Pintou convite! E o Papo de Cinema, outra vez, invadiu um set do cinema brasileiro. Desta vez, nem foi preciso montar plano logístico. Isso porque a própria produção de Uma Carta para Papai Noel nos recolheu na redação para acompanhar um dia de gravações do novo filme de Gustavo Spolidoro. Estrelado por nomes conhecidos do audiovisual nacional, o projeto, filmado no Rio Grande do Sul, apresenta uma história natalina modernizada, que deve estrear no Natal de 2023. Ficou curioso? Pois abaixo temos uma ideia do que esperar por conta da sinopse divulgada pela assessoria:
“Papai Noel está em crise: esqueceu sua infância e se sente abandonado pelas crianças, que não se interessam mais por ele, apenas pelos presentes. Ao receber a carta de Jonas, Noel forma um vínculo especial com o menino órfão e os dois partem em uma jornada em busca do seu passado e do motivo de Jonas nunca ganhar presentes no Natal.”
Os responsáveis por darem vida ao enredo escrito por Gibran Dipp e Spolidoro na tela grande são José Rubens Chachá, Totia Meireles e Caetano Rostro Gomes. Além destes, Polly Marinho e Elisa Volpatto compõem o elenco de apoio.
As locações se instalaram na sede do Parque Científico e Tecnológico da PUCRS, em Viamão. Chegamos ao local por volta das 11h30 e, com o apoio de Aleteia Selonk, produtora do longa, fomos guiados para acompanhar a cena do dia, que compreendia justamente o final do filme. Pois bem, não será o Papo que irá estragar a futura experiência do espectador, não é mesmo? Mas seguimos, pois o almoço, logo em seguida, nos proporcionou um ótimo bate-papo com o responsável pelo comando da empreitada.
Crianças em cena
Segundo o diretor, a ideia da trama surgiu de um questionamento de sua própria filha, Aimée, na infância. Hoje adolescente, a então menina perguntou a ele “o que o Papai Noel faz nos outros 364 dias do ano?” e, além disso, “o velhinho recebe muitas cartas com diversos pedidos; será que alguém lembrou de perguntar se ele está bem?”. A partir dessa dúvida, o roteiro começou a ser desenvolvido. “No filme, teremos um Papai Noel chateado. Mesmo ele sendo um super-herói, pois pode ser considerado um, tem anseios e inseguranças. Ele recebe a carta de um menino órfão que se importa com o estado emocional dele, e tudo muda. Se existe uma moral a ser considerada nessa história é o pensamento mais empático”.
O garoto em questão é Jonas, interpretado por Caetano Rostro Gomes, de oito anos de idade. Sobre trabalhar com crianças, o cineasta comentou que pode ser “complicado” manter o foco de cada uma delas, mas a desconstrução do ego ajuda na atuação. “É difícil impôr aos pequenos uma rotina de filmagens. Eles gravam até certo horário e depois querem brincar, não querem mais ‘trabalhar’. Mas geralmente conseguimos tirar um pouquinho mais do que a paciência deles permite (risos)”, comentou Gustavo. E seguiu: “em contrapartida, é interessante explorar áreas de atuação de um ser humano que ainda não possui vaidades. Você pede aos meninos que chorem, que se assustem, etc, e tudo se torna uma brincadeira”.
Mamãe Noel como você nunca viu
Aproveitando o intervalo pós-almoço, conversamos por volta das 14h com parte do elenco. A primeira a nos receber em seu camarim foi Totia Meireles, devidamente caracterizada para uma espécie de expedição. Além de vestir um macacão, os cabelos da atriz estavam com rolos semelhantes aos da icônica Princesa Leia (Carrie Fisher), da saga Star Wars. Tais características suscitaram curiosidades, e Totia nos ajudou a compreender essa nova Mamãe Noel.
“Essa parceira do Papai Noel aqui não é aquela de cabelos grisalhos, que fica fazendo tricô e sentada na cadeira de balanço (risos). O papel dela, além de ser uma ótima amiga do bom velhinho, é ajudar a facilitar o exaustivo trabalho de fim de ano. Ela é à frente do tempo e tecnológica, possui diversas ferramentas high-tech que são utilizadas para entregar os presentes. O grande barato desse filme é, justamente, promover essa mistura do moderno com o tradicional”. A atriz continuou: “iremos contar a história popular do Papai Noel mesmo, mas conversando com as crianças de hoje em dia. Afinal, qual criança da atualidade que não sabe o funcionamento básico dos itens eletrônicos, não é mesmo?”.
Coadjuvante inspirada em animações
Em seguida, foi a vez de falarmos com Polly Marinho, atriz conhecida por seus papéis cômicos na teledramaturgia. Conforme palavras do diretor, a personagem de Polly transita entre coadjuvantes animados, tais como Burro e Gato de Botas, da quadrilogia Shrek (2001-2010), Dory, de Procurando Nemo (2003), ou Olaf, de Frozen: Uma Aventura Congelante (2013), para citar alguns exemplos. “A ideia é utilizar a capacidade humorística da artista para dar propulsão a história”, definiu Gustavo. Na sequência, Polly disse interpretar “uma ajudante da Mamãe Noel, mas em dado momento essa matriarca sai em uma missão e me joga para o Papai Noel. Geralmente minhas participações contam com trapalhadas e frases de efeitos que visam o riso das crianças. É muito gostoso dar vida a esse tipo de sujeito”.
Sobre integrar uma produção natalina, que desmistifica a figura do Papai Noel e também fala sobre adoção, a atriz vibrou com a inclusão proposta pelos responsáveis. “Estou muito feliz. Trata-se de um filme com vários atores negros, mulheres em posições de comando e crianças com deficiência. Isso é maravilhoso. Eu tenho um carinho especial por essas pautas”.
Construindo um bom velhinho
Por fim, o protagonista, José Rubens Chachá, nos contou sobre a construção de um personagem clássico e de oportunidades de experimentação. “Tanto o roteiro, quanto o diretor, deram uma guinada nesse entendimento de Papai Noel. Mesmo ele sendo tão conhecido, com uma figura clássica que vem lá de trás, feito para uma marca de refrigerantes, é possível complementar para além do homem de barba branca e roupa vermelha. Tentando reverter um pouco esse ‘carimbo’, nosso Papai Noel tem algumas cores diferentes, vestimentas distintas e seu procedimento com as crianças tem uma coisa aventureira e menos sábia”, comentou Chachá.
Em seguida, José Rubens falou sobre o desencanto do personagem para com o feriado que lhe criou. “É sempre bom trazer um pouco de revisão ao antigo. Nosso Papai Noel está meio depressivo, não enxerga mais o Natal como antigamente e procura na inocência dos pequenos um sentido para seguir. O resultado tem tudo para ficar muito bonito. Acho que agradará crianças e adultos”, completa o ator.
Hora de dar tchau
Por volta das 17h, demos por encerrada a nossa visita, não sem antes agradecer à produtora Aleteia Selonk, que reforçou futuras convocações para o Papo de Cinema em outros sets. Gostaríamos de agradecer também a Okna Produções e a Sinny Assessoria pelo convite. Ah! E fiquem ligados para, em breve, mais informações sobre o filme.
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