Uma das maiores produções do cinema brasileiro em 2013, a adaptação do romance clássico de Erico Verissimo chegou às telas nacionais há menos de um mês causando reações diversas. Enquanto que gaúchos – região onde a trama de O Tempo e o Vento se passa – se emocionam ao verem sua terra e suas histórias sendo defendidas por astros de renome numa obra de impressionante competência técnica, outros espectadores do resto do país parecem não ter embarcado no filme de Jayme Monjardim com o mesmo entusiasmo, apontando o ritmo apressado do desenvolvimento da trama e o excesso de melodrama como suas principais falhas. E é justamente por isso que o Papo de Cinema escolheu esse título para o Confronto dessa semana, num debate entre Robledo Milani – na defesa – e Renato Cabral – no ataque – ambos expondo seus argumentos em até 200 palavras. Confira!
A FAVOR: “Um filme para emocionar, buscando comunicação direta com o público”, por Robledo Milani
Apesar das críticas não terem sido as melhores, Jayme Monjardim levou mais de 3 milhões de espectadores aos cinemas para conferirem seu primeiro trabalho como cineasta, em Olga (2004). E mais uma vez esse cenário parece se repetir em O Tempo e o Vento. O diretor fez um filme para emocionar, buscando uma comunicação direta com o público, e não muito preocupado com discussões teóricas ou subtextos sociais. Como todo bom contador de histórias, ele mais uma vez consegue seu intento fazendo uso de uma competente fotografia – cortesia do hollywoodiano Affonso Beato – e de grandes nomes no elenco, com destaque principalmente a Thiago Lacerda e a Fernanda Montenegro. E, claro, ao bom uso que faz do texto de Erico Verissimo, um dos pilares da literatura nacional. Muitas das reclamações que o filme vem recebendo possuem certo fundamento, mas os mais 200 mil brasileiros que lotaram as salas de exibição na primeira semana do filme em cartaz não podem estar tão errados. O Tempo e o Vento chega aos cinemas disposto a conquistar os corações da plateia, e neste ponto o resultado é extremamente positivo.
CONTRA: “O que deveria ser dramático, por vezes se torna cômico”, por Renato Cabral
Condensar o primeiro volume de O Continente, de Érico Veríssimo, em apenas duas horas de filme é uma missão e tanto, e nesse aspecto devemos tirar o chapéu para Jayme Monjardim e sua equipe. Porém, com isso, O Tempo e o Vento se mostra tão raso quanto um riacho no qual Ana Terra encontra Pedro Missioneiro. E é difícil não apontar os erros, que vão além dos acertos. O exagero que cabe bem em uma produção épica e melodramática, aqui desanda e já começa pela péssima composição de planos e enquadramentos. Afinal, ambos, como linguagem cinematográfica, trazem informações que auxiliam no desenvolvimento da história, mas o que encontramos na produção é uma junção de fotos lindíssimas e tão assépticas que resultam no belo pelo belo, tornando a reconstituição de época quase anacrônica. A edição é problemática e ainda associada à trilha sonora, o que cria momentos estranhos. O que deveria ser dramático, por vezes se torna cômico. Mas não tanto quanto um filme que busca elevar a cultura gaúcha terminar com uma música cantada em inglês por Maria Gadú. Que barbaridade, tchê!
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Eu, que tenho o olhar de quem simplesmente foi assistir ao filme, não o olhar de crítico de cinema, me emocionei demais. Talvez por já ter lido e gostar muito de O Continente, eu tenha visto o filme com melhores olhos. A música em inglês me incomodou um pouco, confesso, mas pensando melhor entendi que não se trata de um filme pra gaúcho ou brasileiro ver, é um filme pro mundo; se o filme fosse meu, não colocaria a música, mas não é algo imperdoável. Vi mais acertos que erros. É uma história enorme que ficou muito bem condensada através da narração da Bibiana (recurso que, se não fosse usado, dificultaria tudo ainda mais). Fotografia linda, trilha sonora emocionante, atores competentes. Recomendo muito o filme porque, apesar de não ser perfeito, é ótimo ver uma produção nacional tão poderosa.