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Seitas misteriosas, grupos ocultos, reuniões a portas fechadas, apertos de mão secretos, sacrifícios pelo bem (ou mal) comum. Essas são apenas algumas características que vêm à cabeça quando pensamos em sociedades secretas, um conceito que volta aos cinemas em grande estilo com o lançamento de Inferno, mais uma adaptação da obra do escritor best-seller Dan Brown. Neste novo filme, o simbologista Robert Langdon (Tom Hanks) precisa enfrentar um grupo escuso que pretende liberar um vírus capaz de eliminar boa parte da população. Aproveitando o ensejo, a equipe do Papo de Cinema resolveu relembrar filmes que trouxessem em sua trama a presença dessas sociedades secretas tão presentes na ficção – e tão escondidas, ao mesmo tempo, aos nossos olhos. Boa leitura!

 

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O Homem de Palha (The Wicker Man, 1973)
Produção das mais elogiadas e cultuadas do Reino Unido, o longa-metragem dirigido por Robin Hardy acompanha a trajetória do sargento Howie (Edward Woodward) em sua busca por uma criança desaparecida. Sua investigação o leva até a ilha de Summerisle, onde ele encontra uma comunidade diferente dos seus padrões. Cristão convicto, Howie percebe que os habitantes daquele lugar idolatram deuses pagãos e que o sumiço da criança pode ter a ver com essa seita misteriosa. Para não revelar muito da trama de suspense, basta dizer que Christopher Lee – o inesquecível ator de tantas produções de terror da Hammer – é o líder da comunidade e pretende sacrificar uma inocente criatura em um ritual. Poucas coisas são tão assustadoras quanto seitas macabras e Hardy, com habilidade ímpar, imprime em seu longa-metragem uma atmosfera assustadora, caprichando na paranoia e na força das crendices populares. A cena do homem de palha em chamas é antológica e é um fechamento angustiante para a história. Em 2006, Hollywood inventou de fazer um remake com Nicolas Cage como protagonista – e o resultado, como era de se esperar, ficou aquém das expectativas. – por Rodrigo de Oliveira

 

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Convenção das Bruxas (The Witches, 1990)
Clássico dos anos 90, este filme de fantasia e horror é baseado no livro de Ronald Dahl, conhecido pelo clássico A Fantástica Fábrica de Chocolate. Dirigido pelo inglês Nicolas Roeg, a trama gira em torno de um jovem garoto que é transformado em rato após presenciar a reunião de um grupo de bruxas que planeja sumir com as crianças de diversos vilarejos ao redor do globo. Decidido a pará-las, ele, transformado em roedor, tentará ao máximo dificultar a vida do grupo e salvar os pequenos de um terrível futuro. Estas senhoras que aparentam ser caridosas, escondem por debaixo de máscaras algumas das mais horríveis feições e também poderes imensos. Secretas e lideradas pela sensual senhorita Eva Ernst, interpretada maquiavelicamente por Anjelica Huston, o coletivo caminha pelas sombras com o objetivo de desaparecer com os pequenos. Roeg construiu seu filme desconsiderando o final misógino e desesperançoso de Dahl e também incluiu um tom ainda mais macabro à adaptação como somente ele seria capaz. Longe de ser um filme somente para crianças, é uma produção digna de análise pelos seus bons ou péssimos motivos. – por Renato Cabral

 

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MIB: Homens de Preto (Men in Black, 1997)
Entusiastas de teorias da conspiração certamente já ouviram histórias sobre os Homens de Preto. Reza a lenda que essas figuras se identificam como membros de alguma organização governamental e surgem para ameaçar ou intimidar ufólogos (estudiosos de evidências de vida extraterrestre) e acobertar supostos incidentes relacionados a OVNIs. São frequentemente descritos como homens bem-vestidos, mas que não parecem exatamente humanos: são pálidos, sem cabelos, cílios ou sobrancelhas e agem de uma maneira apática, quase robótica. Verdade ou mito, esses Homens de Preto estão bem distantes de K (Tommy Lee Jones) e J (Will Smith) no longa de Barry Sonnenfeld. Nesta adaptação da história em quadrinhos da Marvel, os seres extraterrestres que buscam refúgio na Terra vivem escondidos entre os humanos; cabe aos heróis a tarefa de manter a presença dos alienígenas em segredo, para evitar pânico e histeria. Repleto de ação e efeitos especiais – que não envelheceram tão bem, mas funcionam para a época -, o filme cria um universo leve e excêntrico, tornando-se um blockbuster extremamente divertido. O grande charme do longa, porém, está nas excelentes performances de Jones e Smith, responsáveis pela dinâmica entre mentor rabugento e novato bem-humorado que se tornou marca registrada da franquia. – por Marina Paulista

 

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De Olhos Bem fechados (Eyes Wide Shut, 1999)
O filme-testamento de Stanley Kubrick causou enorme furor e controvérsia tanto por seu aspecto póstumo quanto pela expectativa frustrada relacionada ao conteúdo sexual envolvendo o então casal na vida real Tom Cruise e Nicole Kidman. Na trama, inspirada no conto Traumnovelle, de Arthur Schnitzler, Cruise vive Bill, um bem-sucedido médico casado com a curadora de arte Alice (Kidman). Após voltarem de uma festa natalina onde ambos flertam com estranhos, Alice revela ao marido ter sentido atração por outro homem. A informação deixa Bill desnorteado, fazendo-o embarcar numa série de encontros bizarros pela noite nova-iorquina. Nessa jornada, o médico é convidado por um amigo pianista para uma misteriosa celebração. Através da senha secreta, Fidelio, ele adentra um suntuoso palácio onde membros da elite, vestindo capas e máscaras venezianas, assistem e participam de uma gigantesca orgia seguida de um macabro ritual, que inclui um suposto sacrifício. Kubrick registra o submundo dessa sociedade secreta, com simbolismos possivelmente inspirados na magia sexual do ocultista britânico Aleister Crowley, com seu magistral apuro estético, criando uma atmosfera opressora e hipnotizante através da fotografia requintada e da trilha sonora tétrica. Ainda que não seja nominada no filme, reza a lenda que a seita apresentada seria uma referência aos Illuminati. – por Leonardo Ribeiro

 

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Clube da Luta (Fight Club, 1999)
A primeira regra do Clube da Luta é: ninguém fala do Clube da Luta. A frase ficou imortalizada não apenas na filmografia de David Fincher, na história recente do cinema ou no imaginário pop. Ela é uma síntese de toda a história que envolve o protagonista anônimo interpretado por Edward Norton, sua parceira de farsa Marla Singer (Helena Bonham Carter) e o aparentemente não tão misterioso Tyler Durden (Brad Pitt). Da rotina do homem sem nome como um analista de recall que sofre de insônia para a “porradaria” que estabelece com Durden para extravasar seus sentimentos, pensamentos e filosofia que atrai diversos seguidores, Fincher propõe um pensamento crítico a respeito da sociedade de consumo. Muito além de um final surpreendente e que faz todo o sentido, o longa utiliza esta sociedade secreta de “lutadores” amadores como o principal questionamento sem culpar ou ser anticapitalista, indo muito mais além na forma com que ele é inserido na mente coletiva. Não à toa o uso da violência extrema como metáfora disso tudo. Afinal, como externar emoções retraídas sem explosões? Um ponto altíssimo na carreira de todos os envolvidos e, porque não dizer, um clássico contemporâneo. – por Matheus Bonez

 

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Guardiões da Noite (Nochnoy Dozor, 2004)
Desde os primórdios, existe uma guerra entre luz e trevas que define os rumos do universo, embora seus agentes sejam tratados como mitos pelas diversas civilizações por eles ocultamente defendidos ou atacados. Esta aventura pirotécnica do diretor Timur Bekmambetov, responsável por, inclusive, abrir as portas de Hollywood, onde o russo hoje em dia desenvolve sua carreira, é povoada de seres fantásticos, principalmente vampiros, bruxas e mutantes. Essas verdadeiras sociedades secretas, com regras próprias de funcionamento milenar, estão perto de se deparar com um evento apocalíptico quando nasce aquele cuja escolha determinará o resultado da batalha. Isso, inclusive, põe fim a uma trégua que já durava mais de mil anos, entre Gesser (Vladimir Menshov), Lorde da Luz, e Zavulon (Viktor Verzhbitskiy), General da Escuridão, por meio da qual o livre arbítrio ficara estabelecido como inalienável. Uma vez que a decisão de alguém entregará a vitória a um dos lados, recomeça a guerra pelas ruas de Moscou, com direito a uma enxurrada de efeitos especiais, ação frenética, tudo em meio à construção de uma mitologia interessante, ainda que calcada em diversos exemplares similares, ou seja, sem qualquer originalidade, mas com potencial para divertir bastante.  – por Marcelo Müller

 

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A Lenda do Tesouro Perdido (National Treasure, 2004)
Embalado pelo sucesso literário de O Código Da Vinci e o anúncio de sua adaptação, Hollywood logo tratou de gerar seus filmes genéricos envolvendo tramas de segredos que perpassam gerações e que guardam grandes mistérios não resolvidos. Desenvolvida pela Disney, esta produção estrelada por Nicolas Cage o coloca como um historiador e criptologista amador chamado Benjamin Franklin Gates. Ele acaba envolvido em uma caça a obras de arte, artefatos milenares e joias reunidas através dos séculos e descobertos pelos Cavaleiros Templários, que deviam proteger estas peças. Elas logo passaram para os maçons americanos durante a Guerra Revolucionária Americana. Atrás da escritura da Declaração da Independência do país, Franklin encontra um mapa que o levará ao tesouro reunido por essa sociedade secreta. Os percalços são muitos e o diretor Jon Turteltaub, junto de quatro roteiristas, se vale do imaginário maçônico que está intrínseco na cultura americana para recriar uma trama que mistura desde Indiana Jones até Dan Brown. O filme é um bom entretenimento e nada mais além de um Nicolas Cage cada vez mais canastrão, mas muito carismático. – por Renato Cabral 

 

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O Código Da Vinci (The Da Vinci Code, 2006)
Embora já tivesse alguns volumes lançados, foi apenas quando publicou o livro que deu base a este longa-metragem que o escritor Dan Brown ganhou o mundo com a publicidade gerada da rejeição católica em torno de sua obra. Tendo como base de sua aventura o mito do Santo Graal, o escritor aproveitou para abordar pontos polêmicos como o relacionamento de Maria Madalena com Jesus Cristo, os Templários e, claro, os segredos por trás das pinturas do mais famoso nome dessa arte. Aqui, assim como no livro, quem guarda esses mistérios é o Priorado de Sião, uma sociedade secreta formada há muitos séculos e que tem como missão proteger a suposta linhagem de Cristo. Quando seu grão-mestre é assassinado dentro do Museu do Louvre deixando uma série de pistas peculiares sobre seu assassino, o professor Robert Langdon (Tom Hanks) é chamado e se junta à criptógrafa Sophie Neveu (Audrey Tautou) para decifrá-las. Porém, ele acaba sendo considerado o principal suspeito, tendo que fugir da polícia francesa e por um membro radical da Opus Dei. Logo, sua única solução para se safar é chegar ao fundo do mistério envolvendo o Santo Graal e o Priorado – o filme é embalado por uma ótima trilha de Hans Zimmer e a direção elegante de Ron Howard. – por Yuri Correa

 

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O Procurado (Wanted, 2008)
Wesley Gibson (James McAvoy) é um verdadeiro perdedor. Tem um emprego que detesta, é traído pela namorada e não consegue ouvir nenhum desaforo sem ter um forte ataque de ansiedade. Mal ele sabe que sua vida mudará drasticamente após ser encontrado por Fox (Angelina Jolie), uma assassina que revelará a verdade sobre os seus antepassados. Diferente do que o rapaz imaginava, seu pai é um grande assassino, assim como Fox. Eles pertencem ao grupo secreto denominado Fraternidade, capitaneado por Sloane (Morgan Freeman). Wesley descobre que seu pai foi assassinado por um membro desgarrado do grupo e agora precisa treinar para vingar sua morte, pois apenas ele poderá dar conta do trabalho. A ideia da Fraternidade é um dos pontos mais interessantes do filme, uma sociedade secreta que elimina figuras que fariam mal a humanidade. Mesmo que mude drasticamente o conceito de seu material de origem – Procurado é baseado em uma graphic novel – Timur Bekmambetov conseguiu em seu primeiro trabalho em Hollywood imprimir um estilo que funciona muito bem aos seus propósitos, mesmo não sendo muito original – as irmãs Wachowski estão aí para clamar a paternidade por várias ideias surrupiadas de Matrix (1999), inclusive. – por Rodrigo de Oliveira

 

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Os Agentes do Destino (The Adjustment Bureau, 2011)
Eles estão à nossa volta, com seus chapéus e paletós, prontos para interferir em nossas vidas caso nossa trajetória saia dos planos traçados pelo Chairman, uma espécie de divindade para essas figuras. Eles são os agentes do destino do título, um grupo secreto que faz de tudo para que as coisas saiam como o planejado. Os agentes não esperavam, no entanto, que o amor de um político carismático com uma bailarina poderia pôr tudo a perder. David Norris (Matt Damon) é um candidato ao Senado americano que se apaixona perdidamente pela bela Elise (Emily Blunt), mas é impedido por esses homens misteriosos de se aproximarem dela. Temendo passar por maus bocados, David tenta deixar Elise de lado, mas não consegue, empreendendo um plano para se livrar de seus antagonistas e conseguir viver ao lado daquela mulher. Baseado na obra de Philip K. Dick, Os Agentes do Destino é um thriller de ação bastante decente, com elenco de apoio afiado – Terence Stamp, Anthony Mackie e John Slattery são destaques – e um casal protagonista que nos faz torcer por aquele romance. – por Rodrigo de Oliveira

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