendo aos sentimentos. Por sinal, mesmo a principal música dublada da produção consegue ser uma das mais belas das trilhas sonoras já existentes. Especialmente quando a ouvimos ao mesmo tempo em que assistimos a uma valsa. Assim como é impossível não sentir um nó na garganta quando a Fera, já ciente de seu amor, liberta Bela de seu cativeiro e a deixa partir, mesmo que isso signifique a maldição eterna. Ou chorar ainda mais quando Bela vê a Fera quase morta e declara seu amor para o então já fadado “felizes para sempre”. Enfim, apenas algumas das cenas marcantes que ficam eternamente na memória de quem assiste.

Orçado em 25 milhões de dólares, arrecadou quase 350 milhões ao redor do mundo. Detalhe é que talvez, se fosse lançado hoje em dia (em meio a tantos avanços tecnológicos na área da animação), A Bela e a Fera não tivesse a mesma força de 21 anos atrás. Digo talvez porque não é apenas a animação em si que torna este filme um dos mais belos da cinematografia mundial. Ele retrata uma história de amor das mais clássicas: do bonito que se apaixona pelo feio, que no interior tem muito mais beleza do que se podia imaginar. E contra este tipo de história fica difícil de torcer contra. Pelo contrário. É paixão à primeira vista.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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