Os problemas começam já no título: a tradução correta seria “A Guerra pelo Planeta dos Macacos”, dando a entender que os macacos inteligentes iriam entrar no embate definitivo – já anunciado no longa anterior – com os humanos remanescentes. Isso no entanto, não passa do prólogo do longa dirigido com acanhamento por Matt Reeves. Na maior parte do tempo, o que vemos são homens contra homens, e os macacos um tanto perdidos no meio deste conflito, buscando como se livrar dessa ameaça da forma mais discreta possível – não teria sido melhor batizar como “A Fuga do Planeta…”? Outra questão incômoda são as referências. Ok, entendemos que o Coronel que enlouquece por um trauma pessoal vivido por Woody Harrelson é calcado no personagem de Marlon Brando de Apocalypse Now (1979) – mas precisava reiterar essa relação a todo momento, com trilha sonora, cortes de cabelo e até o nome escancarado da ‘inspiração’ (ou seria cópia?) numa parede? Enfim, sutilezas não são o forte do realizador, e isto é fato. Mudanças de perfil que não se sustentam – ou alguém achou crível o gorila que, apenas na última hora, resolve mudar de lado? – e outros completamente deslocados – o alívio cômico é tão insuportável e infantil a ponto de usar um binóculo ao contrário e dizer: “nossa, como eles são pequeninos”! Isso é engraçado? Pra quem? – se somam a outros sem função – a menina perdida exibida no pôster tenta encaixar a trama nessa onda recente de empoderamento feminino, emulando a presença da criança no recente – e muito superior – Logan (2017), mas tudo que consegue é resultar em um pastiche desastrado. Enfim, com um vilão que não chega a se justificar, resumindo-se a uma ameaça branda que não se concretiza – seu final é risível – e um enredo intimista que em nada se conecta com a magnitude prometida, este é, de longe, o mais descartável dos três títulos dessa nova franquia.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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