INDICADOS
- Barry Jenkins, por Moonlight: Sob a Luz do Luar
- Damien Chazelle, por La La Land: Cantando Estações
- Denis Villeneuve, por A Chegada
- Kenneth Lonergan, por Manchester à Beira-Mar
- Mel Gibson, por Até o Último Homem
Há diretores maiúsculos que nunca ganharam um Oscar. Alfred Hitchcock, Stanley Kubrick, Arthur Penn, Sidney Lumet, Ernst Lubitsch, Howard Hawks, Sam Peckinpah, David Lynch e Robert Altman são alguns deles, só para mencionar exemplos dos que trabalharam, em algum momento ou prioritariamente, sob a égide de Hollywood. A própria história da premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas denuncia seu caráter injusto, mais que isso, a influência de outros fatores, uns circunstanciais, outros nem tanto, para a definição dos triunfantes. De qualquer maneira, Melhor Direção é uma estatueta das mais “pesadas” no currículo de todo cineasta vencedor, uma láurea perseguida por muitos. Basta lembrar a festa que os amigos George Lucas, Steven Spielberg e Francis Ford Coppola fizeram quando, finalmente, Martin Scorsese levou para casa o seu Oscar, por Os Infiltrados (2006).
Neste ano, o time de concorrentes é bastante variado, com os jovens Damien Chazelle e Barry Jenkins à frente dos demais na disputa. Eles podem ser considerados símbolos de uma renovação almejada, Chazelle pela flagrante habilidade, revelada anteriormente em Whiplash: Em Busca da Perfeição (2014), e Jenkins não só pelo talento similar, mas igualmente em virtude da maneira como enfrenta temas socialmente relevantes e urgentes. Denis Villeneuve é, talvez, a bola da vez em Hollywood, visto que está na dianteira da esperada sequência de Blade Runner: O Caçador de Androides (1982), a ser lançada ainda em 2017, e acaba de ser anunciado como o homem forte da nova versão cinematográfica de Duna, o livro de Frank Herbert. Já o também ator e roteirista Kenneth Lonergan, enfim, se estabelece no meio com um filme cheio de predicados. Fechando a lista, o veterano Mel Gibson, voltando aos holofotes, depois de uma série de polêmicas que o ameaçaram de ostracismo. Bom, vamos aos prognósticos.
FAVORITO/TORCIDA: Damien Chazelle, por La La Land: Cantando Estações
Neste Oscar vai ser uma zebra daquelas se Chazelle não ganhar a estatueta de Melhor Direção. Ele já venceu o Globo de Ouro e, o que é mais importante em se tratando da festa do dia 26, o reconhecimento do Sindicato dos Diretores dos Estados Unidos (DGA, na sigla em inglês). Sua provável vitória no Oscar coroará uma carreira, embora ainda curta, bastante exitosa, senão vejamos. Seu primeiro longa-metragem, Whiplash: Em Busca da Perfeição, foi recebido como uma lufada de originalidade pela indústria, catapultando seu nome ao rol daqueles novatos a quem se deve prestar bastante atenção. O sucesso, aliás, o permitiu tirar do papel, com liberdade de criação, a ideia antiga de um musical ambientado em Los Angeles. Ganhar o Oscar seria (será?) a cereja do bolo, a consolidação de seu nome nos Estados Unidos. Nota de rodapé: recentemente, o grande William Friedkin (O Exorcista, 1973) disse que considera Damien Chazelle o futuro do cinema norte-americano. Definitivamente, não é pouca coisa.
AZARÃO/TORCIDA: Barry Jenkins, por Moonlight: Sob a Luz do Luar
Não se trata exatamente de ficar em cima do muro, embora se trate, entenderam? A nossa torcida também vai para Barry Jenkins, uma das gratas surpresas que a temporada de prêmios evidenciou. Já com seu segundo longa-metragem – o primeiro foi Medicine for Melancholy (2008) – ele apresenta credenciais para ser considerado uma promessa de futuros êxitos. A julgar por esses dois exemplares, podemos esperar narrativas repletas de contradições sociais em meio a um realismo impregnado de ludicidade. Se cinematograficamente Jenkins se coloca mais que apto para vencer, simbolicamente seria emblemático ver um diretor negro subir ao palco para ser homenageado, sobretudo após as polêmicas do ano passado que deram conta da ausência de afrodescendentes entre os postulantes ao maior destaque de Hollywood. Aliás, uma curiosidade, Jenkins é apenas o quarto diretor negro indicado, antes dele vieram John Singleton, em 1992, por Os Donos da Rua (1991), Lee Daniels, em 2010, por Preciosa: Uma História de Esperança (2009), e Steve McQueen, em 2014, por 12 Anos de Escravidão (2014).
ESQUECIDO: Paul Verhoeven, por Elle
A gente sabe que ele não tinha muitas chances, afinal de contas a Academia dificilmente designa para a categoria de Melhor Direção alguém que fez um filme falado em língua não inglesa. Mas, poxa, Verhoeven não apenas fez o melhor longa de 2016 – ignorado inexplicavelmente como postulante a Melhor Filme Estrangeiro – mas tem uma ficha corrida de importantes serviços prestados a Hollywood, o que poderia ter contado a seu favor. Ou alguém duvida que realizações como Robocop: O Policial do Futuro (1987), O Vingador do Futuro (1990) e Instinto Selvagem (1992), só para mencionar os sucessos, ajudaram a construir a cara do cinema norte-americano nos anos 1980 e 1990? Verhoeven “contrabandeou” a exposição de temas relevantes e contundentes em meio a narrativas aparentemente prosaicas, embora carregadas de uma violência muito longe da banalidade. Especificamente em Elle, ele dispõe de toda a sua caixa de ferramentas, mostrando porque é um dos grandes diretores em atividade. Não indica-lo entre os cinco – e ele caberia, fácil, na vaga de Mel Gibson – é um desserviço sem tamanho.
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