Data de estreia não divulgada
“Ela varre a calçada como se cuidasse de todo o mundo. A pedra, as flores, a porta, a casa: aquele é o seu domínio. Abraçada na vassoura, dança como se estivesse no teatro municipal. É dona da própria arte, e dela não irá desistir. Mesmo que todos ao seu redor estejam contra si: os vizinhos que não lhe dão crédito, os conhecidos que a tratam como uma alienígena, o governo que não reconhece seu valor. Até sob seu teto é vista com desconfiança, seja pela irmã, que só lhe dá crédito por dela precisar, ou a empregada, que parece pensar que ‘melhor o maluco que está por perto e sob controle do que aquele longe que pode lhe dar dores de cabeça ainda maiores’. Mas quando nada mais parece fazer sentido, será dentro de si o único lugar onde poderá se refugiar em busca de algo perdido no tempo e no espaço. Ela é Pacarrete, e ninguém poderá acabar com seus sonhos. Pois o tamanho deles, apenas ela é quem determina (…) Pacarrete não fala: projeta a própria voz sempre um tom acima. Ela não aparece, se manifesta. Não pede, ordena. O jeito particular de agir é na medida exata para criar um tipo como nenhum outro. Paccarrete é a nova Macabéa, uma Laurita envelhecida, a Querência que um dia ganhou a cidade. Marcélia Cartaxo, no papel da protagonista, mergulha de corpo e alma na pele de uma mulher sofrida, que deixou quem um dia foi para trás quando a família precisou, e agora se agarra com todas as forças na única oportunidade que vislumbra de reviver, nem que por apenas alguns instantes, a glória que já desfrutou”.
:: Confira na íntegra a crítica de Robledo Milani ::
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