Não é de hoje que coadjuvantes adoram roubar cenas nos filmes mais variados. Não à toa eles tem categoria própria em qualquer premiação. No caso das animações em geral, a questão é ainda mais saliente. Afinal, na maioria das vezes eles conseguem ser melhores que os protagonistas. Mesmo que estes já sejam ótimos por natureza, o que qualifica ainda mais as produções nas quais estão inseridos. Um exemplo clássico são os pinguins que atazanam a vida dos protagonistas da série Madagascar e agora tem um título próprio que chega aos cinemas nesta semana. Por isto, o tema do top 10 desta semana não poderia ser outro: afinal, quais são os dez ladrões de cena mais famosos do mundo das animações? Na verdade pode até haver mais do que este número, mas a equipe do Papo de Cinema resolveu contar por participações em franquias, como você confere logo a seguir. Aliás, qual (ou quais) é o seu favorito?

 

Gênio da Lâmpada, da trilogia Aladdin (1993-1996)
Muito antes de termos diversas estrelas dublando personagens em animações, a Disney foi, como de praxe, pioneira com Aladdin, convidando o ator Robin Williams para dar vida a um dos personagens mais adoráveis e malucos dos clássicos animados do estúdio: o Gênio da Lâmpada. O resultado foi estupendo. Williams usou da sua melhor verve cômica para criar um personagem absolutamente apaixonante. Divertido, leal, mágico. São alguns predicados que podemos apontar daquele ser azulão, que não se furtava em canalizar figuras como Robert De Niro, Grouxo Marx, Jack Nicholson, Arnold Schwarzenegger ou Ed Sullivan para fazer comédia. O personagem é tão bom que o filme parece realmente começar quando o Gênio surge. Por problemas nos bastidores, Williams ficou de fora da continuação, O Retorno de Jafar (1994), e do seriado de tevê (1994-1995), sendo substituído por Dan Castellaneta (a voz original do Homer Simpson nos Estados Unidos). Depois de pazes feitas, Robin Williams voltou a encarnar o Gênio no desfecho da trilogia, Aladdin e os 40 Ladrões (1996), mas sem o mesmo sucesso. De qualquer forma, todos vamos sempre lembrar da presença do personagem no primeiro filme, agitando Agrabah e cantando aquelas divertidas canções. – por Rodrigo de Oliveira

 

Timão e Pumba, da trilogia O Rei Leão (The Lion King, 1994-2004)
Hakuna Matata! A mensagem deixada pela dupla Timão e Pumba em O Rei Leão (1994) talvez não seja a mais responsável. “Se o mundo dá as costas pra você, você dá as costas para o mundo” e “os seus problemas você deve esquecer”. Mas é absolutamente o que Simba precisava ouvir naquele momento de tristeza após ter recém perdido o pai em um acidente que, aparentemente, havia sido sua culpa. O suricato esperto e o doce javali são o máximo exemplo de coadjuvantes que rouba a cena em um filme. O Rei Leão ganha em ritmo e diversão a partir da entrada da dupla. Timão é uma metralhadora de piadas, com humor cínico e tiradas rápidas. Pumba faz rir por sua falta de intelecto e seu grande coração. Típica dupla que complementa um ao outro, os amigos inseparáveis fizeram tanto sucesso que ganharam série de tevê, com cinco temporadas (1995-1999), e o terceiro filme da série, O Rei Leão 3 (2004) é centrado na dupla – ou melhor, é a história do primeiro longa sob a ótica dos dois personagens. Nada mau para um pequeno suricato e um robusto javali em um mundo governado por leões, não? – por Rodrigo de Oliveira

 

Burro e Gato de Botas, da quadrilogia Shrek (2001-2010) e O Gato de Botas (2011)
Bons coadjuvantes não faltam nesta série, seja a trupe formada pelo Biscoito da Sorte, os Três Porquinhos, o Lobo Mau de vestido e o Pinóquio de calcinha ou as tresloucadas princesas Bela Adormecida, Cinderela e Branca de Neve. Mas no primeiro Shrek, o Burro (literal e metaforicamente) era quem roubava a cena do protagonista a todo momento com suas perguntas e tiradas toscas, atrapalhações e a dublagem impecável de Eddie Murphy. Não bastasse isso tudo, os produtores da história resolveram que queriam mais. Pois a dupla ganhou um terceiro membro com a adesão do não tão fofinho Gato de Botas em Shrek 2 (2004). Dublado com sotaque latin lover por um inspirado Antonio Banderas, o personagem é o contrário dos seus amigos sob muitos aspectos: sacana, sempre esperto para se aproveitar das situações e com uma leve tendência ao mau caratismo. Tudo fachada, pois ele é mais do que leal, mesmo quando faz aquela carinha de gatinho inocente que encanta a todos. Por sinal, em 2010 ganhou um filme para chamar de seu, que pode não ter rendido as críticas mais positivas, mas diverte além da conta. Agora, só falta o Burro ganhar o seu. Será que vai? – por Matheus Bonez

 

Scrat, da franquia A Era do Gelo (Ice Age, 2002-2012)
Virou quase regra nas animações a existência de, ao menos, um personagem coadjuvante que rouba a cena constantemente, tanto que alguns até ganham filmes-solo. Scrat, da franquia A Era do Gelo, certamente não foi a primeira, mas sem dúvida é uma das mais marcantes dessas figuras secundárias que acabam fazendo até mais sucesso que os protagonistas. O esquilo surge estrategicamente nas transições entre uma sequência e outra, sempre às voltas com sua noz, vitimado por algum infortúnio que acaba lhe tirando esse objeto de desejo. Talvez esteja aí a grande fonte de empatia de Scrat, para além até da expressividade que a tecnologia lhe confere. A gente torce, quer que ele finalmente consiga usufruir da noz, mesmo sabendo que, conforme seu itinerário incontornável, ele está ali apenas para mais uma tentativa frustrada. Scrat é uma espécie de perdedor boa-praça, parente distante dos grandes personagens cômicos do cinema mudo (Chaplin, Keaton, etc.). Assim como eles, é simpático, até certo ponto ingênuo, e geralmente se dá mal. O sucesso deste esquilo pré-histórico é tamanho que A Era do Gelo está muito mais associado a ele do que a qualquer outro. – por Marcelo Müler

 

Dory, de Procurando Nemo (Finding Nemo, 2003)
Ela é desmemoriada, engraçadíssima sabe falar baleiês. Só por isso Dory já rouba a cena por si só. Não bastasse o que ela tem a oferecer, seu divertido rosto azul, com cara de quem está sempre viajando, ganha contornos ainda mais coloridos com a excepcional dublagem de Ellen DeGeneres, uma das mais carismáticas apresentadoras e comediantes norte-americanas. Ela pode esquecer a cada cinco segundos o que falou anteriormente, mas Dory é a grande heroína desta animação da Pixar, uma das melhores do estúdio. Afinal, quem encontra Nemo de fato (mesmo que na hora não saiba quem é)? Não à toa a personagem vai ganhar um filme próprio em 2016, algo mais do que merecido. Será que até lá ela vai lembrar onde fica P. Sherman, 42, Wallaby Way, Sidney? A torcida é que não, ou melhor, que esqueça e volte à memória várias vezes para proporcionar novas e hilárias gags, assim como suas frases inesquecíveis do primeiro longa. E, claro, que ela “continue a nadar, continue a nadar…” – por Matheus Bonez

 

Edna Moda, de Os Incríveis (The Incredibles, 2004)
Depois da obra-prima O Gigante de Ferro (1999), o diretor Brad Bird foi brilhar na Pixar onde realizou logo de cara um dos melhores trabalhos do estúdio em Os Incríveis. Apesar não ser baseado em quadrinhos, é um filme que sem dúvida se coloca entre os melhores de super-herói já realizados, e motivos não faltam para isso. Mas vamos nos ater ao tema do Top e destacar uma das grandes sacadas desta brilhante animação: a personagem Edna Moda. Dublada na versão original pelo próprio Brad Bird, a responsável pelos trajes dos heróis tem poucos minutos em cena ao longo da história, mas esse limitado tempo acaba sendo mais do que suficiente para que ela roube a cena e se torne difícil de esquecer depois que o filme acaba. Inteligente, sarcástica e sem papas na língua, ela é um dos elementos mais divertidos do filme. Não à toa foi chamada para apresentar a categoria de Melhor Figurino no Oscar 2005 ao lado de Pierce Brosnan. Quando esse tipo de coisa acontece, você sabe que um personagem deixou uma bela marca. – por Thomás Boeira

 

Rei Julien, da saga Madagascar (2005-2012)
Rei Julien, principalmente no Brasil com a dublagem do sempre fantástico Guilherme Briggs, é um dos coadjuvantes que rouba a cena em Madagascar – os outros são os pinguins cujo filme solo originou este top. Sempre escoltado por seu mal humorado súdito Maurice, o egocêntrico e excêntrico rei dos lêmures e suas crises de estrelismo dão bastante pano para gags frequentes que não raramente apagam os protagonistas: “põe as mãos pra cima que fica mais divertido” diz ele quando dentro de um avião em queda. Não fosse o suficiente, o personagem que exibe trejeitos afeminados ainda é responsável por performar a música I Like to Move It, que virou hit inclusive na sua versão traduzida. Depois de tanto sucesso, o rei Julien e sua corte de lêmures ganharam espaço num seriado de televisão da Nickelodeon, além de participarem ativamente das tramas das duas continuações de Madagascar. – por Yuri Correa

 

Mate, da franquia Carros (Cars, 2006 e 2011)
Carros (2006) e sua sequência, Carros 2 (2011), são protagonizados por Relâmpago McQueen, um carro de corrida tão veloz quanto prepotente que aprenderá nas estradas algumas verdades a respeito da vida. Em seu entorno há uma série de personagens secundários com características bem marcadas que aludem ao universo automobilístico – vide a dupla aficionada pela Ferrari que fala italiano macarrônico. Mas nem um coadjuvante é tão carismático quanto Mate, o caminhão reboque de impagável sotaque caipira. Sua ingenuidade é contrabalanceada pelo senso de companheirismo que, lá pelas tantas, acaba conquistando o carinho do protagonista cosmopolita que só pensa em ser o maior carro de corridas, em vencer, ficar famoso, rico, essas coisas. Mate é seu contrário, pois precisa de pouca coisa para ser feliz. Para ele, a amizade é o bem mais precioso. Claro, por sua natureza atrapalhada ele é responsável por boa parte das sequências de humor nos filmes, sobretudo no segundo, quando curte uma de espião, com direito a traquitanas típicas do mundo de 007 e tudo. Sem dúvida, Mate é uma dos principais motivos de sucesso da franquia Carros. – por Marcelo Müler

 

Minions, da série Meu Malvado Favorito (Despicable Me, 2010 e 2013)
O que são eles? Seres amarelos donos de uma pronúncia incompreensível e extrema agilidade, possuem tamanho diminuto e composições variadas: enquanto a maioria se veste com macações, alguns tem cabelo, outros possuem apenas um olho. Em comum, no entanto, uma incrível vontade de… bagunçar! Parecem crianças ensandecidas, agitadas e sempre prontas para tirar sarro – da cara do próximo, do chefe da turma ou mesmo do inimigo que devem combater. Mistura de alienígenas (a teoria corrente mais provável) com produtos à lá Frankenstein produzidos em laboratório (uma possibilidade até aventada, porém descartada pela maioria), os Minions estão para servir Gru, o vilão protagonista de Meu Malvado Favorito (2010). Eles voltaram na sequência de 2013 ainda mais aloprados, e o sucesso foi tamanho que ganharam um longa apenas para eles, que estreia nos próximos meses. Pelos que os trailers dessa nova produção já adiantaram, os maluquinhos amarelos são muito mais antigos do que imaginávamos e provocaram tantas confusões que suas histórias se misturam com a própria origem da humanidade. Isso, sim, é saber roubar a cena! – por Robledo Milani

 

Olaf, de Frozen: Uma Aventura Congelante (Frozen, 2013)
Dos poderes da Rainha Elsa e das neves de Arendelle surge o boneco de neve Olaf. Oferecendo abraços quentinhos e levando tudo que é dito ao pé da letra, o personagem, dublado no Brasil pelo comediante Fábio Porchat, é um dos mais carismáticos dos estúdios Disney dos últimos anos e vai bem além de um alívio cômico em Frozen: Uma Aventura Congelante. Contraditório, Olaf é apaixonado pelo calor, tanto que o seu número musical no filme, que lembra um tanto de Fred Astaire e Gene Kelly, o boneco canta sobre o seu sonho de experimentar o verão. Conselheiro de Anna nos momentos finais, o personagem ainda tem uma das mais incisivas falas do filme, colocando a importância da relação entre as irmãs protagonistas. Aliás, se Olaf sonha com o verão, nós ficamos aqui sonhando com um filme solo do boneco de neve. Fica aí o nosso conselho para os estúdios Disney. – por Renato Cabral

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