Ficção científica e robôs tem tudo a ver. Com cinema, mais ainda. Não faltam filmes e personagens marcantes quando se fala no gênero. Não à toa que todo ano exista ao menos um filme sobre o assunto. Desta vez chega às telas Chappie, o novo longa de Neill Blomkamp. O título é uma referência ao protagonista, uma criança que, na verdade, é um robô. O primeiro a ter sentimentos e pensamentos próprios no mundo desta ficção. Assim como muitos dos títulos aqui listados neste top 10, ele é perseguido pelo seu diferencial em relação ao resto do mundo. Mas é claro que há outros tipos, como os opressores ou aqueles que só querem uma vida tranquila. Na nossa listagem da semana, escolhemos os dez melhores filmes com robôs como protagonistas ou coadjuvantes de respeito. Qual o seu favorito? Confira!

 

Metrópolis (Metropolis, 1927)
Um dos filmes mais influentes de todos os tempos, Metrópolis se ambientava num futuro longínquo e distópico quando foi produzido, porém permanece assustadoramente atual e pontual como uma representação alegórica da sociedade contemporânea. Esta fábula épica de Fritz Lang, de narrativa convincente repleta de um idealismo ambicioso, apresenta uma cidade futurista na qual apenas a parte rica da população desfruta de uma vida plena, enquanto a classe trabalhadora é escravizada por máquinas no subsolo da cidade. Entre os operários está Maria, que reúne os empregados para reivindicar seus direitos, sem saber que uma versão robótica e maléfica de si mesmo espalhará o caos pela cidade. Dotado de um design de produção e efeitos especiais impressionantes ainda hoje, Metrópolis se insere no cinema ao despertar da ficção científica, enquanto concentra modernismo e expressionismo a uma narrativa de proporções wagnerianas e discurso notoriamente marxista. O diretor de fotografia Karl Freund representa lindamente a concepção de Lang para este mundo, extremamente bonito em superfície, porém sombrio e depressivo em seu interior. Metrópolis é uma obra-prima obrigatória que ratificou o nome de seu realizador entre os mais consagrados autores do cinema alemão, que se manteve relevante até o fim de sua carreira. – por Conrado Heoli

 

2001: Uma Odisseia no Espaço (2001: A Space Odissey, 1969)
Mais que um clássico na filmografia de Stanley Kubrick, 2001: Uma Odisseia no Espaço é uma das obras máximas já realizadas na cinematografia mundial e não restam dúvidas. Mas no caso de interpretações, como característica de Kubrick, mesmo adaptando a partir do livro de Arthur C. Clark e com um conceito prévio, sua obra se mantém aberta às experiências e interpretações de cada espectador. Na história, dividida em quatro atos, o diretor embarca o mais próximo de um surrealismo sci-fi explorando diversas representações em relação ao espaço. O interesse de Kubrick pela capacidade do homem em criar vida e principalmente, vida artificial inteligente, é representada por HAL 9000, um computador que controla a nave de uma missão espacial em Júpiter. Segundo Margaret Stackhouse, uma estudiosa das obras de Kubrick, HAL (sigla para Computador Algorítmico Heuristicamente Programado, em português) com sua luz vermelha e voz sem expressão, é um reflexo da maldade na natureza humana. As falhas do robô demonstram certa limitação, uma demonstração de que uma força divina, como Deus, não permitiria que o homem virasse subordinado de uma criação própria tão boba. Vale lembrar que o diretor, durante as pesquisas para a produção, acabou concordando com teóricos que concordavam que computadores inteligentes poderiam, eventualmente, aprender por experiências e até mesmo desenvolver emoções humanas. – por Renato Cabral

 


Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança (Star Wars Episode IV: A New Hope, 1977)
Darth Vader, Luke Skywalker, Han Solo, Princesa Leia, Chewbacca. Qualquer referência a estes nomes remete diretamente à maior saga das galáxias já produzida nos cinemas. Mas o assunto da vez não é a importância da série no mundo cinematográfico e pop das últimas quatro décadas, então o que vem ao caso não é a Estrela da Morte ou qualquer coisa do gênero. Fato é que dois dos personagens mais marcantes de Star Wars são divertidíssimos seres tecnológicos que figuram como uma dupla impagável nos seis filmes já produzidos. C-3PO é o “dróide de protocolo” que, traduzindo em miúdos, é um relações públicas com altíssima capacidade de tradução (fluente em 6 milhões de meios de comunicação). Seu companheiro é o pequeno R2-D2, o robô que conserta astronaves. Como apenas C-3PO é capaz de traduzir os bipes e outros sons ininteligíveis de R2-D2, um vira grude do outro, mesmo que o inteligentíssimo dróide dourado feito ao moldes da Maria de Metrópolis (uma bela sacada) implique com o pequeno, rendendo situações hilárias mesmo quando a guerra do título original está no seu ápice. O melhor de tudo: eles retornam no próximo capítulo da saga no final deste ano! – por Matheus Bonez

 

Blade Runner: O Caçador de Andróides (Blade Runner, 1982)
Os replicantes se aproximam dos humanos, tornando-se ameaça. Projetados para ajudar a raça criadora, são banidos da Terra após um motim, rebaixados a meros serviçais em colônias. Alguns deles desafiam a proibição e insistem em conviver. Então, são sentenciados por andar entre os seres orgânicos que lhes deram origem. Muitos deles têm consciência da finitude breve (por conta da programação que os permite funcionar apenas por determinado período), já alguns, enxertados de memórias falsas, nem sabem de sua própria constituição inorgânica, ou seja, vivem na mais completa ignorância. Os replicantes de Blade Runner: O Caçador de Andróides possuem inquietações profundas, sofrem como nós, padecem quase dos mesmos males, sentem o peso do tempo, talvez de maneira ainda mais acentuada, além de carregarem o pecado de existir à margem. O líder dos revoltosos, interpretado por Rutger Hauer, expõe toda essa carga existencialista num dos monólogos mais marcantes do cinema: “Eu vi coisas que vocês não imaginariam. Naves de ataque ardendo no ombro de Órion. Eu vi raios-c brilharem na escuridão próximos ao Portão de Tannhäuser. Todos esses momentos se perderão no tempo, como lágrimas na chuva. Hora de morrer”.  Humano, demasiadamente humano. – por Marcelo Müller

 

O Exterminador do Futuro (The Terminator, 1984)
Após ser demitido durante as filmagens de seu longa de estreia, Piranhas 2 (1981) – que ele, claro, renega publicamente – James Cameron mostrou em O Exterminador do Futuro os primeiros sinais de seu enorme talento. Com cenas de ação intensas e um cuidado exemplar no desenvolvimento da história, Cameron revelou ser um diretor que merecia respeito, e nenhuma de suas obras seguintes representou um passo atrás nesse status. Aqui, entre figuras humanas como Sarah Connor e Kyle Reese, há o androide exterminador T-800, que praticamente lançou Arnold Schwarzenegger ao estrelato absoluto. Mesmo com as limitações de seu intérprete, o personagem foi um ótimo vilão, do tipo que parece ser indestrutível e incansável, ajudando a criar tensão em volta dos mocinhos da história. Como todos sabem, o filme se transformou em franquia e o T-800 voltou como herói no excepcional segundo exemplar e no descartável terceiro. Depois de fazer apenas uma ponta em computação gráfica no quarto capítulo, o personagem retorna este ano em O Exterminador do Futuro: Gênesis, que todos esperam que funcione, ainda que o pensamento seja de que a série devia ter ficado em apenas dois filmes. – por Thomás Boeira

 

Short Circuit: O Incrível Robô (Short Circuit, 1986)
Short Circuit: O Incrível Robô (1986) e Um Robô em Curto Circuito 2 (1988) estão presentes na memória afetiva de qualquer pessoa que tenha vivido sua infância no final da década de 1980 e na de 1990. Isto porque os filmes eram figurinha carimbada nas sessões vespertinas das tevês abertas brasileiras e apresentaram ao público o simpático e muito carismático Johnny 5. Ingênuo como uma criança, mas inteligente como adulto nenhum, o personagem alçava a imaginação infantil nas alturas não só por ser um robô cheio de vida, mas por ter humor pueril bastante apropriado para os pequenos. No primeiro filme, dirigido por John Badham, Johnny 5 é criado pelo engenheiro vivido por Steve Guttenberg e, depois de um choque, ganha vida e acaba fazendo amizade com a maluquete personagem de Ally Sheedy. No segundo filme, sem boa parte do elenco original, Johnny 5 vive aventuras em Nova York ao lado de Fisher Stevens e Michael McKean. Um remake foi anunciado em 2008, a ser produzido pela Dimenson Films, mas até hoje não viu a luz do dia. Certamente ele não teria aquele visual meio sucateado, que para a época era uma novidade incrível. Será que uma nova versão manteria a simpatia daquele robô que só queria sentir-se vivo? – por Rodrigo de Oliveira

 

RoboCop: O Policial do Futuro (RoboCop, 1987)
Entre tantos desses seres metálicos de inteligência artificial, o RoboCop se destaca por ser, na verdade, um humano preso a um corpo de robô. Provavelmente o mais clássico dos filmes de Paul Verhoeven traz como protagonista o policial Murphy (Peter Weller), que em uma violenta Detroit futurista é mortalmente ferido e mutilado por uma gangue de criminosos. Disposta a implementar um programa de segurança eficaz a fim de proteger seu novo e megalomaníaco empreendimento, a OCP usa o corpo de Murphy para experimentar o projeto do policial robô. Primeiramente um sucesso, o policial perfeito logo começa a investigar o próprio atentado e com isso, consequentemente, a empresa que o fabricou. Repleto de uma violência gore típica dos filmes de Verhoeven e de uma crítica social implícita, RoboCop gerou mais duas continuações, onde apenas a segunda, que é realmente divertida também, foi conduzida pelo diretor holandês. O sucesso e a figura icônica do homem-robô se difundiram tanto na cultura popular moderna que o personagem ganhou uma nova chance nas telonas através do remake conduzido pelo brasileiro José Padilha, que abordou o personagem politicamente, de forma muito acertada. – por Yuri Correa

 


Matrix (1999)
A realidade é um ato de fé. A sensação de que tem algo de errado com o que nos acontece desperta em Thomas Anderson, (Keanu Reeves), hacker que atua sob o codinome Neo, o desejo de descobrir o que é isto com o que nos deparamos no dia-a-dia. A investigação segue a suspeita  de que o que vemos não é o resultado de um processo natural e casual, mas um simulacro. Ou seja, o que existe seria uma cópia de algo previamente articulado. Se Deus é a explicação mística para a ordem do mundo, Matrix é a explicação tecnológica. Quando a  hacker Trinity (Carrie-Anne Moss) avisa Neo de que Morpheus (Laurence Fishburne) deseja revelar-lhe os segredos da Matrix, a trama transforma-se em uma das melhores aventuras científicas já levadas ao cinema. Lançado em 1999, ano em que as especulações apocalípticas acerca dos anos 2000 não encontravam limite, o filme dirigido pelos irmãos Andy e Lana Wachowski foi um sucesso arrebatador de crítica e público e lançou um dos personagens mais marcantes do final dos anos 1990 até hoje, o Agente Smith (Hugo Weaving), a manifestação da inteligência artificial na Matrix que atua como um policial daquele mundo virtual com personalidade e atitudes que remetem a um ciborgue. Em um mundo cada vez mais digital, Matrix acolheu os anseios dos espectadores como poucos filmes conseguiram: desconfiando da realidade e imaginando uma nova estrutura possível. – por Willian Silveira

 

A.I.: Inteligência Artificial (A.I.: Artificial Intelligence, 2001)
Um mais um nem sempre é dois. Às vezes, dependendo dos talentos envolvidos, o resultado pode surpreender. E o inverso também é possível, quando as partes envolvidas simplesmente não se conectam de acordo com o esperado. É mais ou menos o que acontece neste filme dirigido por Steven Spielberg a partir de um argumento de Stanley Kubrick. E não que o longa seja ruim: a questão é que se esperava tanto dele que ficou difícil entregar um resultado à altura. Mas ainda que alguns possam acusar o diretor de ter feito um trabalho sem personalidade ou ainda que o final é excessivo e por demais melodramático, um consenso é certo: a atuação de Haley Joel Osment como o protagonista David, um garoto que apenas queria ser como os outros. O que ele descobre, no entanto, é que esta é uma realidade difícil de ser alcançada. Afinal, ele é um robô, um ser dotado de inteligência artificial e que pode muitas coisas, menos aquilo que é intrínseco ao ser humano. Ou será que não? A resposta pode vir tanto através da mais avançada tecnologia como por um desejo atendido pela Fada Azul. Cabe a cada um decidir a quem escutar: se a razão ou a emoção. – por Robledo Milani

 

Wall-E (2008)
A Pixar já foi conhecida por ser um dos estúdios mais criativos de Hollywood. De animação, então, nem se fala. Pois na sua fase áurea, que não faz tanto tempo, ela investiu em um protagonista fora dos usuais animais falantes e super-heróis sem capa: um robô feito com restos do lixo da humanidade (e que, ironicamente, cuidava deste mesmo lixão que virou a Terra no futuro). Em um terço do filme, Wall-E é a única presença em tela (se não contarmos seu companheiro, uma fiel baratinha que não fala) e faz o espectador se apaixonar em pouquíssimo tempo apenas pelo seu olhar melancólico (graças a um binóculo) e sua esperança em poder dar a mão a alguém, algo que o incessante clássico musical que ecoa em seu videocassete faz questão de lembrar sempre. E não é que aparece alguém feito pra ele? A referência a Adão e Eva é explícita, ainda mais levando o nome da personagem por quem nosso protagonista acaba se afeiçoando. Entre mal entendidos tecnológicos, outros robôs engraçadíssimos e uma mensagem de alerta para o consumo de comida além da conta e a escassez de recursos naturais do mundo, Wall-E é, antes de tudo, uma bela história de amor. E da forma como foi contada, se torna inesquecível para qualquer um que assista. – por Matheus Bonez

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